terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Você já tem tudo o que precisa - Namastê.





Falando sobre os fardos da vida, eu não sei se Deus brinca com seus filhos medindo o peso desses fardos que eles podem ou não carregar.
Acredito num Deus que sempre me deixou livre para fazer todas as minhas escolhas, (inclusive as escolhas erradas), e, é por essas escolhas que sou feliz, que pago um preço, que me decepciono e aprendo, que choro de alegria ou de tristeza, que mudo ou permaneço, que me aproximo ou me afasto e que me salvo ou me condeno.
Não sei se o seu livro sobre 5 passos para o sucesso, 10 passos para a felicidade e 7 passos para uma vida melhor, realmente cumprirão o que prometem. Na dúvida, leia bons livros.
Se sua mãe te lembra de levar o agasalho, se te alerta para que não se meta em confusão e tome cuidado com esse tal de amor, você tem o que precisa.
Se a comida é servida em sua mesa, mesmo que a mistura não seja farta, você tem tudo o que precisa.
Se a saúde não vacila, se a vontade não se apaga e o sonho não morreu, acredite, tudo pode ser possível.
Vá de branco, de amarelo, de vermelho ou até de preto se preferir. A melhor roupa é aquela que tem um ser humano dentro dela.
Se é possível escolher a roupa, ou abrir um guarda-roupas cheio delas e dizer que não tem roupa para ocasião, acredite, você tem tudo o que precisa.
Para alguns é um dia no calendário, para outros é dia de ganhar alguns quilos e fazer resoluções sobre a perda desses quilos.
Talvez você deseje uma vida mais saudável, retire aquele sonho da gaveta, engate um novo projeto ou inicie um novo amor, mas se você pode iniciar ou mudar as coisas a sua volta, acredite, você tem tudo o que precisa.
Cante, pule, dance ou medite e faça uma higiene mental. Beba champanhe, cerveja, vinho ou beba água, mas comemore com o mundo, comemore com sua família ou com você mesmo.
Não prometa o impossível, de preferência não prometa nada. Invista sua força em fazer, construir, mudar, resolver e evoluir.
Construa seu ano novo e não deixe que tudo se resuma a uma contagem regressiva. Se além de desejar um feliz ano novo, você puder fazê-lo feliz de verdade, acredite, você tem tudo o que precisa.
Vai na fé, quando abraçamos esse desafio chamado vida, e não esperamos apenas flores, mas descobrimos que é necessário plantá-las, aprendemos sobre beleza e espinhos.
E se você é capaz de identificar beleza em meio a espinhos.
Bondade em meio as indiferenças.
Esperança em meio as mazelas.
Cordialidade e empatia em meio a brutalidade, acredite, você tem tudo o que precisa.

Paulo Joaquim.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Mudanças


Dia desses acordei e o primeiro pensamento que me veio à cabeça é de que as coisas precisam mudar. Não uma grande mudança, mas um incremento que traga novos sabores à rotina do dia a dia. Misturar um pouco as coisas, adicionar limão e gelo à vida.

Esse pensamento emergiu entre um modo soneca e outro do despertador. A luz do dia nem ameaçava as cortinas ainda quando eu virei para lado e disse a minha esposa que eu queria mudar. Ela resmungou algo por meio segundo que deveria ter um significado entre “que excelente ideia! Vamos discutir isso ao longo do dia e identificar as oportunidades de mudança em nossa vida”; “estou feliz como estamos agora, temos que terminar o que começamos para pensar em novas coisas” ou, o mais provável “cala a boca que eu ainda estou dormindo e quero aproveitar cada segundo antes de ir para o trabalho”.

Os detalhes diários são sempre iguais. Não que sejam ruins, mas segue um ritual que invoca certa previsibilidade, como se o destino segurasse sua xícara de café e dissesse, com olhar atento a cada movimento nosso, “eu sabia”.

Todos os dias descemos atrasados pelo elevador do quinto andar. Eu sempre olho no espelho e dou uma última conferida para ver se não esqueci de tirar o pijama e colocar a roupa adequada e ela confere, pela terceira vez, se colocou a chave na bolsa. No carro, antes mesmo de dar a partida, ligo o rádio para ouvir as notícias do dia. Em movimento, iniciamos a nossa própria central de notícias discutindo a pauta padrão: reclamar do trânsito, do presidente, dos filhos do presidente, da economia, da previdência, da aposentadoria. Conforme Curitiba vai se desdobrando a nossa volta, mudamos um pouco o tom e falamos da família, dos amigos, do trabalho. Repassamos alguns recados importantes que um esqueceu de compartilhar com o outro na noite anterior. Eventualmente eu falo sobre o meu mestrado (como um quadro semanal) e ela fala sobre viagens.

Ela desce primeiro. Sempre estaciono mais ou menos no mesmo lugar, em frente ao prédio onde ela passa a maior parte do dia. Dou um beijo na ponta do nariz e nos lábios e desejamos mutualmente um bom dia.

A partir daí, as coisas seguem um curso normal. Enquanto estamos em nossos afazeres, cada um quase que num extremo da cidade, não pensamos mais no que foi conversado, no que programamos e eu nem sequer lembro que acordei pensando em mudar as coisas. É um intervalo onde o essencial da vida escapole para uma pausa e força uma reflexão ausente. Ou apenas tira um tempo para relaxar e assistir a Sessão da Tarde. É o que eu acho.

O trânsito de volta pra casa é sempre um sufoco. Motoristas mal-humorados (mais do que de manhã, antes das dez). O cansaço pesando nos ombros e, em alguns dias, o sono já exigindo a atenção dos olhos incrementa um trajeto de pequenas penitências. Nunca voltamos juntos. Nossos horários no período da tarde não se encontram.

Quando chego em casa, o ritual retoma o controle. Jogo o peso das costas no sofá ao lado da porta. Não quero entrar em casa com carga alguma. Geralmente encontro-a no quarto entretida entre o celular, a televisão ou um livro. Quando entro, não há uma saudação de “boa tarde!”, um “olá!” ou um “como foi o seu dia?”. O assunto recomeça, como se não tivesse existido um intervalo de oito horas desde a última vez que nos vimos. Eu desabo ao seu lado e dou-lhe outra bitoca na ponta do nariz.

- O que você acha daquilo que falei logo que acordamos? – pergunto mudando o canal da TV.

- De que ia chover?

- Não, antes!

- Não me lembro.

- De que eu queria mudar alguma coisa!

- O que você quer mudar?

- Sei lá. Quebrar um pouco a rotina.

- Legal. Fiz frango. Está com fome?

E entre um diálogo totalmente desconexo e uma fala distraída, reparo sorrindo que, na minha rotina, assim como neste texto, a parte mais importante é quando estamos juntos. São esses os momentos que constroem a minha história de verdade. Se eu quero mudar? Sim, quero muito. Quero mudar o tempo e ter mais espaço para escrever as minhas histórias. As partes importantes, sabe?



quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Um brinde aos porres que a vida nos dá.






Um brinde a vida.
Sim, pois a vida é um garçom. Portador de segredos, só ele sabe sobre os murmúrios das mesas. Apenas ele sabe o quanto você bebeu e qual será o valor final dessa conta.
Antes que tudo acabe, você pode se voltar para esse confidente e dizer: Traz a saideira!
A vida é um desses bares fantásticos onde se vive o happy hour, é lá que a sexta feira ganha sentido e a semana ruim é perdoada. É lá que os demônios da semana são esquecidos, as responsabilidades postergadas e todo mudo fica lindo (a) após a quinta dose.
Lá é possível afogar as magoas, se afogar em bebida e afogar-se em dívidas. Dá pra fugir do chefe, da esposa, do esposo, da vida insossa e sem tempero, dá pra fugir até de si mesmo.
Se a vida fosse uma eterna saideira, o que pediríamos antes de fechar a conta?
Talvez estivéssemos tão bêbados de vidas mal vividas, rancores acumulados, sonhos não realizados e dúvidas não respondidas, que o vômito seja inevitável.
Mas como bons bebedores que somos, lavamos a boca, escovamos os dentes, colocamos um sorriso na cara e partimos para novos porres de vida.
Somos tão ousados em nossos drinks, que misturamos amores com ódio, conselhos que damos com vidas que não vivemos, comparamos nossos filhos com os filhos dos outros e culpamos nossos relacionamentos miseráveis, pela falta de felicidade.
Felicidade essa, que desejamos num copo grande, doses cavalares. Melhor ainda se for open bar.
Antes de fechar a conta gostaríamos de nosso coração batendo sem nenhuma artéria entupida, que pernas, braços e nervos ainda funcionem. Que o grau dos óculos não aumente a cada ano e que a coleção de remédios da gaveta ao lado da cama seja só uma fase.
Entre um drink e outro beliscamos conservas, embutidos, frituras e opiniões.
Entre um drink e outro vivemos a ressaca. Ressaca de mais um dia, ressaca de tudo que desejaríamos mandar para o espaço e a ressaca de sermos covardes demais pra isso.
Colocamos limão e um pouco de açúcar na bebida, talvez porque a mistura doce e azedo seja o coquetel da vida. Certas coisas engolimos aos poucos, outras viramos de um só gole.
Reclamamos da demora no atendimento, por vezes o pedido nunca chega.
Por vezes o pedido chega quente, sem gás, sem pressão ou com gosto amargo.
Tomamos alguns tragos de alegria pelo caminho, é verdade. Quando estamos levemente bêbados falamos certas “verdades”, mas não suportamos os porres de sinceridade que a vida nos oferece. Afinal, beber é sair da realidade, é visitar a alegria ou afogar a dor no álcool, pois dor demais só pode ser bactéria, e o que existe de melhor para se matar bactérias do que álcool?
Antes que o tempo acabe desejamos nos conciliar com o passado. Ouvimos que o passado não existe, que o passado é coisa morta e não tem como concertá-lo. Provavelmente tais palavras saíram de um livro qualquer de autoajuda que ocupa um lugar nos mais vendidos da semana.
O fato é que milhões de pessoas dormirão essa noite com decisões que não tomaram a décadas, escovarão os dentes antes de dormir pensando nas coisas que gostariam de terem feito de maneira diferente.
Tomarão café pensando na vida que não possuem, farão amor pensando nos amores que não viveram e trabalharão pensando na profissão que deixaram de escolher.
Bebemos o de sempre, e vez ou outra escolhemos algo mais forte e sem gelo.
Bebemos pelos mortos, pelos vivos e brindamos a saúde. Brindamos o sucesso, comemoramos com a champanhe e fazemos uma libação aos deuses.
É como render homenagens a Baco.
É como acordar de um coma alcoólico sem saber com quantos copos se faz uma vida.
Uma cerveja para amolecer a dureza da vida, um vinho para romantizar as circunstâncias, uma vodca para assustar os neurônios que dormiam e uma caipirinha que nos deixará levemente soltos.
Positivamente bem-humorados, ligeiramente esquecidos e profundamente apaixonados.
Um brinde a vida, a política, ao seu time do coração.
Um brinde ao que deu errado e a sua promoção.
Um brinde ao desemprego e outro ao desespero.
Um brinde ao amor, que nunca se declarou explicável, mas que vivemos tentando entender.
Finalmente um brinde aos analgésicos, energéticos e café preto que nos joga na realidade. Que deixa claro que em detrimento da sexta existe sempre uma segunda. Que nos faz enxergar que afinal nem era tanto amor, mas apenas caipirinha.
Que a vida acontece com ou sem rabo de galo, que o mundo continua a girar em qualquer dia e gira mais rápido ainda quando estamos bêbados de vida.
Mas a casa estará sempre aberta para mais uma dose, esse garçom incansável, estará a postos com sua bandeja, e a fuga bem ali na porta te saldando como uma velha companheira de baladas.
No meio de tudo, beba água.
Numa vida seca e sem sentido hidratação é fundamental, já que a vida é um eterno porre.
Beba com moderação, viva com consciência e peça mais uma rodada.

Paulo Joaquim.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Pode ser que sim, mas também pode ser que...


Pode ser que você fique milionário (a) no próximo sorteio de loteria, mas pode ser também que a vida te pegue numa curva aos cinquenta sem ter feito o que queria.
Pode ser que você tome decisões importantes, mas existem momentos na vida em que decisões importantes resumem-se a tomar um café e rir das circunstâncias.  
Pode ser que você leia jornais com conteúdos sobre política, bolsa de valores e a última contratação de seu time de futebol. Mas você já experimentou ler Dom Quixote e depois se olhar no espelho e perguntar-se quem é o cavaleiro da triste figura?
Pode ser que faça calor ou chova, e você reclame de ambas as coisas. Quero que me diga na verdade é quando foi que plantou sua última árvore.
Pode ser que esteja acalentando o sonho de comprar um pedaço de terra no fim do mundo e isolar-se de tudo. Ou talvez já esteja isolado (a) de tudo cercado por dezenas de pessoas.
Pode ser que adore música e não tenha aprendido a dançar.
Pode ser que possua um belo discurso, mas ninguém o incentive a falar, pode ser que fale o tempo todo, mas não encontre quem o queira escutar.
Pode ser que exista vida em outros planetas. Mas cá entre nós, quanta vida já não foi desperdiçada aqui embaixo?
Pode ser que você se sinta feliz com amigos, pode ser que seja feliz em meio à multidão, mas pode ser que você se sinta feliz sozinho (a), mas caso não se sinta feliz com você mesmo (a) comesse a se perguntar quem gostaria de sua companhia.
Pode ser que sua vida e suas escolhas sejam um sucesso lá fora, mas o que seu coração lhe diz quando o papo é sobre a parte de dentro?
Pode ser que esse tal de amor te encontre de bobeira numa tarde chuvosa, num ponto de ônibus, numa sala de aula ou até mesmo na fila de um banco, mas e você? Sabe o que fazer quando encontrar esse tal de amor? Sabe como tratá-lo? Sabe reconhecê-lo? Sabe que tipo de adubo se usa nessa planta para que ela não murche?
Pode ser que a vida seja um jogo de videogame, desses em que é preciso pegar as recompensas e fugir das armadilhas, mas a chance de reiniciar esse jogo é zero.
Pode ser que você faça yoga, meditação, leia livros de autoajuda e pratique respiração, mas perca a calma e a postura com uma fechada de transito ou o salto alto de sua vizinha no apartamento de cima. Que coisa louca é construir essa tal de calma não mesmo?
Pode ser que você seja vegano, ex-fumante, religioso ou naturalista, mas já percebeu o quanto é gratificante ser apenas você?
Coma carne se quiser, beba vinho ou então cerveja. Viva sua religiosidade, seja ateu, mas lembre-se, suas escolhas fazem parte de seu pequeno planeta, não tente colonizar outros indivíduos com sua bandeira.
Talvez exista sempre uma luz no fim do túnel, mas por pura precaução lembre-se de levar sua própria lanterna.
Talvez você tenha sonhos. Sonhe sempre, sonhe muito, pois um homem sem sonhos é um homem morto, mas não sonhe em demasia. O sonho é um barco sem velas solto ao sabor das ondas, mas é apenas quando os pescadores lançam suas âncoras que a pescaria começa de verdade.
Talvez você saiba pouco sobre os mistérios da vida, mas posso te dar alguns conselhos: Quando criança brinque, procure quebrar pelo menos uma vidraça e nunca deixe de apostar corrida e brincar na enxurrada.
Quando jovem, aproveite seu corpo, dance, pule, faça balé, faça sexo, faça planos, pense na vida, repense a vida e não pense em nada, seja rebelde, apaixone-se e se desiluda, e depois mantenha esse fluxo continuo, pois não importa a quantidade de paixões e desilusões, para uma vida curta nunca será o bastante. Se quiser e puder apaixone-se e se desiluda com a mesma pessoa. Também chamam isso de convivência e cumplicidade.
Quando velho, aproveite seu corpo, dance, pule, faça balé, faça sexo, faça planos, pense na vida, repense a vida e não pense em nada, seja rebelde, apaixone-se e se desiluda, e depois mantenha esse fluxo continuo, pois não importa a quantidade de paixões e desilusões, para uma vida curta nunca será o bastante. Se quiser e puder apaixone-se e se desiluda com a mesma pessoa. Também chamam isso de convivência e cumplicidade.
Sim, repita tudo o que fez na sua juventude e jamais deixe que seu RG dite as regras, mas por via das duvidas, tome cálcio e pegue leve com o Kama Sutra.
Pode ser que sua vida melhore, mas também pode ser que piore, mas acredite a vida em si não é a culpada por nada disso.
Pode ser que seu diploma alavanque sua carreira ou te ajude a construir uma, mas não se esqueça de junto com o diploma levar também o seu conhecimento adquirido, tem diploma demais e conhecimento de menos no mercado.
Pode ser que tudo dê errado, que os planos não funcionem que os sonhos não se realizem e que a vida se negue a ser límpida clara e bela, mas recomece. Recomece sempre, afinal a vida trata-se de um eterno pode ser que sim, mas pode ser que não ou quem sabe um talvez.
Em terra de pessoas cheias de certezas, quem possui dúvidas sempre acaba apedrejado.


Paulo Joaquim.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Um pouco do que temos e o excesso do que nos falta.




Você não sabia dividir brinquedos?
Você tinha ciúmes de seus irmãos e irmãs mais novos?
Você se apaixonou perdidamente pela sua professora ou professor na 5° série?
Você amarrou uma toalha no pescoço, e fingiu que ela era uma capa e você um super-herói?
Você dormiu numa beliche e forrou a lateral imaginando que estava em uma cabana?
Você golpeou as plantas do quintal e do jardim de sua mãe com um cabo de vassoura, enquanto fingia que o cabo de vassoura era uma espada mágica que destruía monstros?
Você gastou tempo e uma pequena fortuna com álbuns de figurinhas que nunca ficaram completos?
Você achou que sabia tudo aos 16 anos, e resolveu desafiar seus pais e o mundo?
Você mentiu para não ir para a escola?
Você deu importância a coisas que na verdade não tinham importância alguma?

Caso tenha respondido sim para a maioria das perguntas ou todas elas, acredite você é normal.
Pelo menos normal dentro dos padrões exigidos e pregados pela sociedade.
Normal de uma forma que um dia, tomará que você não seja mais.
Normal de um jeito que só pode ser quem é diferente. 
Não falo de diferenças sociais, da cor da sua pele, de quanto você tem na carteira ou de quem é você na fila do pão.
Falo da normalidade única, diferente, coerente e individual que é você.
Existe em nossa cultura certa sede de padrões, cartilhas e passos para tudo e todos.
Existe um tamanho de bunda ideal, um tamanho de seios aceitável e corpos que precisam encaixar-se em certos moldes, de preferência com uma barriga tanquinho, e, é claro existe a busca pelo sucesso, seja lá qual for a sua denominação de sucesso.
Existem lugares frequentados por gente “Bonita”.
O as cores da moda e a moda do supérfluo.
Em algum lugar da caminhada esquecemos o quanto é maravilhoso ser único, esquecemos que temos um jeito próprio de fazer as coisas e até mesmo de fazê-las de maneira errada.
Somos frutos de uma evolução que leva tempo.
Do primeiro choro até o túmulo uma quantidade absurda de erros, defeitos, tropeços e escolhas fracassadas é o que realmente deixará de ser esboço para torna-se uma obra prima que chamamos de vida.
Essa coisa de vida pronta, receitas prontas e passo a passo que leva todos ao mesmo lugar ou as mesmas conquistas é a maior estupidez de nosso século.
Eu gosto de saber que Einstein, um dos maiores físicos que o mundo já teve não era nenhum gênio na escola.
Que Stephen Hawking, um dos mais consagrados cientistas e físico do século. Doutor em cosmologia, professor emérito na Universidade de Cambridge e escritor consagrado. Fez e foi tudo isso sentado a maior parte de sua vida em uma cadeira de rodas, se comunicando através de uma maquina.
Que Abraham Lincoln não era um advogado brilhante, mas foi um dos melhore presidentes dos Estados Unidos enquanto o país estava mergulhado numa de suas maiores crises da história.
Que a família Armstrong partiu da Escócia condenada à morte pela forca, mas foi Neil Armstrong que rumou em uma caravela com destino a América, e de lá embarcou em um ônibus espacial, e no dia 20 de julho de 1969 foi o primeiro homem a pisar na lua.
Um sujeito que fora expulso da pensão onde morava por falta de dinheiro, e viu-se forçado a morar no escritório onde trabalhava, tinha como companhia apenas os ratos que eram atraídos pelos restos de comida, porém foi com seu pensamento criativo, observador e obstinado que ele deu vida ao rato mais famoso do mundo, sua criação chamava-se Mickey Mouse e seu criador era Walt Disney.
Os homens que criaram e escreveram os rumos da história, pintaram, descobriram e inventaram, eram sábios e visionários a sua maneira, porém quando o assunto era futuro e fracasso eles sabiam o mesmo que eu e você sabemos, ou seja, nada.
Pedir opinião aos outros é como encontrar uma fila de profetas que sabem tudo sobre a vida, e mesmo que não saibam como resolverem suas próprias vidas, sabem exatamente como você deve viver a sua.
Existem debates em aberto sobre a sexualidade, sobre a cor da pele de cada um, sobre direitos e deveres.
Existem debates acirrados que acontecem atrás de uma tela de computador, e existe a comunicação olho no olho que morre a cada dia.
Homofobia, Neonazismo, Gordofobia, Feminicídio, Bullying, Amazônia, Estado Islâmico, Guerra da Síria, Refugiados, Muros entre Fronteiras e Testes Massivos de Misseis e armas nucleares.
Falta falar sobre individualidade.
Falta debater a liberdade, mas não a liberdade bonita escrita num papel e impraticada na vida real.
Falta falar sobre valores que nos definem com defeitos, diferenças e qualidades.
Falta debater a beleza de ser o que se é.
Falta debater se tanto debate é a abertura de nossas mentes para novos horizontes ou fechamento de espirito para quem é diferente de mim.
Falta perguntar se seu discurso é baseado em liberdade ou na necessidade de que todos aceitem suas verdades e valores.
Falta entender se o debate será de mentes livres ou de cérebros cristalizados.
Falta falar sobre respeito, pois se eu respeito instituições, mas não respeito pessoas eu não tenho respeito, mas apenas obediência.
Se eu respeito religiões, mas não respeito à religiosidade do outro, a minha fé é cega.
Se eu respeito partidos políticos, mas não respeito à democracia e a liberdade do outro, na verdade eu não entendo nada de política.
Se eu respeito o que é igual, mas não respeito às diferenças, na verdade eu não respeito ninguém, pois ser diferente esta na composição do individuo que chamamos de ser humano.

Paulo Joaquim. (P.J.).