segunda-feira, 28 de março de 2011

O que você vai fazer quando a festa acabar? O que você vai fazer com as coisas que acontecem?

O que você vai fazer quando a festa acabar?
O que você vai fazer com as coisas que acontecem?

A verdade é que a festa sempre acaba.
A verdade é que parar para pensar na própria vida é coisa que acontece.
Sonhamos sonhos grandes, alguns são tão grandes que duvidamos de nossa competência para vivê-los.
Sonhar em demasia, e ter preguiça de construir aquilo que sonhamos são coisas que acontecem.
Quando a festa acaba, não sabemos para onde ir, ou com quem ir.
Existe quem diga que amor que acaba não foi amor. Não acredite nessa estupidez.
Todo amor é amor, porém esse amor é o que fazemos dele.
Ninguém se basta sozinho, mas estar ao lado de alguém é opcional.
A festa sempre acaba, e precisamos tomar decisões que mudarão nossas vidas.
Na festa da vida tudo é mais simples.
A musica é alta, a pessoas são animadas e refinadas, podemos tomar uns tragos e esquecer o munda lá fora. Porém toda festa acaba.
Lá no seu mundinho, no seu quarto e envolvido com seus próprios porquês, é que a vida acontece.
Porque ter duvida sobre qual caminho seguir, são coisas que acontecem.
Nossa família, nossos amigos e todos que nos são caros, servem como fonte de consolo e de expiração ou não, mas a verdade é que ninguém enfrenta nossos demônios.
Absolutamente ninguém tomará suas dores, ninguém viverá seus sonhos e ninguém pagará o preço pelas suas escolhas.
Tomar decisões erradas para aprender com elas é coisa que acontece.
Estamos todos sentados a beira do caminho.
Como é difícil estar sentado á beira do caminho sem saber o que este caminho nos guarda.
Porém imagino que mais difícil do que estar sentado á beira do caminho, é permanecer ali sentado sem coragem ou vontade de levantar-se.
A carreira de sucesso, pois a palavra sucesso se transformou em sinônimo de tenha isso, ou será um fracassado.
É inevitável pensar nos milhares de fracassados que criam filhos, trabalham honestamente, pagam seus impostos e se sacrificam por suas famílias, mas mesmo assim são fracassados, pois sua pasta não é de couro ou sua pasta seja uma marmita fria.
Sem ternos, sem posições de destaque, sem carros do ano, sem artigos importados e sem a nova novidade da moda.
A vida dos seus sonhos, sua casa de praia ou aquela viajem tão desejada.
Se entristecer porque a vida que temos, não é exatamente a vida que sonhamos é coisa que acontece.
Porém essa fome material não é você.
Tijolos, madeira, roupas, carros e espólios que conquistamos na guerra da vida, nessa luta incessante por ter mais e mais, nada disso é você, nada disso significa nada quando a festa acaba.
Estamos sentados á beira do caminho.
Às vezes a vida é de plástico, mas não podemos recicla-la.
Tudo o que podemos fazer é entendermos que toda festa acaba.
Todo ano termina toda ruga aparece, a ampulheta insiste em não parar de derramar a areia.
Envelhecer pensando naquilo que não fizemos é coisa que acontece.
Mas acima de todas as coisas esta você.
Pessoa livre e bela criada por Deus, acima de tudo esta você com seus dons, suas duvidas, suas mascaras e seus medos inconfessáveis.
Porém sempre existe o se Deus quiser o Deus lhe pague e o famoso graças á Deus.
O problema é que Deus não participa de festas depois que elas acabam.
Esse Deus talvez não queira nada, pois te criou livre para que você descida o que quer e pague o preço pelas suas escolhas.
Esse Deus não paga nada, pois ele já fez sua parte. Ele nos deixou aqui com toda inteligência e capacidade da qual precisamos para trilhar nossos caminhos.
Esse graças á Deus, que falamos de maneira inconsciente é graças a ele sim, mas acima de tudo graças á nós, pois são nossas decisões que mudam tudo ou simplesmente não mudam nada.
Colocar a culpa em nossos demônios, ou aceitar tudo como benção Divina é coisa que acontece.
Como é triste estar sentado á beira do caminho esperando um sinal Divino ou uma chifrada do Tinhoso.
Não conseguimos perceber que este tipo de atitude já nos torna malignos.
Fazendo assim desperdiçamos nossas vidas, não lutamos por nossos sonhos.
Devemos entender que lutar por um sonho, não significa que ele se realizará ou será um sucesso. No fundo tudo é luta e consequência.
Tudo é tentativa.
Mas quando a festa termina e estamos sozinhos, pensamos em um jeito de preencher o vazio.
Alguns usam drogas, outros se embriagam e outros mergulham na sua fé.
Em algumas noites temos medo de dormir sozinhos, parece até que voltamos a ser crianças com medo daquilo que pode sair de debaixo de nossas camas.
Buscamos esta inocência de vida, desejamos a paz mundial, queremos um grande amor, queremos bons amigos e sonhamos com felicidade.
Lamentamos por terremotos e tsunamis, lamentamos pelas crianças famintas, nos indignamos com a falta de caráter dos governantes, sonhamos com um planeta e um futuro melhor para nossos filhos, mas o que realmente fazemos para transformar o que desejamos em realidade?
Todo diretor quando sente que os atores estão prontos, que a luz esta marcada e o cenário esta em ordem, grita AÇÃO.
Porque sem ação a vida não acontece.
Esse Deus ao qual atribuímos tudo pode ser este diretor que no momento em que nascemos disse: Ação meu filho, coragem, vai ser difícil, mas eu acredito em você.
Deus ter mais fé em nós, do que nós mesmos é coisa que acontece.
Passar pela vida sem vivê-la, sonhar sem realizar e festejar sem alegria é coisa que acontece, mas acontece apenas por pouco tempo.
Um dia a vida exige uma postura de sua parte, ela exige que você tome uma posição, exige que você se torne responsável pela limpeza depois que a festa termina.
E acredite a festa sempre termina, mas pode sempre começar novamente.
É triste se sentar á beira do caminho sem sabermos qual direção seguir.
Afinal tomar decisões e precisar mudar o rumo das coisas, é coisa que acontece.
Estamos todos juntos neste grande momento, nesta grande e curta vida.
Estamos juntos nesta grande festa, o que me faz perguntar:
Para onde você vai quando a festa acabar?

P.J. S.

domingo, 13 de março de 2011

Cinzas.

Cinzas.

A quarta feira que nos lembra de que somos mortais.
A fantasia esta pronta, o bloco sai á rua e a alegria é geral.
Nada menos propicio para este momento, do que pensar no fim de todas as coisas. Porém é isso que representa o dia em que chamamos de quarta feira de cinzas.
Os cristãos usam esta data para lembrarem-se da mortalidade da própria mortalidade.
Neste sonho chamado vida, raras vezes paramos para pensar neste assunto.
Alguns o temem, outros o evitam, no entanto este é o apogeu final de toda criatura vivente, ou seja, nascemos para morrer.
Esse dia serve para pensarmos em nós.
Como usamos nosso tempo?
Quais os sonhos que ainda não realizamos?
Quais são as coisas importantes em nossas vidas?
É inevitável pensar no fim das coisas, sem antes pensar em nossa situação atual.
É inevitável não nos perguntamos o que o amanhã guarda.
As cinzas que marcam a testa dos cristãos representa seu renascimento, seu arrependimento perante seus pecados.
É claro que nossas vidas são mais que datas marcadas em um calendário, no entanto esse sentimento em nosso mundo globalizado e cheio de suas próprias tecnologias se torna cada vez mais distante de nosso tempo.
Acredito que o respeito por certas datas e tradições, não envolve apenas crença e respeito.
Envolve educação, ética e personalidade.
Deixando todo o simbolismo religioso de lado, podemos ver isso sob um prisma mais humano.
Pois não podemos sentar á mesa e nos esbaldar enquanto sabemos que existem irmãos nossos morrendo de fome.
Esse arrependimento que as religiões nos pedem, talvez não envolvam apenas nossos pecados, mas também nossa conduta enquanto criaturas deste planeta.
Nossa maneira e comprometimento para com o nosso próximo.
“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.
Essa mensagem simples deixada pelo mestre nos indica a direção.
Porém as diferenças se encarregam de deixar longe de cada um de nós, a concretização de algo que em primeiro momento soa como frase de efeito.
Caso Jesus Cristo, fosse um politico moderno, poderíamos dizer que ele estava fazendo um discurso tentando angariar votos.
Poderíamos dizer que essa filosofia de perdoar setenta vezes setenta e algo que beira o absurdo.
Poderíamos dizer que dividir o pouco que temos, com aqueles que não têm nada é algo altruísta e utópico.
Mas jamais poderemos dizer que nunca paramos para pensar no fim de tudo.
Não estou falando de profetas de plantão, que proclamam o fim do mundo para logo mais.
Não falo de paraísos na terra, ou salvação eterna.
Não falo de paraíso, purgatório ou inferno, afinal isso já foi bem explicado por Dante.
Falo de uma centelha Divina que brilha em cada um de nós.
Falo de nossa capacidade de olhar além de nossos próprios muros.
Cinzas!
Reflexão.
Falo sobre alguém do seu lado, que com certeza deseja mais amor, mais atenção.
Falo sobre as coisas que nos cercam, mas que só reconhecemos seu verdadeiro valor, quando as perdemos.
Cinzas!
Doação.
Podemos ter religiões diferentes, cores, status, preferencias e trilhar caminhos opostos, mas jamais podemos nos deixar embrutecer pela falta de amor, compaixão e fraternidade entre filhos do mesmo Pai.
Aprendemos mal com o passado, vivemos erroneamente o presente e cometemos a audácia de desejarmos conhecer ou adivinhar o futuro, mas não podemos cometer a estupidez de não enxergar o obvio. Precisamos uns dos outros.
Somos responsáveis pela família que construímos, pelo planeta em que vivemos e pelas mazelas que fazemos.
A quarta feira de cinzas, nos diz que absolutamente nada é eterno.
E quem sou eu e você, enquanto esse sopro de vida dura?
Em que momento nossas mãos se unem com o mesmo proposito?
O que podemos ensinar um a o outro?
“Onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei eu no meio deles”.
Escrevo esta reflexão, pois acredito em um novo alvorecer.
Acredito no homem mais humano.
Talvez fosse isso que Nietzsche pregava, quando disse que o homem existe para se superar – Para ser um Super-Homem.
As lapidações da vida, e das mudanças nos fazem enxergar que a vida é puro fogo.
Precisamos correr como noivos atrasados para o dia do matrimonio.
Precisamos viver com esta chama queimando dentro de nós. Precisamos aproveitar este calor enquanto é tempo.
Pois quando o fogo se esvai, tudo o que resta são...
...Cinzas.

Dedico este texto para Rosa Biazoto.
Amiga.
Leitora, e esposa de um grande amigo e irmão.


P.J. S