sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Contagem Regressiva

Contagem regressiva.

10 – Não lamente, apenas tente novamente.
9 – Não faça mil promessas que sabe que não vai cumprir.
8 – Não gaste todo seu decimo terceiro, esperando que o ano novo seja novo porque suas roupas também o são.
7 – É um tempo fantástico esse ano novo, as esperanças se renovam, os sonhos acordam e parece que tudo se faz possível, porém se no ano novo é assim, tente sentir e viver um pouco deste sentimento em todos os outros 364 dias deste ano que é todo seu.
6 – Pule ondas, faça uma oração, coma lentilhas, veja os fogos, beba champanhe e seja feliz.
5 – O ano novo funciona como uma injeção de animo use essa injeção para dar continuidade aquele projeto esquecido, aquele problema mal resolvido e aquele tempo mal vivido.
4 – Não se esqueça que este ano novo vive dentro de você, das suas atitudes, do bem que você pratica, dos sonhos que você torna realidade ou ajuda a construir.
3 – Junte seus amigos sua família e comemore, mas lembre-se de juntar a família e os amigos durante o ano todo.
2 – Mude seus conceitos e suas ideias, afinal nada como um ano novo para nos fazer pensar de maneira nova.
1 – Estoure seu champanhe, estoure uma gargalhada, reflita, respire fundo e...
0 -... Feliz ano novo.

O que desejo a todos aqueles que amo, fica explicito nesta musica que fala do básico.
Porém sabemos que às vezes o básico é quase tudo.

Djavan

Composição: Djavan / Gabriel O Pensador

Não vá levar tudo tão a sério
Sentindo que dá, deixa correr.
Se souber confiar no seu critério
Nada a temer
Não vá levar tudo tão na boa
Brigue para obter o melhor
Se errar por amor Deus abençoa
Seja você

No que sua crença vacilou
A flor da dúvida se abriu
Vou ler a carta que o Biel mandou
Pra você, lá do Brasil:

"Eles me disseram tanta asneira, disseram só besteira
Feito todo mundo diz.
Eles me disseram que a coleira e um prato de ração
Era tudo o que um cão sempre quis
Eles me trouxeram a ratoeira com um queijo de primeira
Que me, que me pegou pelo nariz.
Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas
E disseram para eu ser feliz

Mas como eu posso ser feliz num poleiro?
Como eu posso ser feliz sem pular?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro,
Se ninguém pode ser feliz sem voar?

Ah, segurei o meu pranto para transformar em canto.
E para meu espanto minha voz desfez os nós
Que me apertavam tanto
E já sem a corda no pescoço, sem as grades na janela.
E sem o peso das algemas na mão
Eu encontrei a chave dessa cela
Devorei o meu problema e engoli a solução
Ah, se todo o mundo pudesse saber.
Como é fácil viver fora dessa prisão
E descobrisse que a tristeza tem fim
E a felicidade pode ser simples como um aperto de mão
Entendeu?

É esse o vírus que eu sugiro que você contraia
Na procura pela cura da loucura,
“Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia.”

P.J. S

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A Carta.

A carta.

A carta chegou a minhas mãos em um dia qualquer, numa tarde qualquer.
A carta não possuía selo postal, não tinha remetente e muito menos carimbo.
A carta não trazia cartões de credito ou contas.
Ao abrir a carta, me deparei com uma folha em branco.
Nada escrito, nenhuma imagem e nenhum logo tipo.
No campo reservado para o nome do destinatário lia-se: Para você.
Isso me deixou em duvida, pois aquela carta poderia ser para qualquer outra pessoa.
Por alguns instantes fiquei ali, sentado observando aquela carta sem remetente e sem palavras.
Seria uma ameaça?
Imaginei que não, pois não tenho tantos inimigos assim.
Seria um convite?
Descartei esta hipótese, pois como poderiam te convidar para alguma coisa ou para algum lugar, sem fornecer um endereço?
Guardei a carta.
Fui viver minha vida, mergulhei no cotidiano como todo mundo faz, mas todo mundo em algum momento para, reflete e se faz perguntas, sejam elas complexas ou simples.
Nesses momentos de indagação, eu me dirigia até aquela gaveta e segurava a carta em minhas mãos.
Fazia isso como se esperasse que a qualquer momento, letras magicas surgissem daquele papel.
Guardei a carta.
Falei com alguns amigos sobre a carta.
A reação de meus amigos foi a mesma que a minha. Incredulidade.
Quem se daria ao trabalho de sair por ai enviando cartas sem remetente, ou sem conteúdo?
Guardei a carta, mas não seu conteúdo.
Resolvi carregar aquele papel em branco comigo.
É claro que me senti ridículo, não é todo dia que um homem com trabalho, filho para criar e responsabilidades resolve sair por ai com uma folha em branco que não sabe nem mesmo de onde ou de quem veio.
Guardei a folha.
Resolvi escrever na folha.
Escrevi o que via minhas impressões do mundo, escrevi coisas que tinha feito e coisas que desejava fazer.
Guardei a folha.
Peguei uma nova folha em branco, pois gostei da experiência de carregar uma comigo para fazer minhas observações do mundo e sobre mim mesmo.
Depois de aproximadamente um ano do ocorrido, eu e Roberto Silva um grande irmão, estamos sentados em um restaurante almoçando.
A conversa é sobre sua faculdade de jornalismo, ele me fala sobre suas três paixões, sua faculdade, sua esposa Clarice e sua filha de quatro anos Beatriz.
Falávamos de uma viagem que ele fez a Espanha.
Ele me disse que anos antes tinha escolhido o nome de sua filha, por conta desta viagem.
Fiquei um pouco confuso, pois a historia não batia. Afinal a filha dele já estava com quatro anos, ele viajou no mês passado. Como podia então ter escolhido um nome para sua filha há quatro anos, baseado em uma viajem que fez no mês passado?
Roberto me perguntou se eu sabia o significado do nome Beatriz.
Eu disse que sim, pois escrevendo algumas coisas me familiarizei um pouco com o latim.
Beatriz significa aquela que faz os outros felizes, respondi.
Exato me disse Roberto.
Agora vou te explicar com mais detalhes – me disse Roberto.
Fiz esta viagem para uma pesquisa da faculdade, mas a pesquisa foi uma tremenda desculpa, pois a viagem envolvia estudantes de Bacharelado em História.
Não tinha muito a ver com Jornalismo, mas tinha a ver comigo.
Viajamos para os mosteiros de Cister na Espanha.
Você conhece o local? – Me perguntou Roberto.
Sim, eu disse. O lugar é lindo cheio de verde e plantações de vinhas.
Os três mosteiros são da ordem de Cister que foi fundada na França.
Os três mosteiros são: Santes creus – Santa Maria de Poblet e Vallbona de les Monges.
Exato disse Roberto.
Já faz cinco anos que recebi uma carta – disse-me Roberto.
Achei tudo muito estranho, a carta não tinha selo, remetente ou carimbo. Tudo que veio com a carta foi uma folha em branco.
Eu não deixei transparecer, mas conhecia aquela historia.
Roberto prosseguiu – Eu não dei muita atenção ao fato, mas escrevi algumas coisas naquela folha, todas as vezes que escrevia um nome vinha a minha mente – Beatriz.
Não sei por que, mas prometi a mim mesmo que se um dia tivesse uma filha seu nome seria este.
Meses depois do ocorrido, estava procurando livros em um sebo, descobri um livro que falava sobre as lendas e folclore da Espanha, uma das lendas falava sobre os anjos que protegiam os doze lugares sagrados do mundo.
A lenda conta que os anjos protetores escreviam pergaminhos e jogavam na terra.
Os pergaminhos por sua vez vinham em envelopes, porém estes envelopes não tinham nada escrito, estas folhas de pergaminhos não tinham nada escrito.
Os anjos guardiões jogavam suas cartas contra o vento e deixavam o acaso e o vento escolher para onde as levariam.
A lenda diz, que se um dia recebermos uma carta sem remetente, sem palavras e sem carimbo e porque estamos recebendo um convite dos anjos guardiões para conhecermos um dos doze lugares sagrados da terra.
A carta também pode significar que você deve construir este lugar sagrado, que pode ser seu pico de paz, sua casa, seu casamento, seu trabalho etc...
A lenda conta que quando escrevemos em um papel em branco, estamos construindo o futuro, de acordo com nossas expectativas, e foi por isso que sempre quis fazer esta viagem, quando saímos da contramão da vida para conhecer lugares tranquilos e cheios de paz, é como se algo se renovasse em nossas vidas.
Entendeu agora porque Beatriz?
Olhei para beatriz que ao lado do restaurante brincava em uma piscina de bolinhas.
Beatriz me olhou com seus olhos gigantes e pretos, me deu um sorriso daqueles sorrisos que conhecemos bem.
Olhei para meu irmão Roberto e disse:
É claro que entendi.
Afinal o que é a vida, se não uma grande folha branca onde escrevemos nosso caminho?
O que seria o mundo sem Deus?
Ou o que seria o mundo sem a nossa fé?
O que seria o mundo sem os anjos que Deus nos envia?
O que seria nossa vida se não pudéssemos contemplar anjos que brincam em piscinas de bolinhas?

P.J. S

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Questões.

Questões.

O que te faz levantar da cama?
O que te faz mandar flores, pra quem você ama?
Qual é a fé que te movimenta?
Qual é a coisa que você não conseguiu, mas ainda tenta?
Com quantos meses você começou a andar?
Com quantos anos começou a sonhar?
Qual é a sua cor predileta?
Quantos tombos levou aprendendo andar de bicicleta?
Qual é o seu desejo inconfessável?
O que você gosta de comer?
Quem você gostaria de rever?
Você ainda consegue desejar?
Existe alguém que queira beijar?
Doce de abóbora com coco ou queijo com goiabada?
Filosofia ou poesia?
Dama o xadrez?
Já chegou lá ou esta esperando sua vez?
Você ganha dinheiro para gastar, ou gasta dinheiro para ganhar?
Você é consumidor ou esta sendo consumido?
Sonho ou pesadelo?
Amor ou desespero?
Qual foi a ultima canção que ouviu?
Simplicidade ou dificuldade?
Pensar antes de agir, ou pensar enquanto age?
Qual foi o ultimo livro que leu?
Qual foi a ultima coisa que prometeu?
Cumpriu?
Estudar para ser alguém?
Ser quem depois de estudar?
O diploma te confere uma nova personalidade, ou sua personalidade muda enquanto você estuda?
Um gato no tapete, um cachorro no quintal ou animais num zoológico?
Nietzsche ou Confúcio?
Madre Tereza ou Gandhi?
O que te faz pensar na vida?
Qual é a dor que você lamenta?
Qual é a força que te sustenta?
Qual é a perca que você ainda não aceitou?
O que é que deveria mudar, mas ainda não mudou?
Será que muda?
Tênis ou sapato?
Tentar de novo, ou jogar tudo para o alto?
O que te faz sorrir?
Quem te faz sorrir?
Bíblia sagrada ou alcorão?
Ioga ou meditação?
Qual foi o seu maior pecado?
Qual foi sua maior vitória?
Acredita em destino ou constrói o seu?
Qual foi a maior mentira que já contou?
Qual é a recompensa que você espera?
Aceita que as coisas não vão bem ou mantem as aparências?
Qual é seu palavrão preferido?
Se fosse contar uma historia agora, qual seria?
Qual é a sua fruta preferida?
Qual é a coisa mais gostosa, mas que é proibida?
O que faz seu coração bater mais forte?
Quem você iria buscar agora?
Quem deixaria para trás?
Tem tempo de sobra, ou já gastou de mais?
Gastou com o que?
Valeu a pena?
Você se conhece?
Galileu ou Copérnico?
Flores ou plantas?
Bem ou mau?
Deus ou o Diabo?
Direita ou esquerda?
Zona de conforto, ou Zona de guerra?
Você luta por aquilo em que acredita, ou ainda esta buscando algo em que acreditar?
Mudar com o tempo ou se deixar levar pela maré?
Mudar de opiniões ou deixar o tempo te mostrar qual é?
Perguntar, pensar, viver, chorar, amar, trepar, gozar, sentir, degustar, cair, levantar, cantar, sorrir, beijar, xingar, voar, deslizar, reclamar, perder, conquistar, sonhar, acordar, pedir, partir, chegar, receber, contemplar, respirar e enfim responder e suspirar.
As perguntas não são para confundir, mas sim para esclarecer.
Responder isso para nós mesmos é um ato de sinceridade. Até porque se não tivermos a capacidade e competência de sermos sinceros para nós mesmos...
...Seremos sinceros com quem?

P.J. S

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Fotos Bonitas.

Fotos Bonitas.

Quando foi que deixamos de acreditar um no outro?
Eu não me lembro em que dia deixei as fotos coloridas, das boas e velhas lembranças se esbranquiçarem e criar mofo.
Sente-se ao meu lado, vamos olhar o álbum da vida.
Veja – Aqui você começou a viver. Essa foto esta em preto e branco, mas seu sorriso coloria tudo em volta.
Eu coleciono fotos da sua época inocente, onde confiar nas pessoas não era um problema.
Lembro-me de uma criança peralta, que dizia que seria bailarina, bombeiro, professora, astronauta, modelo ou médica. Lembro-me de sorrisos ingênuos que dominavam o mundo com perguntas.
Porque o céu é azul? De onde vêm os bebês? Porque não posso brincar na chuva? Porque não posso isso, ou aquilo?
Porque tão cedo deixamos de ser inocente?
Seria porque o mundo é cruel e implacável com sonhadores?
Seria porque descobrimos que o coelho da pascoa não põe ovos?
Seria porque Papai Noel deixa os presentes e vai embora, sem mostrar o rosto, ou porque ele não vai mais as nossas casas e agora fica todo tempo sentado em um trono no shopping Center?
Talvez tenham destruído sua infância, dizendo que todas essas bobagens não existem talvez as pessoas estejam preocupadas com a ceia, talvez o tamanho do peru seja mais importante do que o tal espirito de natal.
Esse espirito nos diz que esse momento é de contemplação e doação ao próximo, é o momento de se fazer um balanço de nossas vidas, pois um novo ano vai começar.
Quando foi que jogamos fora as fotos bonitas de nossas vidas?
Em que ponto do caminho, esquecemos que é mais importante (Ser) do que (Ter)?
Acredite ou não, esse “espirito” deveria fazer parte de nossas vidas todos os dias. Se a questão principal é perdoar, se doar, ajudar e confraternizar com nosso próximo.
Porque precisamos construir uma data para tirar fotos bonitas com a família e os amigos?
As famílias estão acessíveis o ano inteiro, seja por perto, seja através de uma carta, um telefonema ou um e-mail. Pessoas que precisam de um abraço, uma palavra, um amigo ou simplesmente um sorriso cordial nos cercam todos os dias.
É claro que ninguém se aproximará de você dizendo isso.
Aprendemos que precisar dos outros é sinônimo de fraqueza.
Aprendemos que precisamos desconfiar do mundo, para nos mantermos protegidos e intactos.
Quando foi que você tirou sua foto mais bonita? Quem saiu nela junto com você? Ela ainda esta colorida ou já desbotou para vida?
Quando foi a ultima vez que você correu riscos?
O risco de baixar a guarda e se deixar descobrir como você realmente é?
O risco de se apaixonar por algo ou por alguém, sem pensar nos porquês?
O risco de sorrir e sonhar, enquanto te chamam de tolo (a)?
Feliz foto de natal para você.
Espero sinceramente que neste ano, você vá às compras, mas entenda que esse espirito não vem dentro das sacolas.
Não te desejo um feliz natal, afinal esse “feliz” depende mais de você do que do meu desejo.
Não vou te desejar muito dinheiro no bolso, vou te desejar trabalho, afinal sem ele seu bolso estará sempre vazio.
Desejo-te do fundo do coração que no natal, na pascoa, no dia dos pais ou das mães, no ano novo, no dia de seu aniversário, no dia da independência ou da proclamação da republica você seja extremamente feliz.
Desejo que você perdoe e seja perdoado. Desejo que você ame e seja amado. Desejo que você busque e encontre e acima de tudo desejo que você deseje e realize.
Coloque suas fotos bonitas em molduras, jogue fora aquelas nas quais você saiu com cara de sono, ou aquelas onde o grande fotógrafo te pegou desprevenido, guarde com carinho as fotos que te trazem boas lembranças, pois acredite chegará um tempo em nossas vidas que as boas lembranças será um lembrete de que vivemos.
Não espere o espirito de natal te pegar, pois quem precisa pega-lo é você.
Deixe que esse espirito tome conta de você todos os dias.
Acredite não existe perfeição nisso, mas essa fraternidade, essa campanha pelo amor coletivo vale apena. Se esta data nos diz para sermos melhores, mais pacíficos, mais irmãos, mais doadores então que seja natal todos os dias.
Porém se este natal só acontece para você uma vez por ano, você precisa de novas fotos.
Espirito, amor, sentimento, compaixão, fraternidade e doação são coisas invisíveis que carregamos dentro de nós.
Entenda que tudo de bom ou ruim construído pelas mãos dos homens, antes de ser palpável e visível era uma “ideia”. É justamente por isso que dizemos que o poder das pessoas mora em seus corações e em seu cérebro.
Pois somos feitos de ideias, sentimentos e sonhos.
Eu já vi homens construírem armas, vi homens conquistarem impérios, vi homens construírem maquinas e vi homens descobrirem a cura.
Li sobre homens que eram gênios, mas foram expulsos da escola. Chorei quando ouvi a nona sinfonia de Beethoven, mas sei que quando ele a compôs já estava surdo.
Por mais que façam caras e bocas, nenhum humorista dos dias atuais me faz rir como Chaplin, o mais engraçado de tudo isso é que ele não abria a boca.
Observei quadros da renascença, li clássicos da idade média, vi homens derrubarem muros e chegarem até a lua.
Acredite antes de isso tudo acontecer, esses acontecimentos foram trabalhados e processados no campo das ideias e dos sonhos.
Vi um espirito chamado Natal, que se aproximava e sussurrava nos ouvidos: - Seja melhor ame o seu próximo, lembre-se que muitos não terão ceia de natal, alguns estarão na chuva, outros estarão em asilos ou orfanatos. Lembre-se de se lembrar dos menos favorecidos. Lembre-se das boas ideias que precisam ser colocadas em prática.
Lembre-se de comprar sua maquina para tirar belas fotos e guardar boas lembranças.
Segundo a crença, no natal nasceu um homem que talvez nunca tenha comido peru, mas esse natal simboliza seus ideais de amor, compaixão e paz entre os homens da terra.
Feliz natal, com fotos, sonhos e ideias para você.
Eu já vi muita coisa sendo destruída, mas acredite propague esta ideia.
Coisas boas e bons sentimentos nascem de sonhos e ideias.
Podemos derrubar muros e fazer guerras.
Mas não existe um só homem capaz de destruir sonhos e ideias.
Se algo vale a pena em sua vida, cultive-o de dentro para fora.
Pois o que vive dentro de você é indestrutível.

P.J. S

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A vida já te bateu o suficiente?

A vida já te bateu o suficiente?

Antes de continuar falando sobre o senhor Lobo e os três Porquinhos, eu gostaria de escrever algo dedicado a todos que neste momento estão levando uma surra da vida.
Alguns dias surgem, para serem lembrados para sempre, e é desses dias que quero falar.
Quanto de responsabilidade você deseja?
O que tem feito para não ser apenas mais um passageiro desse planeta?
Acredite você não é o que diz ser, você não realiza sonhos pensando e você não caminha ou chega á lugar algum enquanto estiver parado.
Apanhar da vida, se decepcionar com as pessoas e levar alguns tombos são tão fundamentais para a vida como oxigênio.
Saia do lugar mova-se, mude de atitude e de postura.
Começou? – Termine.
Acha que merece? – Vá buscar.
Caiu? – Levante-se.
As lagrimas caíram? – Quando a dor passar dê um sorriso.
Não gosto de lutas, não gosto de boxe, mas sinceramente busco inspiração em tudo aquilo que vejo e vivo para escrever.
Recentemente assisti ao filme Rocky Balboa - Volume V.
Não sou critico de filmes, nem tão pouco sou cinéfilo, mas admiro bons filmes quando estes me dizem algo, ou carregam mensagens que valham a pena.
O que me chamou a atenção nesse filme foi o diálogo que existe entre pai e filho.
O filho de Rocky esta chateado com o pai, pois o fato de ele ter decidido voltar a lutar, se transforma em motivo de piada.
Seu filho lhe acusa, pois segundo seu ponto de vista, as atitudes do pai interferem diretamente em sua vida.
A resposta de seu pai é uma dessas coisas que precisamos ouvir todos os dias.

(Trecho do filme dublado)
- Você não vai acreditar, mas você cabia aqui. (Mostrando a palma de sua mão)
- Eu segurava você, e dizia para sua mãe:
Esse menino vai ser o melhor menino do mundo, esse menino vai ser melhor do que qualquer um que conhecemos. E você cresceu bom, maravilhoso, foi muito legal ver você crescer, foi um privilegio.
Ai chegou a hora de você ser adulto e conquistar o mundo, e você conquistou. Mas em algum ponto desse percurso você mudou você deixou de ser você e agora deixa as pessoas botarem o dedo na sua cara e dizerem que você não é bom, e quando fica difícil, você procura alguma coisa para culpar, como uma sombra.
Eu vou dizer uma coisa que você já sabe.
O mundo não é um grande arco-íris, é um lugar sujo, é um lugar cruel que não quer saber o quanto você é durão. Vai botar você de joelhos, e você vai ficar de joelhos para sempre se você deixar.
Você, eu, ninguém vai bater tão duro como a vida, mas não se trata de bater duro. Trata-se de quanto você aguenta apanhar e seguir em frente, o quanto você é capaz de aguentar e continuar tentando.
É assim que se consegue vencer.
Agora se você sabe o seu valor então vá atrás do que você merece, mas tem que ter disposição para apanhar. E nada de apontar dedos e dizer que você não consegue por causa dele ou dela, ou de quem seja.
Só covardes fazem isso, e você não é covarde.
Você é melhor do que isso.

Gosto deste trecho, pois é possível ver milhares de pessoas todos os dias vivendo em empregos que não gostam, mas permanecem ali, por medo de não ter um salario no fim do mês, por comodismo ou preguiça de buscar novos horizontes.
É possível ver pessoas vivendo relacionamentos fracassados, ou sem um pingo de emoção, simplesmente pelo medo da solidão, ou até mesmo pelo famoso “Ruim com isso, pior sem isso”.
É fácil ver pessoas reclamando por serem desafortunadas, estarem sofrendo, doentes ou em dificuldades.
Mas quem de nos realmente luta pra valer, corre atrás todos os dias?
E acredite-me não falo apenas de correr atrás, de lutar por sonhos e etc...
Falo de fazer isso com um sorriso estampado no rosto, falo de não achar que isso ou aquilo não deu certo por culpa de alguém ou do mundo, quando você tentou errado, tentou pela metade ou nem sequer tentou.
Eu sei como todo o resto do planeta que viver com um sorriso no rosto esta cada vez mais difícil, mas é justamente por isso que precisamos tentar, pois o bem estar tão desejado, esse mundo e essa vida melhor com a qual sonhamos, passa pelas nossas atitudes hoje.
Quem é o culpado (a) pelo seu fracasso?
O mundo?
Seu relacionamento?
Seu emprego?
A profissão que você queria, mas não tem?
A felicidade que você procura, mas não acha?
Fique tranquilo, pois ninguém acha felicidade, pois felicidade não cai do céu com chuva, ou se esconde embaixo de pedras.
Felicidade são momentos bons construídos a duras penas, no entanto são só momentos, pois ninguém constrói momentos eternos, mas podemos trabalhar um pouco todos os dias para tornar esses momentos mais duradouros.
Levante-se.
Pague o preço, faça suas escolhas, caia quantas vezes forem necessárias, mas erga-se e continue.
Como diz o dialogo do filme:
Você não é um covarde.
Você é melhor do que isso.
Dedico esse texto a algumas pessoas maravilhosas e que amo profundamente, mas que às vezes se esquecem do que realmente são feitas e o quanto podem suportar da vida, assim como também trabalhar para criar a vida e o mundo que tanto desejam.
Lutemos então...
... Até o fim.

P.J. S

domingo, 14 de novembro de 2010

Os três porquinhos - Parte I

Os três porquinhos - Parte I

Era uma vez, numa terra muito distante.
Em um lugar muito distante, em uma casinha muito distantes, três porquinhos que viviam muito próximos.
Eles se chamavam: Falador, Sonhador e Descobridor.
Por diversos motivos, eles nunca se entendiam. Falador falava tanto, que em alguns momentos parava e perguntava aos companheiros, sobre o que estava falando, pois as palavras saiam de sua boca ao leu, de maneira que ele sempre se metia em encrenca por falar demais.
Sonhador raramente prestava muita atenção aos discursos de Falador, já que ocupava boa parte de seu tempo sonhando. Ele sonhava com comida, com dias melhores e secretamente sonhava em viver um grande amor.
Descobridor se sentia completamente fora daquele contexto.
- Sou o único que se preocupa com coisas praticas. – Dizia ele.
Descobridor queria conhecer novos mundos, lia livros estranhos, falava sozinho e sempre tinha novas ideias na cabeça, porém todas as vezes que dividia suas ideias, logo ouvia Falador dizer:
- Hora! Isso não pode dar certo, aquilo não vai funcionar etc... etc...
Descobridor meneava a cabeça e suspirava, enquanto Sonhador dizia:
- Nos poderíamos ir até a floresta e pedir a ajuda dos duendes encantados para realizar nossos desejos, ou podíamos dormir no quintal olhando para as estrelas, assim quando uma estrela cadente cair, podíamos fazer um pedido.
Descobridor não sabia de onde podia surgir tamanha estupidez, afinal ele nem sequer acreditava em pedidos para estrelas cadentes.
Num lugar não muito longe dali, existia um Lobo aposentado.
O velho Lobo era professor de História e Filosofia, e ocupava seu tempo escrevendo poemas e fumando seu cachimbo com fumos selecionados.
O velho Lobo conhecia os porquinhos de vista, mas nunca se atreveu a chegar muito perto. Afinal existia um boato de que todo Lobo era mau, quando as pessoas queriam dizer que alguém era falso e dissimulado, diziam que esse alguém era um Lobo vestido em pele de cordeiro, e isso muito irritava nosso velho Lobo.
Certa vez Descobridor, no meio de uma nova descoberta resolveu construir uma maquina para descascar milho, afinal ele adorava milho, mas não tinha muita paciência de tirar sua palha, e justamente por isso tinha sérios problemas intestinais já que engolia a espiga com palha e tudo mais.
No meio de sua invenção, Descobridor descobriu também que não possuía todas as ferramentas necessárias para o projeto, e foi bater a porta do velho Lobo.
Toc, toc, toc.
O velho Lobo ficou assustado afinal não recebia visitas àquela hora. – Seria a Chapeuzinho? Pensou o lobo – Afinal ele e chapeuzinho viviam um tórrido romance.
O velho Lobo fechou seu exemplar do The New York Times e se dirigiu até a porta, qual não foi a sua surpresa quando encontrou Descobridor á sua porta.
- Pequeno porco? O que faz aqui?
- Olá eu sou o Descobridor. Qual é o seu nome?
- Eu me chamo Gabriel, mas pode me chamar de Lobo mesmo.
- Olá senhor Lobo, eu estou no meio de uma invenção e quero saber se o senhor pode me ajudar?
- Que tipo de invenção é essa? – Perguntou com ar desconfiado o Lobo.
- Estou construindo uma maquina que descasca milho. – Disse Descobridor.
- Uma maquina que descasca milho! Hora vejam só que interessante. E em que exatamente eu posso ajuda-lo?
- Preciso de alguns parafusos, e também de uma chave de fenda, pois a cidade fica muito longe e além do mais não tenho dinheiro para compra-los.
- Bem, talvez eu tenha algo que possa te ajudar em meu porão. – Disse o Lobo.
- Obrigado senhor Lobo, eu posso pagar criando algo bonito para enfeitar sua casa.
- Venha, entre – Disse o Lobo.
A casa do nosso Lobo mais parecia uma mistura de biblioteca, tabacaria e museu.
Livros empoeirados, pedaços de folhas pelo chão e estatuetas antigas decoravam o lugar. Um grande quadro na parede chamou a atenção de Descobridor, chamava-se a ultima ceia e estava assinada por um tal de Leonardo Da Vinci, Descobridor não fazia ideia de quem fosse este homem, mas no centro da cena existia um homem simpático de longas madeixas que descobridor reconheceu imediatamente.
- Vejam só, este é o velho Jarbas – Disse Descobridor.
- Jarbas? Quem é Jarbas? – Perguntou o Lobo.
- Hora, Jarbas é nosso grande amigo. Ele nos leva lavagem todas as semanas, ele tem uma taberna perto do vilarejo e todas as sobras ele traz para mim e meus irmãos.

Continua...
P.J. S

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Cartas de um homem livre.

Cartas de um homem livre

Minha cela é pequena.
Não posso afirmar que todas as celas deste lugar são iguais, pois quando aqui cheguei, tinha minha cabeça coberta por um capuz.
Existe uma pequena janela voltada para o oriente, daqui posso ver a copa de uma grande árvore, e o sol todos os dias vêm me avisar que é preciso acordar e viver mais um dia.
Não posso dizer exatamente á quanto tempo estou aqui, pois minha mente já entrou em estado de anestesia, onde apenas aceitamos um dia após o outro.
Aqui eu não ouço nenhuma musica, não tenho livros para ler e a única beleza que contemplo é a copa de uma árvore.
Não existe contato visual, pois os guardas colocam minha porção diária de comida através de uma abertura na porta.
Alguns ratos me visitam esporadicamente, guardo sempre um pouco de comida para dar a um deles, afinal assim posso fazer um novo amigo.
Lá fora no mundo real, sei que existem homens que são amigos de ratos.
Em dias ensolarados, os passarinhos sobrevoam a copa da árvore e eu me alegro com aquele belo espetáculo, a distancia não me permite dizer se é uma árvore frutífera ou não, mas sei que devem existir alguns ninhos por lá.
Quando a noite chega à solidão aperta mais um pouco, em dias de céu claro posso ver as estrelas e ouço o barulho das corujas.
Viajo em meus sonhos, pois quando durmo ou quando penso sou um homem livre.
O que esta preso é um corpo, mas os homens jamais conseguirão prender ideias e sonhos.
Tenho todo tempo do mundo para pensar e planejar, mas não planejo uma fuga e não penso em cortar as barras de ferro, é claro que sem as barras eu poderia comtemplar melhor a copa daquela árvore, mas tudo que penso é sobre a vida, tudo que planejo é não morrer aqui.
Sinto saudades do gosto da água, do gosto dos alimentos, do doce das frutas e do beijo daquela que sempre amei.
Certa vez ouvi de alguém mais sábio do que eu, que é quando estamos sós que devemos enfrentar a multidão.
Hoje sei o que este sábio queria me dizer, pois quando estamos sós, estamos com uma multidão de lembranças, uma multidão de decepções e sonhos.
Quando estamos sós, podemos fantasiar e sonhar, mas também podemos nos entregar as coisas dolorosas, pois as lembranças do vento fresco no rosto me fazem chorar e o desejo de ver um campo florido e correr livremente nele, me fazem sonhar.
Meus cabelos estão embaraçados e minha barba por fazer, mas ontem á noite uma chuva forte caiu, com a ajuda do prato que me servem a comida consegui apanhar algumas gotas, com elas lavei meu rosto e senti o cheiro da chuva, o cheiro da terra sendo fecundada pela água.
Esses pequenos milagres se tornam algo maior do que aquilo que eu mesmo sou, pois quando em liberdade caminhando nos campos, eu praguejava contra essa mesma chuva que molhava minhas roupas e sujava de lama minhas botas.
Eu sou um homem livre e por isso ontem a noite fui visitar outras galáxias, vi mundos desconhecidos e lá, estavam pessoas que eu conhecia muito bem.
Em uma de minhas viagens, visitei a minha amada, ela me recebeu com um sorriso e me disse que estava a minha espera. Eu levei-lhe um buque de flores que colhi no campo, tínhamos um bom vinho, conversamos, rimos, bebemos vinho e fizemos amor à noite inteira.
Encostado na parede de minha cela me lembro de uma canção, e começo a assoviá-la, é a canção de minha infância.
A canção diz que não tenho nada a temer, diz que ao lado de todos nós existe um anjo pronto para abrir suas asas e nos proteger é uma bela canção, sim senhor!
Ouço um barulho que conheço bem, a portinhola se abre com aquele barulho de ferrolhos enferrujados, sei que é aquela comida com a qual meu paladar já se acostumou por não ter outra opção.
Mas as mãos que passam por aquela abertura, não deixam ali um prato como de costume, aquelas mãos deixam no chão um pedaço de papel enrolado, aquelas mãos se demoram, como se dissessem – Oi, leia com atenção, pois isso é importante!
Depois que aquelas mãos se retiram me aproximo com cuidado, vejo que o papel é maior do que eu havia imaginado.
Começo a desenrola-lo, no topo lê-se o titulo – Coisas Que Você Prometeu a Si mesmo.
Eu assustado, porém entusiasmado começo a ler.
Prometo que jamais me deixarei aprisionar, pois as maiores e piores prisões são aquelas nas quais estamos livres, mas não agimos por medo e inercia.
Prometo que contemplarei todas as copas das árvores que puder, pois os passarinhos me ensinarão como construir ninhos que suportem ventos e tempestades.
Prometo dedicar algumas de minhas noites ao céu, vou admirar suas estrelas e observar seu movimento cíclico e calmo.
Prometo dedicar noites e mais noites de minha vida a mulher que amo, pois ela merece meu amor sem medidas, sem medos e sem porquês.
Prometo que jamais permitirei que coloquem capuzes sobre minha cabeça, me impedindo assim de enxergar o oriente.
Prometo que aprenderei e mudarei de ideias, porém jamais abandonarei os princípios nos quais acredito e nem tão pouco deixarei que aprisionem minhas ideias e ideais.
Prometo que construirei felicidade com o pouco que tiver em minhas mãos, assim como dividirei esta felicidade com todos aqueles que vagam em busca de beleza e sabedoria como eu.
Depois de ler minhas promessas, tomei nova consciência.
Entendi que em alguns casos a prisão é opcional, entendi que podemos nos tornar prisioneiros de outros e de nós mesmos.
Olhei para o oriente, mas a janela não estava lá, a parede não estava lá, pude ver agora não apenas a copa da árvore, mas a árvore inteira. Pude ver também que era uma árvore frutífera, já não existia muros, já não existia escuridão, já não existia solidão e já não existia prisão.
Caminhando para fora daquela que até então era minha cela, me peguei pensando – Deus como podem construir muros, construir grades e aprisionar pensamentos, sonhos, amores se somos todos enfim...
...Livres.

P.J. S

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Manual para se dançar em uma ponte de cordas, e ser feliz mesmo assim.

Manual para se dançar em uma ponte de cordas, e ser feliz mesmo assim.

Me de sua mão, você não precisa me contar seus medos.
Você sabe um pouco do meu passado, e eu sei um pouco do seu, acredite isso é o bastante.
Pontes de cordas se parecem com cada um de nós.
Elas oscilam de um lado para o outro. Não olhe para baixo agora, temos um abismo sob nossos pés.
Eu vou te contar o que ouço por ai, as pessoas querem sossego e paz.
Meus amigos de infância estão me visitando, você ainda se lembra de como tudo começou?
Todos se perguntam quando essa vida perfeita e sem medos chegará.
Eu me pergunto se o medo precisa desaparecer.
Temos medo da violência, temos medo de atravessar a rua, temos medo de guerras, temos medo de doenças e temos medo de ter medo.
Os poetas nos dizem todo dia que o amor é algo sublime e inspirador, mas veja você nós temos medo de amar.
Ouvimos musica para relaxar e para dançar, arriscamos até um refrão embaixo do chuveiro, mas não cantamos auto o suficiente, pois temos vergonha e medo de sermos ouvidos.
Me de sua mão, atravessar uma ponte não pode ser assim tão difícil.
Não posso dizer não tenha medo, pois isso é inútil para a nossa psique, mas posso dizer mesmo com medo, faça, mude, pule, se apaixone, dance, cante, goze, olhe além e sonhe grande.
Olhe nos meus olhos, eu confio em você.
Me de sua mão, vamos dançar juntos sobre a ponte da incerteza.
Essas pontes oscilantes nos dão o molejo necessário para o próximo passo.
Não se acomode se precisar apenas chore mais um pouco, depois enxugue os olhos me de um sorriso e venha dançar.
Vou te pegar no colo e te protegerei, eu prometo.
Me de sua mão, venha não tenha medo, a vida é curta demais para se gastar anos e anos com porquês, quem sabe e talvez.
Não procure equilíbrio, pois ele simplesmente não existe.
Um dia você vai sofrer, no outro vai rir.
Um dia você vai ganhar, no outro dia vai perder.
Um dia você vai se apaixonar, no outro vai ver que a paixão terminou, até porque manter a chama de uma paixão acesa e transforma-la em amor, não é coisa para amadores.
Venha dê-me sua mão e vamos pular juntos.
O abismo fica embaixo da sua cama, nas noites em que você se pergunta:
O que estou fazendo de minha vida?
Um dia seus amigos invisíveis vão fazer você sorrir, e não podia ser diferente, afinal eles são feitos de amor e o melhor de tudo, estão se lixando para convenções sociais, aparências ou medos.
Nos dias de vento forte, sua ponte balança, e você se pergunta: Até quando vou suportar?
Deixe-se cair.
As águias ensinam seus filhotes a voarem empurrando-os do penhasco, mas acredite até aquele momento os filhotes não faziam ideia de para que serviam aquelas asas, até que a vida exige que eles aprendam que aquele par de asas existe para ser aberto e voar.
Você pode me dizer que não foi fácil chegar até aqui, pode dizer como foi difícil, pode falar sobre as lágrimas que derramou, mas acredite essa conversa deve ser breve, não porque eu não me importe, mas sim porque tenho uma pergunta:
Foi fácil para alguém?
Acredite todos sentimos dor, todos procuraram conforto, todos nos buscamos refúgios e consolo.
Sangue, suor e lágrimas.
Segredos sussurrados, mundos desconhecidos, medos não declarados e sonhos não vividos.
Me de sua mão, pois a vida é maior que isso.
Não sufoque sua vida em um travesseiro encharcado de lágrimas.
A lei da física explica que as pipas só voam contra o vento, e não a favor dele.
Olhe em meus olhos por um minuto, e me diga o que vê.
Podemos deixar tudo mais emocionante, vamos estalar uma gangorra nesta ponte, pois a estabilidade só existe no momento em que mãos fortes descem um caixão para a cova, alias sempre me perguntei o porquê disso. Assisti alguns enterros à contra gosto é claro, e vi aqueles homens se esforçando ao máximo para que o caixão descesse reto e impecável, sei de todo respeito que envolve um sepultamento, sei da dor que bate no coração de quem ficou, mas o fato é que aquele corpo já não respira, já não ama, já não tem questões á serem respondidas e já não sente MEDO.
Me de sua mão, o pior que pode acontecer é felicidade, pois o pior já passou.
Vamos tomar um pouco de ar fresco e observar as estrelas enquanto elas respiram.
Um dia você terá perguntas, no outro terá respostas.
Um dia você enxergará tudo, no outro se sentirá cega.
Um dia você vai secar minhas lágrimas, no outro deixe que eu seque as suas.
Quando pedimos a Deus que nos mostre o caminho, ele não joga um mapa do céu. Ele apenas nos dá um dia de cada vez e a oportunidade de começar novamente, até porque Deus é um pai benévolo demais para interferir em nossa liberdade.
Existe uma vida maravilhosa lá fora.
Ela tem dor, mas tem sorrisos.
Ela às vezes é amarga, mas tem sabor.
Ela tem cheiro de doce saindo do forno.
Parece jasmim que acabou de ser colhido.
Equilíbrio?
Não equilíbrio não tem.
Não tem, pois a vida é uma eterna ponte de cordas balançando ao sabor do vento.
É claro que corremos o risco de cair, mas eu prefiro assim.
Sangue, suor e lágrimas.
Me de sua mão eu vou te levar a um lugar chique e refinado. Chama-se: Meio do mato.
Lá os passarinhos cantam, e não sentem vergonha ou medo de serem ouvidos.
A natureza cresce de qualquer jeito sem se preocupar com estética ou padrão, mas é a coisa mais linda que você já viu.
O rio corre sempre na mesma direção, e não precisa perguntar para ninguém se aquele é o caminho certo. Ele passa por sobre as pedras, se deixa cair em corredeiras e em alguns momentos se acalma e respira, aguardando uma nova queda d’agua.
Lá o sol se põe, mas antes de se esconder completamente ele olha para nós e nos dá uma piscadela com o olho direito.
Abismo é um sonho ruim que insistimos em ter enquanto estamos acordados.
Antes de partir preciso lhe dizer, antes de chegar á este belo lugar precisamos atravessar uma ponte que é feita de cordas.
Mas acredite o desafio vale a pena.
Pois afinal como diria Fernando Pessoa:
Tudo vale a pena. Se a alma não é pequena.
Me de sua mão olhe em meus olhos e dance comigo sobre a ponte.
Já é tarde, não existe mais tempo, pois o sol está para nascer.
O que me consola é que toda ponte precisa ser atravessada, seja por mim ou por você.

P.J.S

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Aprendizado, Futuro e Coisas de Deus... (Ou não).

Aprendizado, Futuro e Coisas de Deus... (Ou não).

O que você aprendeu hoje na escola da vida?
Quais são os momentos em que você usa o que aprendeu no passado, para viver melhor o presente ou planejar melhor o futuro?
Quando sabemos que alguém errou, e principalmente quando esse alguém é jovem, sempre existirá outro alguém pronto para dizer:
Aquele fulano ou aquela fulana, ainda tem muito que aprender.
Quando as crianças chegam da escola, os pais perguntam:
O que você aprendeu na escola hoje?
Já imaginou se os professores perguntassem á essas mesmas crianças o que elas aprenderam em casa?
Mas afinal o que devemos aprender? Porque aprender? Ou ainda, aprender pra que?
Hitler nos ensinou que Judeus, Testemunhas de Jeová, Homossexuais, Maçons, Deficientes físicos e ciganos eram menos humanos do que sua raça “Ariana”.
Infelizmente não podemos dizer que a lição foi aprendida, pois no século vinte e um, o século do novo milênio e da globalização podemos ver sim pessoas se dividirem pela cor de sua pele, pela sua fé e pelo seu status financeiro.
Nelson Rolihlahla Mandela passou quase trinta anos de sua vida preso sob a acusação de conspiração, terrorismo e sabotagem.
Certo dia ofereceram-lhe a liberdade condicional, em troca pediram-lhe algo que jamais deveriam pedir á um homem livre. Pediram que ele abrisse mão de suas convicções e parasse de incentivar o povo a lutar pela sua liberdade e pelos seus direitos.
Nelson Rolihlahla Mandela recebeu Prêmio Internacional Al-Gaddafi de Direitos Humanos em 1989 e recebeu o premio Nobel da paz em 1993.
Ele nos ensinou que um homem que não modifica sua vida e não luta pelos seus ideais, um homem que não luta pelos seus irmãos e se ocupa dos mais fracos e menos afortunados, na verdade não nasceu não vive e sua partida desta terra, não será motivo de pranto e muito menos saudade.
Essa é mais uma lição que ainda não aprendemos.
Martin Luther King, Jr, nos lembrou dos ensinamentos de Jesus Cristo, quando disse que a violência não era o caminho e que o caminho até os direitos civis podia coexistir com o amor ao próximo.
Martin Luther King, Jr, recebeu o premio Nobel da paz em 1964, mas foi assassinado pouco tempo depois.
I Have a Dream. (Eu tenho um sonho).
Martinus Luter, ou Martinho Lutero, nos ensinou que salvação, fé e bênçãos Divinas não podem ser compradas com papeis de indulgências.
"Liberdade é a melhor de todas as coisas a ser conquistada, a verdade, lhe digo então: nunca viva com os grilhões da escravidão, meu filho".
Essas são as palavras de William Wallace, o homem que juntamente com camponeses derrotou o rei da Inglaterra Eduardo I.
Ele e seu grupo de fieis seguidores lutaram não uma ou duas vezes, mas dezenas.
William Wallace foi enforcado, estripado, castrado, teve suas entranhas queimadas ainda presas a ele, e então finalmente, foi libertado do seu sofrimento inimaginável, pela decapitação. Seu corpo foi esquartejado, e os pedaços, enviados para Newcastle upon Tyne, Berwick, Perth e Stirling. Sua cabeça foi colocada em um pique na Ponte de Londres, de modo que todos a vissem, como advertência para outros possíveis "traidores". Pouco tempo depois de sua morte, a Escócia era um país livre.
É claro que é possível encher centenas de paginas com exemplos de homens e mulheres que ajudaram a moldar o rumo de nosso mundo como o conhecemos hoje.
Mas o que desejo saber é o que temos aprendido com o mundo em que vivemos?
Será que ainda existe espaço para heróis?

“Procurar Pelo Herói” Título original (Search for the Hero) - M People

Às vezes, o rio flui, mas nada respira.
Um trem chega, mas nunca parte.
É uma vergonha
Oh a vida, como o amor que vai embora pela porta.
Sendo rico ou sendo pobre
Que vergonha!
Mas é depois, depois que a fé chega,
Para fazer você se sentir pelo menos vivo.
E é por isso que você deve continuar sonhando alto
Apenas procure por você mesmo e você irá brilhar
Você tem que procurar pelo herói dentro de você
Procurar os segredos que você esconde
Procurar pelo herói dentro de você
Até você encontrar a chave para sua vida
Nessa vida, apesar dela parecer longa e difícil.
Viva-a como você viveria um sonho
Sonhe tão alto
Apenas mantenha a chama da verdade queimando intensamente.
O tesouro perdido você deve encontrar,
Porque você e apenas você sozinho
Pode construir uma ponte através do riacho
Teça seu feitiço na rica tapeçaria da vida
Seu passaporte para um sentimento supremo.

O que a musica nos diz, é que sim existe espaço para heróis, porém essa busca deve começar dentro de nós.
A raça humana existe para andar de mãos dadas, devemos pensar de maneira sincera naquilo que desejamos para nós mesmos e para nosso próximo.
Existem asilos que precisam ser visitados.
Existem crianças em orfanatos, esperando por um amigo (a) que seja seu herói ou sua heroína enquanto ela não encontra esse herói dentro de si mesmo.
Existem políticos que precisam aprender que são meros funcionários de uma população, enquanto eu e você precisamos aprender, que um sujeito que faz promessas sobre emprego, habitação, saúde, educação e segurança, esta tentando se eleger para um cargo publico nos prometendo aquilo que já é nosso por direito, e esta na constituição Brasileira e na declaração dos direitos humanos. (Mesmo que isso não seja feito á contento).
Precisamos exigir um pouco mais, pois campanhas com desempregados que ganham uma miséria para segurar placas e faixas embaixo de sol escaldante em sinaleiros, não me convencem mais. Sujeitos que desejam votar leis e ajudar a cuidar do futuro de uma nação inteira, precisam no mínimo ter boa dicção, boa escrita e porque não um diploma?
Afinal eu e você, não podemos concorrer a cargo publico algum, se não pudermos provar que temos a escolaridade exigida para um determinado concurso.
Existem livros que precisam ser escritos.
Doenças que precisam ser curadas.
Coisas que precisam ser construídas.
Acredite de uma maneira grandiosa ou minoritária somos parte disso.
Você pode se esquivar ou fugir, mas escolha ser herói, pois pessoas fugindo de suas responsabilidades e abandonando aquilo no que já acreditaram um dia, temos aos milhares.
Esse tal aprendizado, seja lá o que você ande aprendendo deve ser bom, e é fundamental que coisas boas e valorosas sejam transmitidas as gerações futuras, por mim e por você.
O que vale realmente para mim como ponto de partida, são palavras do maior homem que já viveu neste planeta.
Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns pelos outros. (…) O meu Mandamento é este: que vos ameis como Eu vos tenho amado. Não há maior Amor do que doar a sua própria Vida pelos seus amigos. E vós sereis meus amigos se fizerdes o que Eu vos mando. E Eu vos mando isto: amai-vos como Eu vos amei.
O Evangelho, segundo João, 13; 34 e 35; 15.
Tudo começa pelo amor e vai até onde seus sonhos e sua vontade de lutar permitirem.

P.J. S

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Agradecimentos.

Agradecimentos.

O Blog Cia das Palavras mudou de cara e comemora dois anos de existência.
É claro que esta existência é culpa daqueles que estão sempre passando por aqui para ler, criticar e comentar, e é para todas estas pessoas que segue nosso agradecimento, pois caso não existissem loucos e loucas interessados em ler, não haveria motivos para escrever.
Segue um agradecimento especial para aqueles que além de ler, resolveram cometer a loucura de nos seguir, mas isso é compreensível, afinal ninguém é perfeito.(Que Bom)
Um obrigado de todo coração para:
Luciane Marchesin - Mariana Faria – Fernanda - Roberta Monise – Cah – Thais Bueno – Claudia Mantovani – Rodrigo – Sandra Botelho – Denise – Stive – Francielle – Bruno Zancan – Anderson – Angela Storolli – Renan Rugolo – Ana Gabriela – Joice.

Para marcar esta data peço desculpas, mas o texto é repetido. É repetido, pois acho que ele nos diz muito, com muito pouco e considero um dos meus preferidos.
Aproveitem e um grande abraço á todos que passam por aqui.
P.J.S.



Quantos anos você tem?

Com um ano, descobri as cores e os sabores.
Com dois, descobri que fogo queima e insetos picam.
Quando tinha três anos, descobri que correr e me equilibrar, exigia muita pratica.
Aos quatro, descobri que as meninas não tem um pipi igual ao meu.
Com cinco anos, descobri que nem todos os meus amiguinhos compartilhavam as mesmas ideias que eu.
Aos seis anos, resolvi que já era responsável o suficiente para ter meu primeiro cachorro.
Com sete, descobri que a escola assusta. Tem um monte de gente lá que eu não conheço.
Aos oito, me apaixonei pela primeira vez.
Com nove anos, decidi que seria Bombeiro e salvaria o mundo.
Com dez, apanhei pela primeira vez na escola, foi ai que descobri que salvar o mundo não seria fácil.
Tenho onze anos, e estou novamente apaixonado, desta vez pela minha Professora. É uma Pena ela ser casada, pois formávamos um belo par romântico.
Com doze, todos me perguntavam o que seria quando crescesse os adultos realmente não têm muita criatividade para perguntas, descartei minha carreira de Bombeiro.
Aos treze, comecei a frequentar a alta sociedade, era bexiga, refrigerantes, palhaços, bolos e parabéns pra você que não acabava mais.
Com quatorze, descobri que meus pais eram de outro mundo e totalmente atrasados no tempo. Até as musicas que eles ouviam eram velhas.
Aos quinze já era um homem, dono do meu nariz e tudo mais, pagava até contas em bancos.
Com dezesseis, descobri que uma simples espinha, pode te transformar no sujeito mais feio do mundo.
Aos dezessete deixei de achar as garotas sem graça.
Com dezoito me disseram, agora sim você é um homem, tive até que me alistar para servir a minha Pátria.
Aos dezenove, não sabia bem qual era o meu lugar, muito menos o que estava fazendo aqui, me disseram que eu precisava trabalhar.
Com vinte anos, descobri que a marca do seu ténis e de suas roupas, podem dizer muito sobre você, ou não já que todos querem as mesmas marcas e modelos. Isso se chama estar na moda, ou seja, para estar sempre na moda, seja igual a todo mundo.
Aos vinte e um, o namoro é sério, fui até conhecer os pais dela, tive a impressão de que eles não foram com a minha cara.
Com vinte e dois, faço parte da turma do salário e da certeza. Salário baixo e a certeza de que ele não vai dar pra nada. Assim que terminar a faculdade isso vai mudar.
Aos vinte e três, descobri como é perder alguém que se ama. O nome disso é morte.
Com vinte e quatro, todos os meus amigos vivem me gozando, quem será que inventou esse tal jogo do bicho?
Aos vinte e cinco, o diploma tá na mão, mas não sei se escolhi a profissão certa, alias descobri que não sei muita coisa.
Com vinte e seis, disseram que eu precisava me casar, é claro que estão de brincadeira, não se pode levar familiares muito a sério, principalmente quando são seus avós loucos por bisnetos.
Aos vinte e sete, disseram-me que deveria lutar para ser um homem de sucesso, só não me explicaram como era esse homem de sucesso ou o que era este tal sucesso.
Tenho vinte e oito anos, serei pai, talvez isso seja um sucesso.
Com vinte e nove, descobri que recém-nascidos, são dotados de superpoderes. Eles podem te deixar uma noite inteira acordado, chorar um dia inteiro sem causa aparente e podem também causar dano, caso você se aproxime demais ao trocar fraldas.
(Que mau cheiro é aquele, por Deus).
Aos trinta, todos diziam que eu entraria em crise. Quanta bobagem. Não tenho a casa nem o carro dos meus sonhos, meu salário é miserável, meu filho acha que eu faço parte de uma sociedade secreta que fabrica dinheiro, minha mulher acha que futebol e cerveja com os amigos são desculpas pra farra e meu patrão jamais precisara de transplante, pois no lugar do coração ele tem uma engrenagem funcionando. E o mundo? Que mundo é esse? Quem entende essa bagunça? Crise dos trinta? Que crise?
Com trinta e um, descobri que casamentos esfriam, creches custam caro, e parece que todo mundo tem aquilo que você não tem.
Aos trinta e dois, descobri que precisava perder barriga e fazer exercícios, fiz amigos na academia, a maioria achava que barriga sarada, pernas torneadas e bunda dura era o Nirvana da existência. Tinha um camarada que achava seu bíceps o centro do cosmos. Abandonei a academia, vou só correr um pouco.
Querido diário tenho trinta e três anos, quem diria, a idade de Cristo. Às vezes me sinto como ele, para dar conta de tudo tenho que fazer o milagre da multiplicação, e olha que eu só tenho dois apóstolos, ou melhor uma apostola e um apóstolo mirim. E caso eu ouse tomar cerveja com meus amigos sem consultar minha mulher, não tenho duvidas de que ela chamara os soldados Romanos e eu serei crucificado.
Com trinta e quatro anos, resolvi mudar de emprego. É claro que recebi sermões sobre estabilidade e segurança.
Disseram-me que as coisas não estavam fáceis, e é claro que eu estava cometendo uma loucura.
Aos trinta e cinco, descobri que muitas pessoas estavam erradas, mudar é bom sim. Mas todos inclusive eu, temos medo de trocar o certo pelo duvidoso, o estável pela novidade.
Tudo que é novo carrega consigo a sina de ser perigoso por ser desconhecido, e isso nos causa temor, preconceito e desconfiança. E olha que eu só estava querendo um emprego novo.
Querido diário tenho trinta e seis anos, acabo de me tornar um homem de sucesso.
Financiei um lindo terreno e comprei um carro.
Sinceramente o terreno está abandonado e cheio de mato, e o carro está bem velho.
Eu vejo um terreno cheio de mato, minha mulher vê uma linda casa com um belo jardim.
Minha mulher vê um cacareco sobre quatro rodas, eu vejo o possante dos meus sonhos.
Com trinta e sete, descobri que de terreno cheio de mato, até a casa dos nossos sonhos e de cacareco (apelido carinhoso de minha mulher para meu carro) até o carrão que eu imaginava, alguns gastos e dores de cabeça serão inevitáveis.
Aos trinta e oito, se aproximou de mim um sujeito com mais ou menos um metro e meio, e com um português muito ruim me disse:
Tem um monte de tempão que você não joga bola comigo, e não me leva pra passear. E agora não quer me deixar brincar lá fora com meus amigos, tó bravo!
Isso me chocou, aquela criatura brava de olhos injetados era meu filho.
Com trinta e nove, numa tarde qualquer, estava suado e cansado, eu e meu filho estávamos apostando corrida. É claro que ele ganhou.
Fomos comer cachorro quente e rimos a valer.
Quando corremos contra o tempo, seja pelo patrão, pelas contas, pelo dinheiro ou até mesmo como milhares de pessoas que simplesmente vivem correndo, mas não sabem realmente para onde estão indo, corremos o risco de ter estranhos que chamamos de filhos crescendo em baixo do nosso teto.
Prometi a mim mesmo prestar mais atenção a isso, antes que um cara de dezoito anos venha me pedir emprestado a chave do carro, enquanto eu fico procurando aquele moleque de três anos que quebrava tudo dentro de casa.
Depois de muitas corridas, risadas e cachorros quentes, levei minha mulher para jantar e depois... Bem isso não é de sua conta diário.
Aos quarenta anos, minhas pernas doem depois da corrida, preciso de óculos para ler livros que anos atrás, eu lia a luz de velas. Acho que já não se fabricam velas tão potentes assim.
Querido diário, o que realmente me preocupa, não são os meus quarenta e um anos, e sim a minha discussão com minha esposa.
Ela não gostou da cor das paredes, e me acusa de matar as plantas de seu jardim, todas as vezes que lavo o carro, (que por sinal, é seminovo).
OBS: Vou ter que comprar mais tinta e levar o carro para lavar no posto.
Com quarenta e dois anos, descobri que ajudar seu filho com a lição de casa pode te mostrar muitas coisas, como por exemplo, que você é péssimo em Matemática, que a Geografia mudou e que seu filho de treze anos, sabe mais sobre reprodução humana do que você sabia aos dezoito. Falando em reprodução humana, eu e minha mulher contamos a ele, que ele ganhará uma irmãzinha.
(É diário, você achou que eu estava morto né, mas estou na ativa, hahahahaha.).
Aos quarenta e três, descobri que estou com sono acumulado, que fraldas descartáveis custam muito mais caro que aquelas de pano, descobri também que aquele som potente e afinado, que eu ia comprar para o carro, não é mais necessário, minha pequena princesa tem um igualzinho na garganta.
Dizem que a vida começa aos quarenta.
Que maravilha, isso é que é noticia boa. Só não sei o que essas rugas estão fazendo na minha testa e nos meus olhos, já que tenho apenas quarenta e quatro.
Quarenta e cinco anos, agora sim a casa esta linda, com a cor que minha mulher tanto queria não que eu tenha achado lindo, mas ela não precisa saber disso.
Meu filho e eu, estamos mais unidos do que nunca, estou aprendendo muito sobre Matemática, Geografia e Pop Rock.
Minha filha esta linda. Anda muito, fala muito, quebra tudo, arranca as flores da mãe e ainda sobra tempo para puxar o rabo do gato e comer a ração do cachorro.
Meu carro? haha É zerinho.
Minha mulher é linda, vamos completar vinte anos de casados.
Brigas, ciúmes, diferenças, minha família, a família dela, esquisitices, nada disso conseguiu nos separar. Descobri que existe uma enorme diferença entre viver com alguém, e conviver com alguém.
O tempo passa, as coisas esfriam, mas se o sentimento for sincero e houver respeito e cumplicidade, o resto sempre tem solução.
Quarenta e seis aninhos, vinte anos de casados. Hoje a noite vai ser quente, comprei um lindo presente para ela, hoje seremos os devassos do sexo e depois vamos morrer de rir um do outro. Talvez isso seja um sucesso.
Aos quarenta e sete, descobri que meu filho não será bombeiro e também não salvara o mundo. Ele decidiu que vai salvar apenas os bichinhos, ou melhor, os animais. Ele me disse que bichinhos soam muito infantil e antiprofissional. Ele será Veterinário.
Minha filha aproveitou a ocasião, para comunicar que será bailarina ou astronauta.
Com sua curiosidade e o tanto de perguntas que ela faz, acho que deveria ser Jornalista.
Querido diário tenho quarenta e oito anos, quem diria. A jornada até aqui passou num piscar de olhos. Hoje resolvi fazer um balanço da minha vida e traçar planos para o futuro, mas hoje não posso escrever mais, minha mulher quer fazer compras e esta no seu período de T.C.P.A. Eu criei este termo para substituir a T.P.M.
(Tenta Contrariar Pra ver o que Acontece).
Com meus quarenta e nove anos, perdemos um membro da família. Eu em particular perdi um grande amigo.
Ele era bondoso, gentil e estava sempre disposto a nos consolar. Tinha seus defeitos é claro. Fazia coco em qualquer lugar, comia o sofá e fazia xixi nos pneus do meu carro.
Fox descanse em paz, você sempre foi um excelente cachorro.
Estamos no inverno, tenho cinquenta anos.
Minha filha esta resfriada e precisa de cuidados, e é claro que ela sabe disso, pois faz chantagem emocional para conseguir o que quer.
Minha mulher esta fazendo pipoca e chocolate quente, meu filho foi até a locadora buscar o desenho preferido dela e eu estou colocando colchões, cobertores e travesseiros no chão onde vamos comer e assistir desenhos. Minha filha sabe fazer chantagem como ninguém.
Aos cinquenta e um anos, nossa casa finalmente esta totalmente terminada do jeitinho que queríamos o jardim de minha mulher esta lindo, ela colhe flores e espalha pela casa. Temos um novo cachorro, que alias come as flores de minha mulher. Ela vive prometendo que qualquer dia desses vai servi-lo no jantar.
Quando tinha cinquenta e dois anos, me senti velho, assustado, acabado e confuso, mas não era pela minha idade não. É que é exatamente assim que você se sente, quando descobre que será avô.
Minha mulher? Bem minha mulher saiu para comprar creme anti-sinais.
Aos cinquenta e três, entendi o porquê dizem que ser avô é ser pai duas vezes. Minha neta é linda, sinceramente acho que ela puxou pra mim.
Quando meu filho nasceu, me ajudou a ser um homem melhor, mesmo sem nunca saber disso. Acho que é hora de contar.
Minha mulher é a avó mais coruja do mundo, comprou tanta roupa de recém-nascido, que meu filho pode ter mais uns dois sem ter que se preocupar com isso.
Com cinquenta e quatro anos, voltei a fazer coisas que me davam prazer.
Troquei a fralda mais fedida do planeta terra, recebi um jato de vomito dentro da minha sopa, tomei uma mijada na minha camisa nova e coloquei minha linda neta para dormir entre arrotos de satisfação e puns que fariam até os do meu cachorro ser suportáveis.
Eu realmente não sei se minha filha cresceu muito, ou se suas roupas encolheram. O que sei é que não gosto que ela saia por ai mostrando as pernas. Ela já usa até sutiã, mas assim que digo algo, ela responde: Pai você tem cinquenta e cinco anos e não entende nada de moda. Acho que ela tem razão.
Aos cinquenta e seis, consegui comprar um terreno com o dobro de mato por metro quadrado que o primeiro. Eu cheio de pompa chamava aquilo de meu sitio.
Minha mulher chamava de "Aquilo" mesmo.
Querido diário hoje com cinquenta e sete anos, decidi criar bichos, ou melhor, animais como diz meu filho.
Não entendo muito de animais, mas tenho o melhor Veterinário do mundo ao meu lado, e minha neta tem um talento nato para arrebanhar as galinhas, basta ela começar a correr atrás delas e não fica uma fora do galinheiro.
Hoje é dia mundial de pintura de cerca, nem os sogros do meu filho escaparam. Estou me aposentando aos cinquenta e oito anos, e isso merece uma comemoração, trouxe todos para pintar a cerca de nosso sitio. É claro que entre nós a pessoa que mais entende de pintura é minha neta. Ela já pintou um pedaço da cerca, um chumaço de grama, minha bota, o chapéu da avó e da ultima vez que a vi, ela estava tentando pintar o rabo de uma vaca.
Ter cinquenta e nove anos é como ter cinquenta e nove motivos para ser feliz e outros cinquenta e nove motivos para se lamentar por algumas coisas e se orgulhar de outras. Pode acreditar é assim com todo mundo.
Não tem mistério, nem efeito colateral. Descobri que envelhecer ao contrario do que se pensa não dói.
Aos sessenta anos, minha filha me revelou seu sonho. Não seria bailarina nem astronauta e muito menos jornalista, ela me disse que queria ajudar as pessoas, por tanto seria Médica. Teria que partir para estudar.
Inconformado mas orgulhoso deixei meu bebe partir.
(Já reparou diário, que para os pais os filhos nunca crescem?).
Meu sitio é um sucesso tenho sessenta e um anos. Eu, minha mulher e minha neta cuidamos da horta. Estamos literalmente plantando para colher mais tarde, hahahaha, entendeu diário? É eu sei, essa foi meio sem graça.
Almoço de família é sempre uma oportunidade de estarmos perto daqueles que amamos, meu filho usa essas ocasiões para tentar me matar do coração. Tenho sessenta e dois anos, serei avô pela segunda vez.
Quando se é um casal jovem, brigamos por ciúmes, diferenças e etc...
Quando se é um casal como eu e minha mulher, brigamos por coisas diferentes.
Eu brigo com ela porque ela nunca se lembra de onde "eu" guardei minhas coisas. Ela briga comigo porque tenho sessenta e três anos, e ela diz que preciso cuidar mais da saúde, à noite rimos um do outro e competimos para ver quem esta com o pijama mais ridículo.
Aos sessenta e quatro anos, tenho outra mulher em minha vida.
Ela tem os meus olhos, mas o rosto eu confesso é a cara da minha mulher.
Mais uma neta, mais fraldas, mais vómitos e minha mulher a mesma avó coruja de sempre.
Com sessenta e cinco anos, as coisas vão muito bem. O nosso pé de manga está carregado, eu e minhas netas estamos numa competição acirrada para ver quem faz mais lambança chupando manga, minha mulher se lamenta já que é ela que lava a roupa, mas acabou se rendendo ao meu charme e veio chupar manga com a gente.
Trocamos um beijo molhado, sabor manga.
Com sessenta e seis anos, ganhei um grande presente, minha menina esta de volta.
Agora é uma Doutora cheia de estórias pra contar, ela tem até um jaleco branco e um daqueles aparelhinhos que se usa para ouvir o coração.
Hoje estou me sentindo a elegância em pessoa, não imaginei que ainda usaria uma gravata. Tenho sessenta e sete anos, vou levar minha menina ao altar. Ela esta linda, já minha mulher esta horrível, não para de chorar um minuto.
Tenho uma nova ajudante em meu sitio, minha neta mais nova descobriu que minhocas vivem em baixo da terra, e não cansa de procurar por elas. Quando as encontra, querendo ou não tenho de ir pescar, pois fui eu que lhe ensinei que os peixes adoram minhocas. As opções eram as seguintes:
Eu ia pescar, ou ela deixava as minhocas no sofá. Segundo sua teoria em baixo da terra era quente, portanto se eu não usasse as minhocas elas ficariam com frio, sendo assim ela escolheu o sofá que era quentinho como seu deposito de minhocas, minha mulher me olha com aquele olhar de quem me fará comer as minhocas a qualquer momento. Querido diário tenho sessenta e oito anos, e nunca pesquei tanto em minha vida.
Tenho sessenta e nove anos, descobri que estou um pouco doente, minha mulher disse que caso eu não morra ela mesmo me mata.
Seu olhar agora é do tipo, eu avisei, eu avisei.
Disseram-me para repousar, e não cuidar do sitio, com certeza estão fazendo um complô para adiantar minha morte, como posso ficar longe dos meus bichos, ou melhor, animais?
Estão todos em volta de mim, às pessoas que mais amo no mundo, vieram comemorar meus setenta anos, com certeza este é o dia mais feliz da minha vida.
Minha filha esta esperando um menino.
Minha mulher às vezes chora num canto escondido, quando percebe que os remédios não estão fazendo efeito. Por mim não tomaria remédio algum, sei que tudo vai terminar bem.
Tenho setenta e um anos de idade, me lembro de que aos três correr e me equilibrar era difícil, hoje andar e me equilibrar também é um desafio. Doenças degenerativas fazem seu corpo apodrecer como fruta que foi tirada do pé.
Meu neto é lindo.
Minha mulher não entende, mas rezo para que seja eu o primeiro a partir. Por Deus o que eu faria sem ela aqui?
Querido diário lembra quando aos vinte e cinco eu descobri que não sabia muita coisa? Pois bem, hoje sei algumas, sei, por exemplo, que esse tal homem de sucesso não existe. Procurei-o em meus carros, na minha conta bancaria na cerca pintada de branco do meu sitio, nas comidas, nas viagens e nos objetos que comprava e posso afirmar diário ele não estava lá.
Querido diário, hoje é meu aniversário de setenta e dois anos.
Minha respiração é curta e meu peito doe um pouco, estou sozinho por algumas horas, estão todos cuidando dos preparativos de minha festa. Querido diário você precisa olhar para minha mulher, ela esta mais bela do que nunca, me pergunto como alguém pode ser tão linda suja de terra enquanto colhe flores, ou brava limpando minhocas do sofá?
E meus filhos diário? Reparou como são lindos? Seguiram bons caminhos, e no fundo é isso que importa em nossas vidas.
Minhas netas e meu neto são a minha cara.
Apaixonei-me por varias mulheres, mas amei apenas uma a vida inteira, criei filhos, trabalhei muito, retirei mato de um terreno para construir ali meu sonho, coloquei cada tijolo como se fossem pedaços de minha vida, untei com argamassa forte para que igual a minha família jamais se separasse, plantei coisas e as vi crescer, pois só assim entendemos o verdadeiro valor das coisas. Temos que plantar com nossas próprias mãos.
Ninguém jamais será uma pessoa de sucesso, se não viver o que eu vivi diário.
Trocar fraldas, reformar um cacareco, correr atrás de galinhas, chupar manga embaixo do pé, rir as gargalhadas depois de fazer amor, ver seus filhos bons e bem encaminhados, comer cachorros quentes para fazer as pazes com seu filho, pintar uma cerca de branco e poder contemplar todos os dias um lindo jardim como o de minha mulher. Foi só ai que encontrei meu estrondoso sucesso diário.
Claro que fui um sucesso, estou deitado em um sofá quente e confortável. Você me pergunta qual é o sucesso disso?
Eu lhe respondo:
É que ele esta cheio de minhocas.
Adeus diário.

P.J.S.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eu não tive culpa.

Eu não tive culpa

Eu não tive culpa, quando dei por mim já era feliz assim.
Quando dei por mim, entendi meu amigo, que em noites claras a lua caminha comigo.
Pode ser que as coisas aconteçam sem uma razão, mas acredite absolutamente tudo tem certa explicação.
Passarinhos cantando pela manhã, frutas frescas no pomar, vida simples e sonhos bons.
Amor com sabor de quero mais, acredite é de graça.
É de graça.
O beijo roubado é de graça.
Espreguiçar todo o corpo ouvindo Ivana Spagna cantando Voglio Sdraiarmi Al Sole, é de graça.
Dar um sorriso para todos aqueles que amamos é de graça.
Trabalhar e procurar fazer as coisas com prazer é de graça.
Escrever uma carta, um e-mail ou mesmo uma mensagem de texto para aquelas pessoas que estão distantes pode deixar o dia delas mais bonito, e é de graça.
Reunir bons amigos em volta de uma garrafa de bom vinho e jogar toda conversa do mundo fora é insubstituível, e se todos colaborarem com o vinho, sai quase de graça.
Acordar quem você ama com um beijo de bom dia, é de graça e acredite, não existe melhor forma de começar o dia.
Aquela caminhada no inicio ou no fim do dia, lava a alma e revigora o espirito, e é de graça.
Os melhores amores que você terá em sua vida, são aqueles nos quais não existe interesse, não existem cobranças ou pedido de mudanças, existe apenas o amor e a aceitação, e isso é de graça.
Você deve estar sempre pronto (a) para ajudar seu próximo. Esqueça o dinheiro, na maioria dos casos um ombro, um ouvido, um sorriso e uma boa conversa ajudam muito mais do que qualquer nota, acredite em nosso mundo individualista nunca se viu tantas pessoas com algo á dizer e tão poucas pessoas para ouvir, e ouvir é de graça.
Fazer alguém sorrir, quando na verdade se quer chorar é de graça.
O sol se esconde no fim da tarde e oferece um espetáculo inigualável que é de graça.
A lua que ilumina sua noite pegando emprestado do sol sua luz, é de graça.
A abóboda estrelada, que nos faz refletir na perfeição do universo, é de graça.
Carinho de mãe é de graça.
Eu sabia que a chuva iria durar pouco.
Veja lá no horizonte existe sede de mudança, existe certo Super-Homem que mora dentro de você.
Disseram-me que todo super-homem chora e o mundo com suas idas e vindas é sua kryptonita.
Hora, entenda finalmente que ninguém é feito de aço, mas entenda também que toda escolha tem seu preço.
Quais são seus planos para amanhã? Qual é a duvida que não quer calar? Qual é o pulso que não quer pulsar? O coração que não quer bater e o olho que não quer ver?
Existem ninhos que são seguros, mas só os são até a primeira ventarola, existem vidas que murcham folhas que caem e pensamentos que apodrecem.
Eu não tive culpa, pois de uma hora para outra o ontem virou amanhã, o dia virou noite, o amargo virou doce e eu sorri de volta para alguém sentado ao meu lado.
Pergunto-me que ventania é essa que me ensurdece os ouvidos. Dizem os mais sábios que vento forte com chuva rala é coisa lá de cima ou lá de baixo.
Eu realmente não tive culpa, resolvi apertar o botão errado e ser feliz para sempre, pode me olhar nos olhos eu deixo, mas não me responsabilizo por um grama dos seus quilos de porquês.
Caso queira me vender sua ideia de felicidade e desconfiança passe amanhã, pois não tenho trocados agora, e sei que a vida de quem não vive intensamente vale apenas alguns trocados.
Fale com a garota bonita da recepção, ela vai te pagar um café frio e um bolinho murcho. O café é frio de fé e o bolinho é murcho de esperança.
Caso não consiga encontrar a recepção só vai restar decepção.
A culpa foi do mundo que girou rápido demais, quando paramos para pensar já foi.
Quando paramos para decidir os olhos brilham demais e nosso espirito tem medo, a pele arrepia o corpo treme e os sonhos incomodam.
A culpa não foi minha, foi da pedra que era dura de quebrar, foi do arco-íris que demorou á brilhar foi da duvida e do medo que demorou a cessar.
Veja, no meio daquelas árvores existe um grupo de pessoas entoando cânticos proibidos e estranhos.
Eu acordei antes do sol nascer e você não estava lá.
Eu vi coisas que não posso te contar.
Segregaram em meu ouvido que isso se chama zona de conforto, eu gargalhei com tamanha imbecilidade.
Logo você? O milagre máximo da criação, medrando por conta de alguns poucos desafios?
Eu juro que não tive culpa.
O culpado foi o tempo que fez pacto com vento.
O culpado foi o temor que ficou de mal com o amor.
Love is all.
Love is all.
Eu não inventei a frase, porém concordo com ela plenamente.
Um dia, você vai se incomodar, vai querer se libertar e vai querer voar – Você se lembra como se faz isso?
Não?
Então vamos ao ABC das asas abertas.
1 - Mande alguns preconceitos se foderem.
2- Corra na chuva.
3 - Chore de felicidade por estar vivo (a).
4 - Ouça menos conselhos e ouça mais seu próprio coração.
5 – Mostre o dedo para os donos da verdade que não se arriscam a pisar em poças d’agua para não sujarem seus lindos sapatos.
6 – Entenda que sua vida é o que você faz dela e não o que você aceita.
7 – Acredite apenas em historias baseadas em fatos reais, existe gente demais falando sobre aquilo que não viveu.
8 – Cale mais, ouça mais e julgue menos.
9 – Pare de condenar o passado e agradeça, pois sem ele você não seria metade daquilo que é.
10 – Ultimo, mas não menos importante, olhe-se no espelho e descubra se aquilo que você desejava está lá.
Use, mas não desperdice. Ame mas seja amado (a). Procure, mas antes mereça encontrar e nunca se esqueça de sonhar.
Eu não tive culpa, quando dei por mim estava me lembrando de tudo que se passa.
Não contive a gargalhada quando me lembrei de que a felicidade e os sonhos são totalmente de graça.

P.J.S

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Fé, Raízes, Coisas do Passado e Despedidas.

Fé, Raízes, Coisas do Passado e Despedidas.

Quando vemos uma árvore cheia de frutos, contemplamos a árvore comemos seus frutos, mas quase nunca pensamos em suas raízes.
Passaremos por esta mesma árvore centenas de vezes, veremos como seu tronco é grosso, veremos como suas folhas se renovam a cada primavera, sentiremos o cheiro de seus frutos e veremos a beleza de suas folhas e flores.
Esta mesma árvore só foi capaz de gerar frutos, nos dar sombra e beleza graças a sua profunda raiz. Raiz esta que não vemos.
Está raiz cresceu em silêncio, perfurou a terra com calma e aos poucos foi encontrando seu espaço. Assim também é com algumas pessoas que cruzam a nossa existência.
Gosto particularmente das pessoas que são como as árvores, essas pessoas mostram sua beleza e dão sua contribuição sem alarde, sem a necessidade de serem notadas e quando menos esperamos elas criam raízes em nosso peito.
É para essas pessoas que dedico minha fé e meu tempo.
É para essas pessoas que presto esta homenagem e faço esta pequena reverencia.
Essas pessoas um dia podem precisar partir, mas desejo que todas aquelas que amo partam com a convicção de que foram amadas.
Dedico minhas orações para todos que partiram para outros lugares e para aqueles que partiram dessa terra.
Sei que minhas orações são simples e pequenas, enquanto meus defeitos e pecados são grandes. Mas dedico minha fé para todos que me perdoaram e a todos que perdoei afinal beijar um amigo é muito fácil, difícil mesmo é abraçar um inimigo.
Vivemos num mundo belo, mas cheio de mazelas e tudo que desejamos é está tal paz que é gritada aos quatro ventos, tudo que desejamos é que o momento da partida para aqueles que nos são caros nunca chegue. Mas a vida que acontece com um pouco de nós e com o sabor do vento se nega á satisfazer todos os nossos caprichos.
Nossa raiz precisa ser forte, precisa ser solida, mas somos jovens de zero a cem anos que construímos nossas raízes aos poucos e de maneira lenta, e é claro não poderia ser diferente, pois a vida não é o que se vive e sim como se vive.
Existe o passado sim.
O passado que é tão útil para cientistas, professores, pesquisadores e todo ser humano que deseja aprender com ele, mas apenas aprender, pois conviver com ele não é saudável.
Existe a duvida sim.
Mas dedico este texto aos que vão partir e tiram suas duvidas sem esperar para amanhã.
Eu mesmo já parti muitas vezes, em alguns casos descobri que era apenas uma ilusão.
A partida é como a historia daquele jovem que teve um sonho.
Em seu sonho ele viu um grande tesouro enterrado em uma terra distante, e transformou a busca por este tesouro em seu objetivo de vida.
Depois de longas viagens e grandes aprendizados misturados com grandes amores e grandes decepções o jovem regressa para seu lar e descobre que o tal tesouro estava enterrado em seu quintal.
O que realmente descobri em todas as minhas partidas e regressos foi que aquilo que sempre busquei estava escondido dentro de meu peito, descobri que a inquietude e a duvida me colocavam em movimento. A inquietude pode ser algo bom, é através dela que desejamos descobrir, conhecer e melhorar algo ou á nós mesmos, já a duvida é péssima companheira.
Toda duvida merece e precisa ser passada á limpo, e é por isso que partimos, pois precisamos ver este pote cheio de tesouros e mudanças com nossos próprios olhos ou encontrar um pote vazio.
Caso depois de sua partida e sua procura seu pote esteja vazio, não se desespere, pois sempre existe um lugar para onde se pode regressar, chamamos isso de lar. Esqueça casas com cobertura, sacadas e vistas bonitas.
Lar é onde seu coração dorme tranquilo, é onde sua alma descansa é onde você não faz planos para amanhã, pois se mantem ocupado (a) demais vivendo o hoje.
Eu dedico minha fé á todos que partem, pois sei que precisam disso, caso encontrem aquilo que buscam merecem a felicidade e caso não encontrem, merecem que estejamos aqui de braços abertos esperando por eles (as).
As coisas do passado precisam morrer, as coisas boas precisam criar raízes e as despedidas são inevitáveis.
É pedir por proteção, é desejar que seu anjo vá na frente para te proteger e mostrar o caminho.
É desejar que os ventos sejam favoráveis na sua navegação.
É desejar que o amor esteja sempre presente em sua vida, mas pedir também que não se esqueça jamais do amor mais importante, que é aquele que carregamos dentro de nós. É com esse amor que construímos, é com esse amor que evoluímos e é também com esse amor que partimos.
Se tiver que partir, pode ir, vou te guardar no coração assim como guardei todas as pessoas que já se foram.
Que tipo de amor temos dentro de nós?
Qual profunda são nossas raízes?
Quantas vezes precisaremos partir?
Quantas vezes precisaremos regressar?
As necessidades de nosso povo humano são realmente imensas, tantas perguntas que só serão respondidas na hora certa, tantos momentos que só serão vividos no momento exato e nós aqui com toda essa impaciência.
O que se pode fazer é mudar a vida.
Pois enquanto não criamos raízes, enquanto não matamos o passado e enquanto não mudamos a vida a verdade é que a vida não muda.
A verdade é que às vezes precisamos partir, e temos a certeza de que a mala mais pesada que levaremos vai dentro do nosso coração, pois é lá que levaremos toda a nossa saudade, todas as nossas duvidas e todo nosso medo.
A verdade é que fé é algo mais que necessário.
A verdade é que raízes quando são arrancadas deixam marcas profundas.
A verdade é que quando não resolvemos nosso passado, ele pode nos atormentar por uma vida inteira.
A verdade é que despedidas nos fazem chorar.
Partir no dicionário significa – Viajar, retirar-se – Ir embora.
Mas significa também – Dividir em partes, quebrar – fazer em pedaços.
Talvez tenham usado estes últimos significados porque é exatamente assim que fica nosso coração, quando aqueles que amamos partem de nossas vidas.

P.J.S

terça-feira, 14 de setembro de 2010

José e a nuvem.

José e a Nuvem.

José apertou o botão de numero cinquenta e oito do elevador.
Todos cumprimentavam José com respeito e admiração, não era pra menos, já que José era o mais alto executivo daquele lugar.
José não dizia nada, mas em segredo gostava daquela bajulação.
Sua maleta tinha cheiro de couro legitimo, seu terno estava impecável como sempre.
Quem o observava, poderia ter facilmente a impressão de que ele havia nascido para aquilo.
Olhar compenetrado, semblante altivo e uma postura que impunha respeito.
E assim José caminhava para aquele que seria o seu primeiro dia naquele prédio.
Após muitos anos de trabalho, José estava ágora subindo os andares de seu sonho mais ambicioso. O edifício era lindo, as janelas tinham vidros espelhados, a recepção tinha mesas de mármore e todos os andares tinham ar condicionado e jardim de inverno.
Estava tudo pronto para receber o Senhor José, como todos o chamavam.
O café estava quente, os biscoitos servidos e meia dúzia de secretarias aguardavam as ordens do dia.
O elevador finalmente chegou ao seu destino, as portas se abrem e um José radiante vai até a sua sala. O próprio José havia elaborado o projeto para aquela sala, era espaçosa e as vidraças eram totalmente transparentes.
- Eu quero ver o mundo aqui de cima – Dizia José.
José gostou daquilo que viu, sua mesa era de madeira de lei, quadros com temas clássicos cobriam as paredes, um belo carpete cobria todo o chão e um confortável sofá completava a mobília.
José observava tudo com calma, degustando cada detalhe, inspecionando cada canto e sorrindo por dentro de tanto contentamento.
Até aquele momento sua vida havia sido feita de vitórias, seus sonhos haviam se tornado realidade, seu trabalho e perseverança haviam dado frutos e aquele prédio era a maior prova disso.
Seu prédio, sua empresa e centenas de funcionários ao seu dispor. Cabia a José continuar trabalhando e aumentar o seu império.
José se aproximou das vidraças transparentes de onde podia ver o mundo, mas infelizmente naquela manhã algo saiu errado. A mãe natureza, totalmente desavisada dos planos de José, colocou nuvens enormes no céu impedindo assim que ele comtemplasse o mundo como havia planejado.
José estava sozinho em sua sala, e se perguntava como aquelas nuvens podiam ter o atrevimento de estragar um dia que deveria ser perfeito.
José praguejou contra a nuvem, mas sabia que uma hora elas iriam embora. José sabia se fazer obedecer, sabia conquistar o que queria, mas quanto as nuvens não havia muito o que fazer a não ser esperar que elas se dissipassem e mostrassem um lindo dia ensolarado, para que assim José pudesse contemplar o mundo de seu pequeno mundo.
Mas existem momentos na vida, que não avisam quando vão chegar, pois não estão programados não podem ser calculados ou previstos.
José voltava para sua mesa quando viu sobre ela algo que não tinha colocado ali.
A moldura estava gasta pelo tempo e a foto era em preto e branco, mas José podia identificar facilmente aquele rosto – Era seu pai!
José sentou-se em sua cadeira de couro e segurou aquele pequeno tesouro em suas mãos.
Seu pai era um homem de caráter e José gostaria muito que ele estivesse ali para assistir o seu sucesso, o que infelizmente não era possível, pois aquele homem admirável havia falecido assim que José sairá da Faculdade.
Aquele dia estava planejado para ser um dia de comemorações dos sucessos conquistados, mas olhando a foto de seu velho pai, José pensava apenas em tudo e todos que havia perdido.
Lembrou-se de sua infância e da escola.
Sua família era muito simples e pobre, José ia para a escola com as roupas que eram doadas pelos amigos da família.
O pai de José era funcionário de uma grande empresa, mas era apenas um faxineiro e seu salario era o suficiente apenas para o alimento e as prestações da pequena casa onde viviam. A mãe de José costurava em uma velha maquina e com o pouco que ganhava ajudava o marido com as despesas.
José começou a trabalhar muito cedo e muito cedo aprendeu o significado da palavra dificuldade, era difícil trabalhar e estudar. Mas José tinha aquele tipo de força que move todos aqueles que enfrentam dificuldades, mas não aceitam serem tragados por elas.
José estudou e trabalhou muito, fazia pequenos bicos com seu pai nos fins de semana e juntava algum dinheiro para a faculdade.
A comida era simples, as roupas eram simples, mas os sonhos eram gigantes e como não existe nenhuma critica ou pessoa que consiga derrubar grandes sonhos, José pouco a pouco viu sua vida mudar. Seu pai com muito empenho e muita faxina, conseguiu realizar o sonho de ver José em uma faculdade.
A vida da família estava melhorando, mas uma única coisa nunca mudava, seu pai e sua mãe eram as mesmas criaturas simples de sempre, certo dia depois de conseguir um novo emprego José chegou em casa radiante disposto á levar os pais para jantar fora e comemorar a nova conquista.
Os pais de José é claro se recusaram na mesma hora, sua mãe lhe disse que podiam comemorar ali mesmo, pois havia preparado galinhada seu prato favorito, o pai de José lhe disse que podia se atrapalhar com os talheres de um restaurante, mas concordava em comemorar com aquele lanche que José lhe trazia de vez em quando da rua.
José mesmo com a recusa dos pais, saiu com um sorriso no rosto para buscar os lanches dos quais o pai tanto gostava. O lanche era simples, feito com tomate alface e frango, seu pai chamava de lanche da preta, pois se lembrava de que no sitio de seu falecido avô havia uma galinha com esse nome – José gargalhava com as histórias do pai.
Poucos meses após o fim da faculdade, o pai de José faleceu meses depois sua mãe foi ao encontro do esposo.
Em todos esses anos e até aquele momento, José não havia parado realmente para pensar naquilo, e foi assim que José descobriu que precisava chorar.
E chorou, chorou lembrando-se da vergonha que sentia na infância por saber que seu pai limpava banheiros, chorou, pois se lembrou de que entre tantos funcionários não conhecia nem mesmo meia dúzia pelo nome, chorou, pois sabia que tudo que havia conquistado jamais substituiria aquilo que havia perdido – José havia perdido sua humildade.
José chamou uma de suas secretarias e inquiriu dela quem havia colocado aquela foto em sua mesa, pois a ordem não havia partido dele.
A secretaria prometeu que descobriria isso o mais rápido possível, mas ficou preocupada em ver que o patrão tinha os olhos rasos d’agua.
José chorava, pelos amigos dos quais tinha se afastado, chorava pelas pessoas que havia magoado enquanto construía seu império.
Minutos depois sua secretaria surge com uma senhora que José não reconheceu de imediato.
Dona Aparecida era uma adorável senhora de sessenta anos, as rugas pelo rosto deixavam transparecer uma vida difícil e pelo uniforme que vestia José não teve duvidas - Dona Aparecida era uma das faxineiras de seu prédio.
- Senhor José, esta é a Dona Aparecida nossa faxineira, ela diz que lhe conhece e diz também que foi ela quem colocou a foto em sua mesa depois que acabou de limpa-la.
José pediu para ficar á sós com aquela pequena mulher de ar assustado.
- De onde a senhora me conhece? – perguntou José.
- Depois que seu pai faleceu, sua mãe ficou muito doente o senhor tinha acabado de terminar seus estudos e não podia ficar em casa, sempre fui vizinha e amiga de sua família e o senhor me convidou para trabalhar em sua casa e cuidar de sua mãe, meses depois infelizmente ela se foi. O senhor me disse que estava montando um pequeno escritório e me ofereceu novamente um emprego, nos últimos dez anos a cada novo escritório eu tenho lhe acompanhado e aqui estou.
- passei muito tempo com sua mãe, mas conheci pouco o seu pai. Sua mãe falava dele como quem fala de um herói, me falou sobre os sonhos que ele tinha para o senhor e me falava da certeza que ele tinha de que o senhor venceria nesta vida. Foi por isso que achei que o senhor ficaria contente em vê-lo todos os dias sobre a sua mesa.
José não deixou mais a mulher falar, pois sabia que as lagrimas voltariam a qualquer momento.
Pediu para que Dona Aparecida ficasse na sala e chamou vários funcionários, apertou a mão de todos que chegavam e apresentou todos á Dona Aparecida. Deu ordem para que os móveis fossem tirados e levados para um escritório no andar térreo.
Disse para Dona Aparecida que não queria mais olhar o mundo ia se dedicar a olhar as pessoas.
Dona Joana não entendeu absolutamente nada, mas ficou feliz quando recebeu um abraço do patrão e desceu o elevador abraçada com ele e a foto de seu pai.
- Dona Aparecida eu preciso de dois favores – Pediu José.
- Procure, por favor, uma foto de minha mãe, pois os dois faziam um belo par e quero sempre os dois aqui reunidos em minha mesa. O segundo favor e mais simples, é quase hora do almoço e eu gostaria muito de comer um daqueles lanches com alface, tomate e carne de frango, esse lanche me faz lembrar a preta uma galinha de estimação de meu avô.
Dona Aparecida caiu na gargalhada, mas prometeu conseguir o lanche.
José estava na sua sala do piso térreo e olhou pela janela, o céu estava azul e as nuvens haviam se dissipado ele resolveu fazer um passeio por todas as salas de seu prédio, por onde passava recebia um olhar assustado e em troca retribuía com um sorriso nos lábios.
José estava voltando a viver, enquanto seu pai cheio de orgulho lhe observava de cima de sua mesa.

Em alguns dias as nuvens vão nos impedir de ver o mundo, mas podemos sempre ver e admirar as pessoas maravilhosas que fazem parte do nosso mundo.

P.J.S

domingo, 5 de setembro de 2010

Prazer em conhecer.

Prazer em conhecer.

Prazer em conhecer, seja lá quem for você.
Saiba que o prazer é todo meu.
O meu nome não é tão importante, venho de um lugar qualquer e sou simples e complicado, exatamente como você.
Podemos deliberar sobre as coisas da vida, falar bobagens, imaginar que somos heróis de nos mesmos ou simplesmente ficarmos aqui olhando o horizonte, enquanto me fala sobre você.
Podemos debater sobre filosofia e tentar desvendar o mistério que envolve a existência.
Podemos tomar mais um gole e assumir que não somos tão sábios assim, não me fale sobre sua fé ou sobre suas dores, pois não acredito nessas coisas.
Pegue em minha mão, vou te mostrar que o mundo é maior que seu quarto, vou te mostrar que nem Deus e nem o Diabo são culpados de coisa alguma.
Vou te fazer poucas perguntas, mas desejo respostas sinceras.
Ouvi li e vi todo tipo de reclamações, as pessoas brincam de felicidade em seus quintais e penduram suas esperanças em varais.
Podemos fazer uma viajem de balão como Júlio Verne, podemos ler Os miseráveis, podemos contemplar Picasso, viajar pelo espaço e fazer parte do cangaço.
Como diria Zé Rodrix:

Eu vou virar a própria mesa,
Quero uivar numa nova alcateia,
Vou meter um "Marlon brando" nas ideias,
E sair por aí,
Pra ser Jesus numa moto,
Che Guevara dos acostamentos,
Bob Dylan numa antiga foto,
Cassius Clay antes dos tratamentos,
John Lennon de outras estradas,
Easy Rider, dúvida e eclipse,
São Tomé das letras apagadas,
E arcanjo Gabriel sem Apocalipse.

Podemos estender uma toalha na grama e dividir nosso lanche com as formigas, podemos cantar mais uma canção alegre antes que o vinho acabe.
Sabe meu amigo, estou ouvindo Amazing grace tocada por André Rieu, tenho a impressão que tudo fica mais belo á minha volta.
Prazer em te conhecer, sinto muito se te magoei antes mesmo que fossemos bons amigos, mas entenda você não me conhece o suficiente.
Prazer em te conhecer, espero que nos vejamos por ai na estrada.
Eu sei, eu sei, dizem que cada um escolhe seu caminho, mas eu não acredito nestas bobagens meu amigo. Eu acredito que as pessoas escolham suas profissões, acredito que escolham as cores de suas roupas, sua comida favorita, sua trilha sonora, seu conjugue, mas caminho não amigo, caminho não.
Caminho é um negócio longo demais para escolher, em alguns casos precisamos mergulhar naquilo que queremos conhecer, ou teremos uma vida inteira para julgar aquilo que verdadeiramente não conhecemos.
Caminho não se faz pela manhã e se termina á tarde, caminho se faz até a morte, e acredite nesse meio tempo você ficará confuso de vez em quando, precisará de ideias e pessoas que te mostrem uma direção.
Talvez você pense em desistir, talvez pense em mudar de caminho e pode ter certeza que isso é um direito seu dado pelo próprio Deus.
Caminho é negócio perigoso, é coisa que te faz feliz e te dá vontade de abraçar o mundo, ou pode te fazer chorar por uma noite inteira.
Não podemos ir até o supermercado mais próximo comprar quilos de novos caminhos, podemos escolher alguns sim, mas não sem pagar o preço pela sua escolha.
Venha amigo, segure minha mão atrás daquela cachoeira existe uma pedra onde podemos descansar.
Prazer em te conhecer, talvez, possamos dizer coisa agradáveis um para o outro, eu tenho bons amigos que irão te fazer uma visita á noite durante teus sonhos, eles sussurram segredos em teus ouvidos, falam sobre coisas que acontecem quando as cortinas se fecham ou quando as mascaras caem.
Prazer em te conhecer, obrigado por não agredir meus ouvidos com lamentações e porquês, obrigado por seu meu companheiro nesta estrada.
Preciso muito de você meu novo amigo, pois somos tolos e imaginamos que podemos escolher tudo e todos aqui em baixo e o que é pior, não percebemos quando somos escolhidos.
Somos egoístas, nos achamos donos das estradas que trilhamos e temos a ousadia de tentar pregar para ateus, quando na verdade falta-nos fé para nós mesmos.
Prazer em te conhecer, coma um pouco de meu alimento, compartilhe comigo este momento.
Vamos fazer um Ágape fraternal, vamos juntar nossas mãos pois meu sangue com seu sangue se tornam um sangue mais forte.
Consegue ouvir isso meu amigo?
São gaitas-de-foles proibidas tocando musicas proibidas.
Consegue ver isso meu amigo?
É o novo iluminismo chegando.
Novos livros serão escritos, novos quadros serão pintados e os livres pensadores nos mostrarão o caminho para a liberdade.
Veja meu amigo, Maximilien Robespierre esta gritando o argumento da liberdade:
"A mesma autoridade divina que ordena aos Reis serem justos, proíbe aos povos serem escravos".
Tome meu amigo, segure esta bandeira ela não tem brasão, não tem letras nem propósito de guerra, ela não tem cor e nem mesmo nome.
Nossa bandeira é branca, pois significa paz, mas também é branca para que novos desenhos, pensamentos e sonhos sejam bordados nela.
Prazer em te conhecer, agora que sei um pouco mais de ti não te julgarei, não fingirei que te conheço, sei que caminhar ao meu lado é penoso, mas aguenta firme, pois lá na frente existe um poço onde beberemos água fresca.
Alguns te dirão que sois louco, por ser meu amigo e caminhares ao meu lado, mais aguenta firme, pois depois do arco-íris existe um vale cheio de flores, as crianças brincam em um riacho, os pomares estão repletos de frutas e a grama é verde.
Prazer em te conhecer meu bom amigo, agora sabemos que podemos caminhar juntos, sabemos distinguir entre bem e mau e sabemos também que ambos são construções nossas, sabemos que fomos corajosos em chegar até aqui.
Um novo mundo nos espera, pois não morremos de medo na esquina da vida, cruzaremos o umbral do oráculo dos Delfos antes do anoitecer, descobriremos nossos medos e qualidades, conversaremos com o velho sábio e faremos perguntas sobre a vida.
Entenda que talvez os sábios afinal não saibam tudo, nesse caso ainda podemos fazer um brinde ao que temos por descobrir, pois apenas o fato de querermos descobrir antes de julgar é sinônimo de coragem e sabedoria, mas não sejamos tolos meu amigo em pensar que somos imbuídos apenas de coragem, pois eu ainda concordo com Nietzsche que disse:
"Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem."
Prazer em te conhecer meu eterno amigo.
Amizade (Do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar).

P.J.S

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Recomeçar.

Recomeçar.

Qual é a melhor maneira de se levantar depois da queda?
Qual é a melhor forma de ficar em paz consigo mesmo?
Como é que se recomeça algo?
Chegamos á esse mundo sem manual de instrução e sem direito a assistência técnica.
Nos momentos confusos da vida, nunca se encontra um guru na esquina, pronto para nos dizer aquilo que precisamos ouvir.
Na maioria dos casos, nem nós mesmos sabemos o que precisamos ouvir.
Talvez seus pais tenham se separado, e você precise recomeçar, se adaptar e seguir em frente. Mas a pergunta é: Como se faz isso?
Talvez por um milhão de motivos, seu relacionamento tenha chegado ao fim, a pergunta é, e agora?
Noite com amigos? Um bom porre? Aquela caixa de chocolate?
A ciência ainda não provou a eficácia desses métodos, mas o efeito placebo é comprovado pela voz do povo, e como a voz do povo é a voz de Deus...
Talvez você tenha perdido um ente querido, aquele melhor amigo (a) foi viver em outro estado ou país, talvez você tenha se decepcionado com algum amigo, talvez você esteja descontente com as taxas de juros praticadas pelos bancos.
Como se começa algo novo?
Como se segue em frente?
Conheço pessoas que seguiram em frente, mas sempre se perguntam se seguiram em frente da maneira certa, se estão vivendo os sonhos que sonharam á anos atrás.
E você? Quantas vezes precisou recomeçar este ano?
Sua vida é um sonho realizado de cinco, oito dez anos atrás?
Ouvi certa vez que cada dia é uma nova oportunidade e acredito sinceramente nisso, o problema é que mesmo com um novo dia às vezes não nos sentimos aptos a prosseguir no processo de recomeçar.
Seja pelo medo, pela saudade ou pelo sentimento de passar anos achando que perdemos algo, alguma coisa ou alguém.
Quem você perdeu?
Quem perdeu você?
A vida é rápida demais, a internet é banda larga, o cinema agora é 3D, estamos sempre em busca de algo e não temos tempo para pensar nestas bobagens.
Durante uma semana inteira fiz uma pesquisa que foi a seguinte:
Liguei para quase todos os números de minha agenda telefônica, visitei alguns amigos que já não vejo tanto assim, pois alguns estão casados e criando seus filhos.
Enviei um e-mail com o mesmo conteúdo para todos aqueles que não consegui contatar.
Cheguei a três conclusões importantes sobre está pesquisa rápidas.
1° – Graças a Deus eu tenho muitos e bons amigos.
2° – Caso você não faça sua parte no esforço de manter uma amizade, vai perdê-la ou vai começar a receber apenas e-mails encaminhados, daqueles que clicamos em enviar para todos e pronto está feito. Até porque nos dias de hoje parar para escrever algumas linhas para alguém que amamos é um absurdo, se alguém quiser falar comigo que crie um MSN.
3° – A terceira conclusão, no entanto foi a mais incomoda para mim.
Em pelo menos 60% por cento das respostas por e-mail, telefone ou pessoalmente, ouvi uma frase que deve estar na moda.
“Estou na correria”
Que diabos de correria é essa?
Seria a “Correria” a nova doença do século XXI?
Quando olhamos para alguém na multidão, não sabemos seu nome, não sabemos qual é sua religião, não sabemos se está pessoa é da região ou é imigrante, não sabemos quais são os sonhos que carrega consigo, enfim não sabemos absolutamente nada sobre essa pessoa, a não ser uma única coisa que não sabemos, mas podemos observar - Essa pessoa estará com pressa, estará olhando para um relógio ou estará andando em velocidade de maratona olímpica.
Alguns dirão:
Mas a vida é assim mesmo, tudo é corrido o tempo é curto, a pressão é grande Etc.
Será?
E o café da manhã com sua esposa, como fica?
E aquela tarde que você brincaria com seu filho?
E aquele amigo que você prometeu visitar qualquer hora dessas?
E aquele livro que você quer ler?
Aquela canção que você quer ouvir?
Você não está atrasado (a) para levar alguém para dançar?
E aquele vinho que você ia abrir enquanto cozinhava seu prato favorito?
As tragédias da vida nos tornam mais humildes, tudo aquilo que perdemos nos ensina á valorizar o que temos, as nossas conquistas nos ensinam que somos capazes de mais um pouco, no entanto as oportunidades que perdemos nos ensinam que existem certas coisas que simplesmente não voltam e uma dessas coisas é o tempo.
Talvez seja esse o motivo de tanta correria.
Mas caso você descida viver nesta correria, pergunte-se, se pelo menos esta correndo para o lado certo.
Pois as pessoas sensatas que conheço e estão na correria, fazem isso no fim da tarde com uma musica no ouvido e um tênis confortável nos pés.
Se a pessoa que você ama não faz parte desta correria, se a correria substitui uma boa conversa com seu filho, se sua correria dura a semana inteira e quando você faz um balaço da mesma, sente que mais correu do que construiu ou viveu, cuide-se você esta correndo sem sair do lugar.
Qual a melhor maneira de se levantar depois da queda?
Com toda certeza não é correndo.
O melhor momento da viajem não é partir e nem chegar, o melhor momento é quando estamos olhando pela janela.
A pessoa pela qual eu sempre fui apaixonado e me ensinou coisas fantásticas, andava lentamente e até seu sorriso parecia estar em câmera lenta. Eu a chamava de mãe.
Sem correria.
O bate papo mais edificante sobre carreiras e profissões que tive nos últimos meses, foi em um shopping enquanto tomava cappuccino gelado. O sujeito me falava sobre suas paixões, sobre o que faria na faculdade. Ele esta em busca de algo que junte a questão ganhar dinheiro e fazer o que gosta, ou seja, esta no caminho certo, mas decidimos esperar mais alguns anos para resolvermos esta questão, afinal ele é meu filho e tem apenas 12 anos.
Sem correria.
Talvez você ache tudo isso uma bobagem, mas acredite recomeçar é isso.
É respirar mais fundo, é dar mais valor e mais amor para aqueles que te cercam.
É viver com mais consciência e menos correria.
Talvez você tenha perdido muito, talvez você esteja correndo e vendo sua vida passar, talvez você não esteja sabendo recomeçar, mas fique tranquilo (a) ninguém por aqui sabe.
Não existem receitas prontas.
Mas parar de correr um pouco e olhar sua vida pelo lado de fora é um bom começo.
Vá tomar um sorvete, brinque de pique esconde, tome um banho de mangueira, mude as cores das paredes, saia para dançar, sorria sete vezes ao dia e não se esqueça de agradecer por mais um dia onde você pode recomeçar.
E antes que eu me esqueça.
Obrigado. Pois apesar de toda “Correria” você encontrou um tempo para ler esse texto.
Recomece antes que seja tarde demais.

P.J.S