sexta-feira, 21 de junho de 2013

Qual é o seu protesto?

Qual é o seu protesto?

Basta um pouco de informação, ou a leitura do jornal de ontem para saber o que esta acontecendo hoje, pois os acontecimentos de hoje se repetem há vários dias.
Existe um sentimento lá fora, existem pessoas com bandeiras Brasileiras, existem pessoas brigando contra aumentos abusivos nos transportes, brigam com as caras pintadas de verde e amarelo brigam como brigaram em 1992 para derrubar um presidente que usava camisetas com frases de efeito, era jovem e iria mudar o jeito de se fazer politica.
Brigam porque no ano de 2012 o Brasil era emergente. Sim emergente de emergir, subir ascender, mas não emergiu.
Não emergiu porque de lá pra cá muita coisa se passou.
Dinheiro na cueca, máfia da previdência, desvio de verbas publicas, administrações obscuras e cinzas e mensalão são apenas alguns dos capítulos mais recentes da novela Brasil.
O mensalão é tão recente que o conchavo, rabo amarrado e jeitinho brasileiro de fazer politica ainda nos proporcionam a visão de condenados com provas factuais e irrefutáveis tomando posse em cargos públicos do alto escalão, inclusive a presidência do senado federal.
Existe um sentimento lá fora, que não será pago com R$ 0,20.
Existe algo lá fora que grita sobre corrupção, que fala de educação saúde, direitos e deveres. Fala da farra com dinheiro publico, fala da fome e da péssima qualidade de vida.
Fala de um sistema que mascara os índices de analfabetismo, de pacientes sem leitos, sem médicos e sem respeito.
Existe um questionamento no ar sobre copas, bolas, orçamentos milionários e olimpíadas.
Existe a velha guarda que enfrentou a ditadura militar, que ouviu Caetano e Chico Buarque e que agora se une a esse sentimento que esta lá fora.
Acredite ou não pessoas foram torturadas e exiladas, mas a liberdade e democracia que era exigida ainda é a mesma.
Digo que as exigências são as mesmas porque nossa liberdade de expressão é um documento de segunda via sem autenticação envolvida em papel manteiga, tão frágil e tênue como nosso patriotismo, digo isso porque naqueles tempos músicos, escritores, jornalistas, professores e todo tipo de gente que se manifestasse corria o risco de sumir do mapa, corria o risco de virar queima de arquivo.
É claro que hoje todo tipo de putaria é permitido, seja na musica, na TV, no humor tudo é válido, e é válido porque descobriram que isso pode manter as mentes ocupadas e o processo de ser gente funcionando como uma linha de produção como em tempos modernos de Chaplin.
Nasça, chore, cresça, sirva ao seu país, reclame das condições, veja sua novela, coma seu arroz com feijão, ouça sua musica sem nexo, aperte alguns parafusos para ganhar dinheiro, pague seus impostos, vote sem se preocupar em conhecer politica e vá dormir tranquilamente em berço esplendido sem se esquecer de pagar as parcelas do caixão.
Existe algo acontecendo lá fora. Será bom? Será mal?  
Saquearam, quebraram, queimaram e depredaram. Dizem que alguns cobrem o rosto, a mídia diz que quem não deve e possui motivos nobres não tem o que temer afinal balas de borracha e spray de pimenta no dos outros é refresco.
Dizem que é culpa da policia, mas ai a policia fez biquinho e deixou o pau comer.
Existe gente séria lá fora.
Existe também apenas gente querendo uma foto pras redes sociais. Seria o bem e o mal se confrontando?
Quem é vândalo e quem é herói?
Existem gays envolvidos? Porque se existem Marco Feliciano (PSC-SP) pode resolver isso com a cura gay.
Qual será o próximo passo? Golpe de estado? Uma nova versão da ditadura militar?
Uma coisa ficou provada, os engravatados que se escondem atrás de mesas opulentas de madeira de lei cagam de medo dessas coisas.
Deve ser realmente muito constrangedor ver uma turba que deveria estar quieta, pagando seus impostos e vivendo suas vidas pacatas de rebanho treinado batendo a sua porta para te dizer que um gigante acordou e que vai chover merda na sua varanda.
Aprovo, sei que as opiniões divergem, sei que nem tudo é pacifico, sei que nem toda exigência é legitima, mas aprovo, pois a democracia passa pela diferença, pelo entendimento e pela discussão.
Democracia e construída com incomodo, cobrança e atitudes concretas.
Ninguém sabe sobre os próximos capítulos, nem eu, nem os jornais, nem os sociólogos, nem os analistas políticos, muito menos a mãe Diná.
O que sei e desejo, é que esse gigante desperte, mas desejo também que não caia sonolento pelo meio do caminho. Desejo o que todos desejam um BRASIL melhor.
Devemos entender, no entanto, que esse Brasil melhor precisa acontecer todos os dias sob o olhar vigilante de seus verdadeiros donos – O Povo.
A demagogia, os discursos prontos e as promessas de dias melhores, podem ser um cafuné nesse gigante que pode voltar a dormir.
Os partidos políticos invadem as emissoras, e entre um protesto e outro dizem de quem é a culpa, dizem que seus partidos são diferentes e apoia a mudança, um jeito no mínimo estranho de apoio – Lá na minha terra o nome disso é conflito de interesses.
Quem esta no poder também se pronúncia e apoia, afinal seria suicídio fazer o contrário.
Nossa presidenta disse que aprova o que viu, aprova a voz do povo, só faltou completar o clichê dizendo que a voz do povo era a voz de Deus, afinal a galera do poder adora esse tipo de discurso. Disse que esse era o recado do povo contra a corrupção.
Parabéns dona Dilma, mas a pergunta de um milhão é: Se apoia, porque não dá o exemplo? Afinal como filhos obedientes e educados esperamos que os exemplos venham de cima para baixo.
Brasil gigante, terra do samba e do futebol, país de bundas fartas cabeças tortas e novelas de conto de fadas.
Brasil do carnaval em fevereiro e da pizza nossa de cada dia.
Brasil gigante da maracutaia e do turismo sexual, acorde, mas acorde para todo o sempre, sofra de insônia e quando acordar chacoalhe seus filhos.
E ai? Vai para rua hoje?
Lute por justiça, lute pela igualdade e dignidade, lute por saúde, educação, respeito e transparência, mas se você sair das ruas assim que uma nova edição do BIG BROTHER BRASIL ou de A FAZENDA começar, acredite esse gigante não estará tão desperto assim.


P. J.