segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Respeito é bom e os defeitos agradecem.


Antes da leitura, uma pequena pesquisa social.

Você não sabia dividir brinquedos?
Você tinha ciúmes de seus irmãos e irmãs mais novos?
Você se apaixonou perdidamente pela sua professora ou professor na 5° série?
Você amarrou uma toalha no pescoço, e fingiu que ela era uma capa e você um super-herói?
Você dormiu numa beliche e forrou a lateral imaginando que estava em uma cabana?
Você golpeou as plantas de sua mãe com um cabo de vassoura, enquanto fingia usar uma espada mágica que destruía monstros?
Você gastou tempo e uma pequena fortuna com álbuns de figurinhas que nunca ficaram completos?
Você achou que sabia tudo aos 16 anos, e resolveu desafiar seus pais e o mundo?
Você mentiu para namorar as escondidas?
Você deu importância a coisas que na verdade não tinham importância alguma?

Caso tenha respondido sim para a maioria das perguntas ou todas elas, acredite você é normal.
Pelo menos normal dentro dos padrões exigidos e pregados pela sociedade.
Normal de uma forma que talvez estejamos aprendendo a não sê-lo.
Normal de um jeito que só pode ser quem tem defeitos e comete pecados. Não falo de pecados capitais e muito menos de pecados que precisem de absolvição.
Falo de pecadilhos e defeitos que constroem aquilo que somos.
Existe em nossa cultura certa sede de padrões, cartilhas e passos para tudo e todos.
Existe um tamanho de bunda ideal, um tamanho de peito aceitável e corpos que precisam encaixar-se em certos moldes, de preferência com uma barriga tanquinho, e, é claro existe a busca pelo sucesso, seja lá qual for a sua denominação de sucesso.
Existem lugares frequentados por gente “Bonita”.
O Chá Detox da moda e a moda do supérfluo.
Em algum lugar da caminhada esquecemos o quanto é maravilhoso ser único, esquecemos que temos um jeito próprio de fazer as coisas e até mesmo de fazê-las de maneira errada.
Somos frutos de uma evolução que leva tempo.
Do primeiro choro até o túmulo uma quantidade absurda de erros, defeitos, tropeços e escolhas fracassadas é o que realmente deixará de ser esboço para torna-se aquilo que chamamos de vida.
Essa coisa de vida pronta, receitas prontas e passo a passo que leva todos ao mesmo lugar ou as mesmas conquistas é a maior estupidez de nosso século.
Eu gosto de saber que Einstein não era nenhum gênio na escola.
Que Lincoln não era um advogado brilhante.
Que a família Armstrong partiu da Escócia condenada à morte pela forca, mas foi Neil Armstrong que rumando em caravelas com destino a América dos sonhos livres embarcou em outra caravela, e em 20 de julho de 1969 foi o primeiro homem a pisar na lua.
Um sujeito que fora expulso da pensão onde morava, e viu-se forçado a morar no escritório onde trabalhava tinha como companhia apenas os ratos que eram atraídos por restos de comida, porém foi com seu pensamento criativo, observador e obstinado que ele deu vida ao rato mais famoso do mundo, sua criação chamava-se Mickey Mouse e seu criador era Walt Disney.
Os homens que criaram, escreveram os rumos da história, pintaram, descobriram e inventaram eram sábios e visionários a sua maneira, porém quando o assunto era futuro e fracasso eles sabiam o mesmo que eu e você, ou seja, nada.
Pedir uma opinião a terceiros é encontrar uma fila de profetas receosos sobre o que encontrarão na próxima esquina, mas sabedores da receita da vida pronta e dos conselhos sobre como vivê-la.
Existem debates em aberto sobre a sexualidade, sobre a cor da pele de cada um.
Existem verdadeiras guerras travadas entre direita e esquerda, discursões sobre o aborto e religiões.
Existem debates acirrados que acontecem atrás de uma tela de computador, e existe a comunicação olho no olho que morre a cada dia.
Homofobia, Neonazismo, Gordofobia, Amazônia, Estado Islâmico, Guerra da Síria, Refugiados, Muros entre Fronteiras e Testes Massivos de Misseis.
Falta falar sobre individualidade.
Falta debater a liberdade, mas não a liberdade bonita escrita num papel e impraticada na vida real.
Falta falar sobre valores que nos definem com pecados e diferenças, mas não como manada ou gado que precisa viver no mesmo pasto e comer a mesma ração.
Falta debater a beleza de ser o que se é.
Falta debater se tanto debate é abertura de mente ou fechamento de espirito.
Falta perguntar se seu discurso é baseado em liberdade ou na necessidade de que todos aceitem suas verdades e valores.
Falta entender se o debate será de mentes livres ou de cérebros cristalizados.
Falta falar sobre Deus, pois se ele criou todos á sua imagem e semelhança, teria ele usado uma forma?


P. J.