Quanto
custa ser você?
Esqueça o vil metal, esqueça a caderneta de poupança
e deixe a bolsa de valores de lado.
A pergunta quanto custa ser você não envolve um
valor venal.
Entenda que existe um preço que é preciso ser pago,
a vida em sociedade exige ou impõe certos padrões de comportamento ou estética,
suas escolhas geram ruídos, sua religião pode não ser a salvadora do mundo.
Sua marmita pode azedar, sua banda preferida pode
ser uma porcaria aos ouvidos dos demais, seu sapato pode não estar mais na
moda, talvez não faça parte da tribo dos descolados.
Sua grana pode estar curta ou talvez você esteja
sem.
Seu carro pode ser popular, sua camiseta meio
desbotada e suas ideias atrasadas.
Somos brancos, negros, pardos, mulatos, gays, héteros
e lésbicas, votamos, compramos, assistimos, ouvimos e criticamos.
Cada um a sua maneira, cada um ao seu jeito e gosto.
A verdade é que todos os dias pagamos um preço por
ser quem somos, não é possível dividir em dez vezes no cartão, não é possível financiar,
pois essas suaves prestações começam com escolhas e terminam com a morte.
Seu partido politico, sua filosofia de vida, sua
tatuagem, seu esporte favorito ou seu fetiche na cama podem dizer muito sobre
você, ou pelo menos dirão sobre você aquilo o que pensam ao seu respeito.
Cada um de nós faz ou deseja fazer parte de certos
planetas.
Qual é o seu planeta? Até onde sua perna alcança?
Porque tanto esforço para ser igual? Porque tanto
esforço para ser diferente? Porque simplesmente não ser o que somos?
Existe algo oculto por ai transformando pessoas em
produtos de linha de produção, existe uma mídia convencendo as pessoas sobre
uma vida, uma marca ou um modelo de algo que vale a pena.
Mas o que vale a pena? Até quando vale a pena?
Posso mudar de ideia? Posso dizer não sei? Onde foi
parar o meu direito de ser confuso?
Os homens quando trabalham precisam ser maquinas infalíveis,
não ouse dizer em uma entrevista de emprego seus verdadeiros defeitos, pois
caso o faça continuará desempregado.
Os homens e mulheres belos precisam levar isso a
serio, não ouse deixar um grama de gordura acumular em sua papada, em seu
culote, extermine as estrias, faça um abaixo assinado contra as rugas e lute
ferrenhamente contra o tempo e feche a Avenida Paulista em protesto contra as
celulites.
A moda é magra, as comidas são rápidas, o sexo é
banal, a propaganda é perfeita e a internet é afrodisíaca.
E você? Qual é o seu preço?
A verdade é que ser e ter, mostrar ou parecer,
escolher ou ser escolhido, são coisas que flutuam num mar de confusão.
Alguns querem a cura Gay, outros desejam fazer Swing
uns já estão salvos outros ainda precisam de arrependimento e redenção.
Nesse minúsculo planeta terra que vaga no universo
infinito, habitam milhões de planetinhas que giram em sua cabeça e junto ao seu
ouvido sussurram aquilo que nossos avós diziam –
“Esta tudo pela hora da morte”.
Até mesmo ser você.
P. J.