segunda-feira, 18 de abril de 2011

Milagres

Milagres.

O que é um milagre para você?
Qual é o tamanho das coisas que consideramos um milagre?
É claro que quando falamos em milagres nos lembramos da historia do mestre Jesus.
Mas não é sobre esses milagres que desejo escrever.
Pois não podemos caminhar sobre as aguas, ou mesmo ressuscitar mortos.
Eu falo dos milagres que podemos ver e fazer em nosso dia a dia.
Eu falo de alguns milagres, que de tão sutis e sagrados quase não percebemos ser um milagre.
Falo de amor, falo de pessoas que se amam ao ponto de olharem um para o outro com admiração, falo de um tipo de amor que quando não esta por perto chega a doer.
Aquele amor de cuidado, de carinho e proteção sem o qual não saberíamos como seriam nossas vidas.
Isso é um milagre.
O sorriso de uma criança.
Essa criança que ainda no colo, que ainda sem conhecer o mundo e suas malicias e desvios, sorri. Sorri de uma forma tão sincera que é impossível não ser contagiado e sorrir também.
Isso é um milagre.
Falo da amizade, não amizade de conveniências, mas da amizade da mão no ombro, pois não importa qual grave seja seu problema ou sua angustia. Já reparou que algumas pessoas possuem esse dom?
Elas colocam as mãos em seus ombros, te olham nos olhos e dizem: Vai ficar tudo bem, e por aquele momento realmente fica tudo bem.
Pessoas com olhos sinceros, e que nos transmitem essa paz são um milagre.
Falo do casal de velhinhos que andam de mãos dadas pelas calçadas.
Quando vemos esse casal, não estamos vendo apenas duas pessoas, estamos vendo duas historias que começaram provavelmente décadas atrás.
Estamos vendo duas almas que se encontraram e resolveram trilhar a aventura da vida juntos.
Estamos vendo problemas superados, dificuldades vencidas e diferenças resolvidas, estamos vendo acima de tudo um milagre. Um milagre que diz que para a vida e para o amor não existem receitas prontas, mas que é possível viver e amar assim mesmo.
É inevitável não se sentir bem quando recebemos um bom dia sincero de alguém que nem mesmo conhecemos.
É inevitável não sorri para alguém, quando esse alguém sorri para nós.
Lembro-me agora do excelente texto de Antoine de Saint Exupéry, a grande maioria de nós o conhece apenas como o escritor de - O pequeno príncipe.
Porém existem dezenas de outros escritos, contos e novelas deste fantástico escritor que é desconhecido do grande publico.
Uma de suas historias maravilhosas chama-se: O Sorriso.
Ele conta que como piloto de guerra, foi capturado e aprisionado pelo inimigo.
Baseado no tratamento que havia recebido de seus algozes e nos olhares desdenhosos que lhe lançavam, ele não tinha duvida de que seria morto.
Naquele momento nervoso, procurou em seus bolsos algum cigarro que houvesse escapado à revista dos guardas. Encontrou um, mas não tinha fósforos.
Olhou para fora de sua cela e chamou seu carcereiro:
- Ei, Aqui, por favor, você tem fogo?
O carcereiro lhe olhou como se olha uma coisa qualquer, afinal não perdemos nosso tempo com aquilo que não nos interessa, principalmente com alguém que a guerra e as circunstancias dizem que é seu inimigo.
O carcereiro sacudiu os ombros e se aproximou de sua cela, tirou uma caixa de fósforos do bolso e se preparou para acender seu cigarro.
Gosto desta parte do texto e de como Antoine de Saint Exupéry a descreve:
- Naquele momento inadvertidamente nossos olhares se encontraram, foi como se uma faísca pulasse por entre as grades e tocasse em algo no coração e na alma naquele homem.
Sei que ele estava ali para cumprir o seu papel. Sei que ele não desejava aquele contato, mas por um desses motivos que nunca saberemos explicar – Eu sorri, sei que ele não queria, mas meu sorriso saltou por entre as grades e gerou um sorriso em seus lábios também.
Ele acendeu meu cigarro, mas permaneceu ali, olhando-me diretamente nos olhos e continuando a sorrir. Continuei sorrindo para ele, agora consciente da pessoa e não mais do carcereiro.
Seu olhar para mim também havia mudado.
- Você tem filhos? Ele perguntou.
- Sim, sim, aqui, tirei minha carteira e lhe mostrei as fotos de minha família.
- Ele também me mostrou as fotos de seus filhos, e me falou dos seus planos para eles. Meus olhos se encheram de lagrimas, eu disse que temia não ver mais minha família, nunca ter a chance de vê-los crescer – Lagrimas também afloraram de seus olhos.
Der repente, sem qualquer outra palavra ele destrancou minha cela e silenciosamente me conduziu para fora, uma vez fora da prisão conduziu-me silenciosamente por estradas secundarias para fora da cidade.
Lá nos limites da cidade ele me libertou, e sem nenhuma outra palavra voltou em direção à cidade.
Minha vida foi salva por um sorriso. Sim o sorriso, a conexão verdadeira e espontânea e natural entre as pessoas. Conto essa historia porque aprendi com ela.
Realmente acredito que se nós nos reconhecermos como pessoas, desconsiderando nossos títulos, cargos e status, não teríamos inimigos, não poderíamos ter ódio, inveja ou medo.
A história, de Antoine de Saint Exupéry, fala daquele momento magico que duas almas se reconhecem. Um sorriso genuíno dirigido á outra pessoa diz um bocado de coisas.
Diz: eu o aceito como você é de maneira incondicional, quando você sorri para outra pessoa ela se sente valiosa, importante e digna. Sente-se melhor em relação a si mesma.
E o que custa a você? É um simples sorriso, uma expressão de autentica cordialidade.
“O riso é a menor distancia entre duas pessoas” – (Victor Bosch).
Acredite o sorriso, a educação, um olhar sincero, um coração aberto e o desejo de ser sempre melhor e feliz também são uma espécie de Milagre.
Faça o seu milagre para alguém hoje, e caso perceba que um milagre esta acontecendo para você, agradeça e se deixe envolver por ele. Pois os milagres dos quais falo, são simples...
...Mas não acontecem todos os dias.

P.J.S.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Fênix.

Fênix.

Segundo a crença de várias culturas, principalmente na mitologia Grega a Fênix é sinônimo de renascimento.
Uma ave que entrava em autocombustão para depois renascer das suas próprias cinzas.
Na cultura Chinesa esta ave foi transformada em símbolo da felicidade, da virtude, da força, da liberdade e da inteligência. Em sua plumagem brilhavam as cinco cores sagradas – Roxo, Azul, Vermelha, Branca e Dourado.
Nos círculos de iniciação a Fênix é o símbolo do aprendiz, aquele que renasce para uma nova vida.
No ano de 2010 a capsula que resgatou os 33 mineiros na mina de San José recebeu o nome de Fênix, não por acaso, mas porque naquele resgate aqueles homens ganharam uma nova vida.
Escrevo este texto, não apenas por gostar do mito sobre esta ave fabulosa.
Escrevo porque acredito sinceramente que todos, de alguma maneira temos algo de Fênix dentro de nós.
Basta apenas chegar á este mundo, e os desafios são colocados á nossa frente.
Alguns desafios fazem parte da vida de todos nós, outros buscamos por considerar que o desafio é a melhor maneira de crescer, amadurecer e desabrochar para vida.
Por diversas vezes é assim com todos por aqui.
Precisamos juntar nossos próprios cacos e seguir em frente, precisamos ressurgir das cinzas.
A Fênix tem como principal atributo sua força. Isso tem muito de nós, pois quantas vezes não precisamos encontrar força onde nem se quer sabíamos que existiam para seguirmos adiante?
Quantas tentativas?
Quantos amores fracassados?
Quantos empregos que não desejamos para o nosso futuro?
Quantas perguntas inquietas presas em nosso cérebro, pois simplesmente temos medo de deixa-las saírem por nossas bocas.
A Fênix representa o sol de cada manhã, a chance única de mais um dia.
Os pedaços que podem ser colados às lágrimas que podem ser secas, o sorriso que pode ser sincero.
A Fênix representa a força que existe em cada um de nós, para recomeçarmos e recomeçarmos novamente.
Os antigos Egípcios diziam que quando se ouve o canto da Fênix, é hora de abandonar algo velho e começar algo novo.
Precisamos imitar as serpentes e trocar de Pele.
Essa força interna é a Fênix que vive dentro de nós.
É a força que diz:
Vamos dê o próximo passo, arrisque-se e conheça o novo.
Não tenha medo, experimente, tente e não desanime.
Levante-se, lute, pois só depende de você.
Nunca lute para provar nada a alguém, pois este alguém jamais entenderá antes que você tenha provado algo para si próprio.
A Fênix nos ensina que nossa maior batalha neste mundo é conosco mesmo.
Ser Fênix é cair, mas cair de pé.
É saber que os problemas existem, mas encara-los de frente, pois quando você dá as costas para um problema ele sempre pode te pegar desprevenido.
É assumir e aceitar seus erros, mas acima de tudo aprender com eles.
É saber que amores vêm e vão, mas só você sabe o que cala em seu coração.
Ser Fênix é olhar nos olhos, é desvendar suas próprias verdades para assim não se congestionar em um túnel escuro de mentiras e falsos sentimentos.
É viver o dia não como se fosse o ultimo, mas sim como se fosse o primeiro.
Ser Fênix é voar em liberdade sem medo de altura, é usar a envergadura de suas asas para ir além.
É não ter medo de errar, pois viver a experiência da vida e ter medo de errar é o mesmo que desejar chuva, mas ter medo de agua.
Veja o mundo com os olhos da Fênix, é um mundo escuro, frio e vazio.
Os homens estão em guerra, vivemos com medo da poluição, da alimentação, temos medo da morte, temos medo do amanhã, temos medo uns dos outros e temos medo de sentir medo.
Entenda, no entanto que o pior que pode acontecer, é que uma autocombustão te transforme em cinzas.
Porém se em cinzas você se transforma, é sinal de que pode renascer.
Eleve seus olhos e tenha consciência de que sua vida acontece aqui e agora, não deixe para renascer mais tarde, pois este mais tarde pode simplesmente não existir.
O comodismo pode cochichar em seu ouvido e te dizer que não existem motivos para mudanças.
O conformismo pode te dizer que tudo já esta do jeito que deveria estar.
A intolerância pode te dizer para não aceitar.
O medo pode te dizer para não renascer.
Porém quando a Fênix cantar, no teu peito vai acender a luz da anima mundi.
Tua alma vai despertar e teus olhos vão ver.
Que tudo que tua mente, e teu coração desejam.
É ressurgir das cinzas e viver.

P.J.S.