quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ele & Ela – Parte II.


Ele & Ela – Parte II.

Em uma conversa a Distancia.

Ela – Oi.
Ele – Oi.
Ela – Tudo bem?
Ele – Tudo e você?
Ela – Sim, estou bem.
Ele – Que bom, fico feliz que esteja bem.
Ela – Você não me liga.
Ele – Você também não.
Ela – Mas você vai ficar esperando eu te ligar, para ligar pra mim?
Ele – Não, mas você sabe meu telefone.
Ela – Mas você também sabe o meu.
(Pausa)
(Mais Pausa)
Ele – E como estão as coisas?
Ela – Tudo na mesma, e você?
Ele – Tudo tranquilo.
Ela – Tá chovendo ai?
Ele – Não, mas acho que vai chover sim.
Ela – Tomara que chova esta muito calor.
Ele – Verdade.
(Pausa Constrangedora)
(Ambos pensam no que falar só não se permitem falar aquilo que desejam)
Ela – Eu vou indo então.
Ele – Tá bom.
Ela – Eu sinto sua falta.
Ele – Eu também.
Ela – Eu te amo.
Ele – Eu também.
(Ambos passam a noite pensando) Ela sente minha falta, e disse que me ama – Ele sente minha falta e disse que me ama.
O universo conspira com a língua portuguesa para que as palavras desnecessárias sejam economizadas, porque ir direto ao assunto é tão mais gostoso.

Em uma discussão que não levará a lugar nenhum.

Ele – Porque você esta chorando?
Ela – Por nada.
Ele – Mas ninguém chora por nada.
Ela – Não quero falar sobre o passado.
Ele – Passado? Mas porque chorar pelo passado?
(Homens geralmente esquecem que mulheres possuem memoria de elefante, principalmente se foram magoadas).
Ela – Pra você é fácil falar.
Ele – Mas meu amor, prometemos que esqueceríamos tudo.
Ela – Mas como posso esquecer tudo? Como se faz isso?
Ele – Eu não sei aquilo que não me agrada eu simplesmente esqueço e pronto.
Ela – Pra vocês homens é tudo muito fácil, esquecem e pronto.
Ele – Não entendo porque pra vocês mulheres é tão difícil.
Ela – Porque temos sentimentos.
Ele – Esta dizendo que homens não possuem sentimentos?
Ela – Não distorça o que digo, nos mulheres sofremos mais, sofremos por coisas que vocês nem imaginam.
Ele – Tudo bem, não quero discutir com você, só falei a verdade, não consigo entender.
Ela – O que tem na sacola?
Ele – É um vinho.
Ela – Vinho? Mas você chegou da rua agora, onde arrumou uma garrafa de vinho?
Ele – Passei no mercado e trouxe pra gente.
Ela – Por quê? Vai comemorar algo?
Ele – Não, só queria beber com você, ouvir uma musica, sei lá.
Ela – Estranho nunca me trouxe vinho.
Ele – Eu sei, mas quero fazer coisas diferentes com você.
Ela – Por quê?
Ele – Hora, porque te amo, porque te acho uma mulher linda. Falamos a tarde por telefone e te senti meio pra baixo, ai resolvi trazer o vinho pra gente beber junto pra você se animar.
Ela – Pena que não temos taças de vinho, mas acho que tem uns copos legais aqui, vou procurar na cozinha.
Ele – (Com cara de quem caiu da mudança no meio do matagal)
Ela – Achei, esse jogo de copos ganhamos no dia do casamento.
Ele – Nossa e nunca usamos?
Ela – Não, vamos inaugurar com o vinho.
Ele – Nossa, lembrei-me do nosso casamento agora.
Ela – Então esquece.
Ele – Por quê?
Ela – Porque vamos tomar vinho e dançar.
Ele – Mas nosso casamento faz parte de nosso passado.
Ela – Eu sei, mas quem aqui quer falar de passado?
(Homens tratar sua mulher de maneira diferente, e ter sempre palavras de carinho juntamente com uma excelente noite romântica, pode dispensar qualquer terapia de casal).

Após o sexo.

Ela – (Olhando para o teto e pensando)
Ele – (Arfando com um sorriso no rosto)
Ela – Você já pensou em apimentar nossa relação?
Ele – (Com uma pulga do tamanho de uma melancia atrás da orelha). Você acha que o sexo entre nós está ruim?
Ela – Não meu amor. Só estou dizendo que poderíamos fazer algo para apimenta-lo.
Ele – Algo como o que?
Ela – Sei lá, você podia usar um uniforme, sabia que mulheres gostam de uniforme?
Ele – Homens também gostam de uniforme.
Ela – Você nunca me pediu.
Ele – Sei lá, fico meio sem grassa de pedir essas coisas.
Ela – Qual seu uniforme preferido?
Ele – Bom, gosto de alguns. Enfermeira é legal, aquelas sainhas de colegiais Americanas, tem também aquele de empregadas domesticas curtinho sabe?
Ela – Onde você anda vendo essas coisas?
Ele – Em lugar nenhum meu amor. Só estou comentando.
Ela – mas ninguém comenta algo que não viu você não anda vendo aqueles filmes escrotos né?
Ele – Que filmes meu amor? Até nas novelas vemos isso hoje em dia.
Ela – Sim, mas você não vê novela.
Ele – Eu posso me fantasiar de Super-herói pra você, que tal o Batman? Sempre gostei daquela fantasia de couro.
Ela – Não, não gosto de Super-heróis, prefiro uniforme de bombeiro, marinheiro, talvez uma algema, você poderia me amarrar um dia. Também gosto de uniformes do exercito, deixam a bunda redondinha.
Ele – Como assim bunda redondinha, você anda olhando bundas de soldados por ai?
Ela – Imagina meu amor, isso tem em qualquer filme de guerra.
Ele – Sim, mas você não gosta desse tipo de filme.
Ela – Tá bom, mas vamos ou não usar fantasias?
Ele – Não sei, francamente não vou me vestir de soldado só pra ficar com a bunda redonda.
Ela – Pensando bem, esse negócio de uniforme de enfermeira não vai dar certo tenho horror a hospital.
Ele – (Silêncio)
Ela – (Silêncio)
Ele – Acho que esse lance de apimentar vai ser complicado.
Ela – Amor esse assunto todo me deixou meio sem sono.
Ele – Eu também.
Ela – Vem mais pra cá, fica pertinho.
Ele – (Abraça-a)
Ela – Me dá um beijo.
Ele – (Dá um beijo que a faz perder o folego)
(Se Amam)

(Fica a dica, Apimente sua vida, com ou sem fantasia, O que vale é manter sempre aceso o desejo por quem você ama, pimenta melhor que essa não existe, e sem essa pimenta não tem fantasia que dê jeito).

P. J. 

domingo, 9 de dezembro de 2012

E se fosse verdade?



E se fosse verdade?

Imagine por um momento que está vivendo os últimos dias de sua vida.
Imagine por um momento que as centenas de livros escritos sobre as Profecias Maias estão coretos.
Imagine que as imagens cheias de efeitos especiais do filme 2012, acontecerão ao vivo e a cores.
Imaginou?
E se fosse verdade?
Essa não é uma daquelas perguntas do tipo "Quem você levaria para uma ilha deserta, ou com quem passaria seus últimos momentos?". Estamos falando do fim das coisas e do mundo como o conhecemos e não das suas preferencias de companhia.
É praxe humana fazer dezenas de promessas no fim do ano.
Emagrecer – mudar de emprego – parar de fumar – viver um grande amor – dedicar mais tempo a família – viajar – fazer exercícios – repensar seus valores – pular três ondas – comer lentilhas – fazer promessas ao seu santo preferido e vestir a calcinha ou cueca da cor que corresponde ao que deseja obter no próximo ano.
Seja dinheiro, amor, saúde ou prosperidade.
Porém caso você não cumpra suas promessas, existirá sempre o próximo ano, o próximo panetone e a próxima queima de fogos.
Mas e se fosse verdade?
Se suas próximas promessas não tivessem mais um ano para serem cumpridas?
Livros já foram escritos sobre pessoas com doenças terminais. Nesses livros, essas pessoas tentam mostrar para onde direcionaram seu foco depois de descobrirem que restava pouco tempo.
A família para a qual a atenção sempre ficou em segundo plano.
O filho que você não viu crescer.
Aquele amor pelo qual você não lutou.
A profissão dos sonhos que você não exerceu.
Os amigos dos quais esqueceu e avida que foi desejada, mas não vivida.
Mas e se fosse verdade?
E se... As inundações chegarem? A calota polar derreter em um só dia?
E se... A chuva for acida e bolas de fogo cruzarem os céus?
E se... Os anjos tocarem suas trombetas?
E se... Os cavaleiros do apocalipse descerem a galope para cumprir seu papel final?
A verdade é que ninguém saberia responder a isso.
A verdade é que não sabemos a verdade, somos espectadores de especulações e teorias, algumas absurdas outras nem tanto.
Afinal estamos sim destruindo dia após dia o nosso habitat.
Mas não quero entrar em discussões verdes e sustentáveis.
Quero apenas saber... E se fosse verdade?
Como pobres mortais, apenas vivemos nossas vidas. Podemos imaginar que somos detentores de conhecimentos fantásticos, mas em verdade sabemos mais sobre a lua do que sobre nós mesmos.
Somos conhecedores e intelectuais do fora, dos outros – Mas conhecemos pouco do dentro e do eu.
A grande verdadeira e monstruosa verdade, é que podemos partir amanhã, podemos não dividir a próxima ceia.
Podemos não viver com intensidade esses dois dias maravilhosos. Esses dias onde nos lembramos do amor, do natal, do nascimento daquele que é chamado filho do homem, desse dia propicio a confraternização.
Podemos não viver com intensidade esses dias maravilhosos. Esses dias onde cada queima de fogos representa uma nova oportunidade, um novo começo, onde os sonhos se realizam e promessas são feitas.
São dois dias onde o mundo se transforma. Famintos são alimentados, orfanatos são visitados, asilos recebem festas, e até os trocados para os mendigos são substanciosos.
Crianças são mais crianças, abraços são trocados e todos são convidados a deixarem suas desavenças de lado.
Parece-me que o mundo respira em outro tom.
Os presentes, os amigos secretos, os churrascos, as bebidas e as comidas. Tudo invoca alegria e fraternidade.
Os sorrisos são mais fáceis, as gentilezas mais verdadeiras e um êxtase de bondade toma conta dos corações. E veja você... Tudo isso em uma única noite.
Porém se tirarmos um dia para o natal e um dia para a chegada do novo ano, ainda nos restará 363 dias.
A proposta é simples.
Faça de sua vida um eterno natal, e ano novo todos os dias.
Que essa bondade, esse espirito fraternal não desapareça assim como os panetones desaparecem das prateleiras dos mercados.
Que seu amor e seu perdão para o próximo não tenha data para acontecer.
Que sua família tenha a atenção que merece o ano inteiro.
Que você tenha coragem de lutar pelo amor que deseja, pela vida que almeja e pelo mundo com o qual sonha.
Que o ano novo venha sim, com muito dinheiro no bolso e saúde pra dar e vender.
Mas trate seu dinheiro com cautela, pois ele pode acabar e é sempre mais fácil gastar do que ganhá-lo.
Saúde pra dar e vender também é excelente, mas cuide da sua, pois saúde não cai do céu, nem encontramos um pacotinho cheio dela no pé da arvore de natal.
Viva seu natal, viva seu ano novo.
Afinal, E se fosse verdade?
Francamente não sabemos, mas sabemos de uma coisa.
Se não for verdade agora, será verdade um dia.
O fim chegará um dia para o mundo ou para você.

P. J.  

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ele & Ela.


Ele & Ela.

(Indo a Inauguração de Uma Galeria de Artes)

Ele – Você precisa se apresar, vamos chegar atrasados.
Ela – Calma, já estou terminando, nunca vi essa coisa de coquetel para mostrar quadros, coquetel serve pra inaugurações.
Ele – Mas é uma inauguração, vão abrir para o publico hoje.
Ela – Eu sei você já me disse isso, só acho que não precisava – Quadro agente pendura na parede e pronto.
Ele – Quer dizer que em sua opinião, Michelangelo, Rafael, Césanne e Da Vinci não merecem nenhum respeito?
Ela – Claro que merecem, eu até assisti ao filme desse Da Vinci.
Ele – O filme não era sobre ele, o filme foi baseado em num livro que fala dele.
Ela – Tó pronta, vamos?
Ele – Você esta linda, quase uma obra de arte.
Ela – Obrigado meu príncipe da renascença, quando voltarmos vou posar para você e você pode me pintar nua, que tal? Vou ser sua Medusa!
Ele – Meu amor não é Medusa é Madona.
Ela – Melhor ainda, vou posar para você cantando Like a Virgin.
Ele – Eu Te Amo.
Ela – Eu também, vamos para seu coquetel.


(No Salão de Beleza)

Ela – Que tal amor? Estou pensando em mudar a cor do cabelo e diminuir a franja, o que você acha?
Ele – (Pensando)... Se você gosta assim, faz ué.
Ela – Mas eu estou pedindo sua opinião, estou com medo de diminuir a franja e ficar com o rosto muito redondo.
Ele – Mas o que a franja tem a ver com a circunferência do seu rosto? Ele não vai mudar por causa do seu cabelo.
Ela – Claro que muda você não entende nada de cabelo.
Ele – Claro que não entendo, alias nunca disse que entendia – Você foi quem pediu minha opinião.
Ela – E esse esmalte? Você acha que combina com meu tom de pele?
Ele – (Sentindo Calafrio Por Dentro)... É bonito! Um tom meio rosa, quase vermelho, mas lembra um pouco violeta né?
Ela – Meu Deus! Você é daltônico? Esse é o Malicia – Cremoso, é a tendência do verão.
Ele – (Os calafrios Aumentando)... Puxa eu realmente não sabia que existia um para cada estação do ano.
Ela – Olha se você quiser, vai dar uma volta no resto do Shopping porque também vou fazer a unha do pé.
Ele – Mas você trabalha com sapato fechado, corre de tênis e dorme de meias?
Ela – (Com Aquele Olhar Que Representa Perigo)... Se você quiser pode aproveitar para comer alguma coisa também.
Ele – (Sai de Cena)
(Uma Hora Depois)
Ele – Nossa você ficou linda com esse cabelo.
Ela – Obrigado meu fofo, você é que está lindo com esse livro embaixo do braço parece até um intelectual.
Ele – Eu Te Amo.
Ela – Eu Também.


(Em uma Reunião Familiar)

Ele – Nossa, mas essa galinhada da sua mãe é divina.
Ela – Como assim? A minha não é?
Ele – Claro que é amor, eu só estou tentando ser gentil com sua mãe, e cada pessoa tem um tipo de tempero.
Ela – Então meu tempero é ruim?
Ele – Meu Deus, tudo que eu falo você entende como critica.
Ela – Deixa pra lá, continua comendo a galinhada da sogrinha, afinal nem sua mãe faz uma galinhada assim.
Ele – Tá dizendo que a comida da minha mãe é ruim?
Ela – Não só estou dizendo que nunca comemos galinhada lá.
Ele – É verdade, mas comemos pudim, e você diz que o pudim dela é o melhor do mundo.
Ela – Isso é verdade, o pudim dela é uma delicia.
Ele – E eu não sei, da ultima vez você repetiu duas vezes.
Ela – Tá me chamando de gorda? Vai arrumar coisa melhor então, se você não quer tem quem queira viu? E essa sua barriguinha ai? Disso você não fala né?
Ele – Mas eu não disse nada, só disse que você repetiu.
Ela – Não foi o que você falou, mas o jeito que você falou.
Ele – Me desculpa você não está gorda.
Ela – Não estou gorda, mas tem dobrinha sobrando pra todo lado.
Ele – Mas eu adoro suas dobrinhas, eu gosto de ter onde pegar.
Ela – Jura amor?
Ele – Juro.
Ela - Só você pra me amar do jeito que eu sou.
Ele – É que a galinhada da sua mãe compensa.
Ela – Seu bobo, Eu Te Amo.
Ele – Eu Também.

Nesse momento os anjos disseram amém. E que Deus abençoe as diferenças.

P. J. 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Possibilidades, Certezas e Fatos.


Possibilidades, Certezas e Fatos.

Possibilidade – Seu dia será maravilhoso hoje, a vida vai brinda-lo com mais uma chance. Talvez aquele emprego, talvez um olhar daquela pessoa, talvez um plano que deu certo ou simplesmente mais um dia que transcorreu naturalmente sem sobressaltos.
Certeza – Ao acordar pela manhã, você não faz a menor ideia de como esse dia será, tudo o que existe é a necessidade de escovar os dentes, comer alguma coisa e mergulhar no mundo.
Nesse momento você estará tentando decifrar o sonho da noite passada, ou se perguntando por que dormiu tão mal.
Fato – Absolutamente tudo em sua vida tem 50% de chances de dar certo e 50% de chances de dar errado, essa porcentagem vai oscilar de acordo com suas atitudes, posturas e iniciativas.

Possibilidade – Você pode ganhar na loteria e ficar rico. Você pode realizar seu sonho de ser um Tio Patinhas – E literalmente nadar em dinheiro.
Certeza – O dinheiro não resolverá todos os seus problemas. Acredite não adianta pregar os velhos jargões de que dinheiro não trás felicidade, mas manda buscar – Ou ainda, prefiro ser infeliz em um Iate, do quer feliz em um barraco etc. etc.
As estatísticas mostram que são justamente os endinheirados, que estão se jogando pela janela e tirando sua própria vida. E o pior de tudo isso é que nem se lembraram de usar todo o dinheiro que possuíam para comprar um paraquedas antes de pular.
Fato – Como os próprios bilhetes fazem questão de ressaltar em seu texto explicativo do verso, as suas chances são mínimas, segundo a matemática são quase nulos.
Porém existe a sorte, o destino e a providencia, mas entenda que contar com aspectos que não controlamos para vivermos nossas vidas, não é algo muito inteligente.

Possibilidade – Você encontrará seu príncipe, ou sua bela adormecida hoje, assim que dobrar a próxima esquina.
Certeza – Na verdade essa possibilidade também é bem remota, não quero que você desanime, mas não existem homens por ai fantasiados de príncipes montados em cavalos brancos parados em cada esquina, muito menos camas espalhadas com princesas esperando um beijo salvador. Acredite de certa forma isso é bom, pois cavalos fazem muita sujeira e camas ocupam muito espaço, e o transito viraria um caos.
Fato – Os príncipes e princesas, os Joãos e Marias do mundo real, possuem defeitos, acordam com mau hálito, tem preferencias e gostos diferentes dos seus.
Quanto antes entendermos isso, menos sofreremos buscando nos relacionamentos aquilo que eles não são – Ou seja, perfeitos.

Possibilidade – Sua família será sempre perfeita, compreensiva e apoiará suas decisões.
Todos se reunirão para comer lasanha e tomar Coca-Cola aos domingos, os finais de ano serão perfeitos, e até aquele seu tio ou primo chato serão suportáveis.
Viajar com sua família será quase tão empolgante, como colocar sua roupa nova e ir pra balada.
Certeza – As famílias não são assim, seus pais e você são de gerações diferentes, vão divergir em alguns pontos, eles vão querer te proteger e você vai querer se libertar.
Aquilo que para você pode parecer algo normal, para eles é o fim da picada, quase um absurdo.
Fato – Você só entenderá o que eles estavam fazendo e dizendo, quando a vida colocar você frente a frente com coisas sérias, coisas que você sabe que não poderá resolver sozinho (a).
Leva tempo para entender que famílias não são perfeitas, mas são as pessoas que te visitarão em um presidio, velarão seu sono em uma cama de hospital e bancarão teu sustento se a coisa apertar e mesmo te criticando, estarão sempre do seu lado.
Leva algum tempo para você parar, e dizer... Meus pais tinham razão.

Possibilidade – Você sempre será uma pessoa descolada, livre de preconceitos e adepta da liberdade.
Fará discursos inflamados sobre o direito de ir e vir defenderá a liberdade de expressão e religião e ficará indignado (a) com a intolerância que vê a sua volta e no mundo.
Certeza – Suas convicções serão abaladas quando descobrir que possui seus próprios preconceitos enraizados descobrirá que socialmente é errado dar esmolas, mas se sentirá culpado (a) por não ter dado, uma vez que sabe que a sociedade que condena a esmola faz muito pouco para que aquelas pessoas não estejam ali pedindo.
Talvez a esmola seja para bebida, ou para drogas, mas talvez seja para um pão, mas isso, nunca saberemos.
Fato – Somos seres moldados de sentimentos, escolhas, pontos de vista e talento para avaliar pessoas e situações. Sobretudo aquelas que vemos e vivemos criamos um conceito ou Pré – Conceito, na maioria das vezes erramos ao julgar, mas entenda esse chip está instalado em você, quer você queira quer não.

Possibilidade – Você pode ler esse texto até o final ou não.
Certeza – Se você chegou até aqui, é porque leu.
Fato – É só um texto, porém parar um pouquinho para pensar nas possibilidades é o mesmo que talvez chegar a algumas certezas.
Ai você pode me perguntar, porque buscar certezas?
Eu te responderei que nada é certo, mas certezas é tudo que buscamos, e isso...
...É Fato.

P. J. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Novidades do novo mundo


Novidades do novo mundo.

Ouvi por ai que existe um novo mundo.
Até o fechamento desta edição, as informações eram difusas e desencontradas, mas me parece que as fontes são seguras.
Entre outras coisas, as fontes me disseram que o novo mundo é melhor do que o atual.
No relato que me fizeram sobre o novo mundo me disseram que não existe tanta gente reclamando de nada.
Lá as pessoas são mais comedidas e usam o bom senso para tomar suas decisões e abrirem suas bocas.
Lá existem crianças a perder de vista – E pasmem – Todas bem alimentadas e respeitadas como crianças.
Lá existem arvores centenárias e lugares exóticos, animais silvestres e pessoas sorridentes.
Uma de minhas fontes me disse com certa empolgação que com certeza é um lugar maravilhoso, um desses lugares pelo qual se vale a pena lutar.
- Veja amigo – Me disse ele mostrando as fotos que havia trazido consigo.
Olhei e vi montanhas que rasgavam o céu, lagos e cachoeiras. Vi também uma terra fértil com vários tons.
Existem cânions e ninhos de águias, pássaros de todas as cores e com os mais diversos tipos de canto.
Olhei e vi campos verdes, alaranjados, vermelho e em matizes de cinza que contrastavam com o céu azul.
Minha fonte me falou sobre as pessoas do lugar, me disse que são pacificas que preferem a tranquilidade ao invés de contendas.
Disse-me que são pessoas doadoras, doam tempo, doam amizade, doam liberdade e assim se tornam também livres.
Lá existem pessoas que cultuam o sol, pessoas que rezam com seus rostos voltados para Meca, pessoas que se reúnem em templos e igrejas, pessoas que acreditam no sagrado ou não, mas que acima de tudo acreditam no poder do cosmos e de uma fonte criadora, e justamente por isso não deixar que sua fé interfira na paz que tanto desejam.
A foto mais bela que vi, foi a de um sol majestoso que se punha em meio a nuvens pintadas de vermelho ocre e laranja, essa cena maravilhosa acontecia em um campo florido que tinha seus ramos e suas flores ondulados pelo vento suave do crepúsculo.
Minha fonte me disse que é natural ouvir o barulho de crianças por todos os cantos, elas correm e sorriem porque sabem que o futuro vale a pena.
Olhei e vi uma foto maravilhosa de um grande trem que rasgava as montanhas, enquanto gotas de uma chuva fina caiam sobre meu rosto.
Lá existem pessoas negras, brancas, pardas, mulatas, indígenas e mamelucas, existe uma mistura que coexiste em paz.
Coexistem em paz, porque já descobriram que o homem vale o que é, e aquilo que faz.
Olhei e vi homens e mulheres que retiravam da terra seu sustento, mas seu olhar não era de cansaço ou de lamento, perguntei ao meu informante porque aquelas pessoas sorriam.
Ele me respondeu que aquelas pessoas haviam descoberto há tempos, que absolutamente tudo vale a pena, que as coisas não caem do céu.
Descobriram que Deus não tem preço, que a mãe natureza não negocia. Descobriram que o contato dos homens com seu habitat é sagrado.
Descobriram que nenhuma tentativa é em vão, pois os acertos só são possíveis depois dos erros, e com seus próprios erros aprenderam também a não julgar os erros dos demais.
Aprenderam a conviver em paz, não em perfeição, mas em construção, aceitação e tolerância dia após dia.
Existem rios que são bons para pesca, arvores que dão sombra e fruto, e a terra que como mãe alimenta seus filhos com fartura.
As paisagens, a fartura, a diversidade, a beleza e a simplicidade sem esforço, tudo de belo e bom sobre aquele lugar me fizeram perguntar – Meu bom amigo, diga-me onde é este lugar?
Meu informante disse-me que a localização ainda era um mistério, mas aqueles que o haviam descoberto deram a este lugar maravilhoso o nome de TERRA.

P. J. S. 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

As Cartas Que Não Foram Lidas - VI.


As Cartas Que Não Foram Lidas - VI.

Já faz algum tempo que vago pelo mundo sem me preocupar em voltar.
Depois de um tempo você esquece o porquê saiu.
Depois de um tempo você começa a procurar motivos para voltar.
Meu motivo para voltar, sempre foram os mesmos: o amor, o aconchego e a paz que todos buscamos.
Agora, sentado aqui observando esse pôr-do-sol, deixo um sorriso tomar conta dos meus lábios enquanto penso – Deus, como somos tolos.
Meu riso é fácil, justamente por que riu de mim mesmo.
Sou mais sábio.
Sim, acredito que o mundo me deixou assim, tenho todas as cicatrizes para provar.
Somos tolos porquê buscamos sentido onde não existe sentido algum.
Buscamos riquezas que nem de longe nos tornarão realmente mais ricos.
Sabe meu amor, quando esta última carta chegar às suas mãos, saiba que estou a caminho. Saiba que é para sempre.
Tocarei minha gaita de fole para você, colheremos flores e beberemos da água pura que jorra das encostas da montanha.
Perderemos nossas noites fazendo amor e contando estrelas.
Sou mais sábio.
Sim, acredito que a chuva lavou meus sentimentos mais obscuros, acredito que enquanto caminhava meus pés eram limpos pela poeira da estrada.
Nos meus sonhos mais secretos aprendi a observar o mundo, e observando descobri que sou feliz.
Sabe meu amor, desejo a simplicidade em todas as suas formas.
Quero sentir o cheiro da natureza enquanto ela brota da mãe terra, quero ouvir o barulho da cachoeira e me banhar nela.
Quero fazer uma oração para o Deus desconhecido em uma noite de céu estrelado, quero correr por entre os campos verdes antes que eles murchem e colher todas as flores que puder.
Contemplaremos o mundo de mãos dadas, seremos sol e lua em dia de eclipse.
Sou mais sábio.
Sim, sou sábio pois não conto mais o tempo, em verdade, não vale a pena. Pois o tempo se vai, escorre por entre nossos dedos como areia fina. Aprendi que não importa quanto tempo temos, mas sim como vamos viver o tempo que temos.
Sim, sou sábio.
Sou sábio porque não me enraiveço mais com as pessoas, pois descobri que não vale a pena meu amor.
Quando enxergo pessoas de mau humor, ou pessoas que reclamam em demasia da vida apenas observo.
Ora, como posso julgar tais pessoas?
Elas não sentiram o gosto da chuva em meio a uma tempestade, não viram o sol se por em meio às montanhas.
Elas não amaram até se cansarem, não dançaram ao som de gaitas de fole. A maioria delas nem mesmo ouviu a nona sinfonia de Beethovem.
Sim eu sou mais crédulo.
É impossível para o homem comum observar a dança das estrelas e não acreditar que Deus existe, é impossível observar a bondade que ainda existe nos homens, e não acreditar que ainda é possível viver em paz.
Sim, eu acredito no invisível.
Apenas ele pode me mostrar a Anima-Mundi. Apenas ele pode, com seu toque suave, trazer a chuva de cada tarde.
Sabe meu amor, imagino que te devo desculpas, pois já há um longo tempo deveria ter dividido contigo meu mundo.
Porém esse mundo no qual vivo é tão belo e tão complexo, que sinto medo.
Acredite meu amor, todos aqui sentimos medo.
Temos medo de não viver e é por isso que inventamos vidas fantasiosas, temos medo de não nos tornamos aquilo que desejamos ser, temos medo de não conseguir, em alguns casos o medo é tão estremo que temos medo de nós mesmos.
Porém eu perdi meus medos, afinal, o que posso temer se o vinho em minha caneca é de boa qualidade, se o céu tem estrelas, se a chuva fertiliza a terra, se o pão é farto e tenho você para amar até o ultimo dos meus dias?
Sim, sou mais otimista.
Sou mais otimista, porque você me faz assim.
Sou otimista, porque quando lutamos pelas causas nas quais acreditamos, lutamos com mais bravura.
Entenda meu amor que quando não lutei por você, não foi por falta de amor ou coragem, não lutei porque como todos os guerreiros prontos para a batalha esperava apenas um sinal para avançar.
O sinal veio em seus olhos que brilham, em seu sorriso que me diz que estou no caminho certo e em suas mãos que sobre minha cabeça abençoam minha busca.
Amo-te, como nunca amei ninguém.
Amarei-te até o dia em que aqui não mais estiver.
Sou mais sábio meu amor.
Sou mais sábio porque "Eu fui à Floresta porquê queria viver livre. Eu queria viver profundamente, e sugar a própria essência da vida... Expurgar tudo o que não fosse vida; e não, ao morrer, descobrir que não havia vivido".*
Sou sábio, pois descobri que o mundo respira, e que no fim de nossa história somos alimento para vermes.
Estarei contigo em breve meu amor.
Tudo que desejo é seu olhar e seu sorriso me dizendo que posso lutar.
Se isso acontecer, por você travarei batalhas e atravessarei um mundo de desafios...
... Porque te amo.

P. J. S.

* Trecho entre aspas de autoria de Henry David Thoreau, ensaísta, poeta, naturalista, filósofo e humanista do século dezoito.
Este trecho pode ser encontrado na Obra - A vida Nos Bosques.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Uma Carta para Deus.


Uma Carta para Deus.

Oi pai.
Estou escrevendo para dizer que por aqui esta tudo bem, aliás, queria agradecer pela comida de ontem e pela de hoje também.
Para falar a verdade, preciso agradecer pela comida, pela saúde e pela paz de vários anos, sei que nunca fui um especialista em orações, sei que deixo a desejar em vários aspectos da vida, em alguns casos sou vilão de mim mesmo.
Sabe pai, por aqui é sempre mais fácil pedir do que agradecer pelo que possuímos ou conquistamos.
Já que essa carta será entregue em mãos, não terei medo de assumir que nunca fui muito adepto de igrejas ou religiões, sei que talvez isso dificulte um pouco as coisas, ou minha situação, mas entenda Pai, isso não é de proposito.
No fundo sei que sou um sujeito bom, meio estranho, e que vive de maneira desengonçada e as escuras, já que para viver a vida não possuímos manual.
Talvez seja assim por sua vontade, e acredite eu respeito isso. Não vou dizer que entendo afinal o Senhor saberá que estou mentindo.
Gosto do jeito que o senhor fez as coisas por aqui.
As diferenças de cores, os aromas, os sabores, pessoas com olhinhos esticados, uma natureza fantástica e uma terra que é pratica e funcional.
Você também deve estar orgulhoso daquilo que criou, as praias, as montanhas, as cachoeiras e tudo mais, até o deserto é bonito.
Você é o único cara que criou um espaço gigantesco sem absolutamente nada, e mesmo assim é digno de contemplação.
E o céu durante a noite, fala a verdade Pai, o senhor estava inspirado nesse dia não é verdade?
Às vezes me pego pensando em você, sei que sabe disso, sei também que já me perdoou por chama-lo de você. Acredite Pai, não é falta de respeito, é apenas meu jeito simples.
Aqui em baixo te deram tantos nomes, e criaram tantas regras ao teu respeito, que até te dar dinheiro virou coisa sagrada, mas não quero entrar nesse assunto, pois sei que esse assunto te aborrece.
Eu escrevi mesmo apenas pra fazer um pedido.
Fique tranquilo Pai, eu sei que vivo te pedindo coisas, mas dessa vez é algo importante.
Não sei se meu pedido é possível, mas vou pedir mesmo assim.
Sabe Pai, eu andei pensando, e você sabe como ninguém que penso demais. Pensei se você não poderia nos criar novamente?
A terra é boa e bonita, apesar de já termos destruído boa parte dela, mas o homem e a mulher já não são a tua imagem e semelhança a milhares de anos.
Sei lá, não sei como se faz essas coisas, mas você poderia dizer o nome de alguma religião ou criar uma, peço isso porque as pessoas se matam, se afastam, fazem guerras que ceifam vidas inocentes e usam teu nome para isso.
Você podia no processo de criação, explicar que somos iguais e temos os mesmos direitos, temos constituições e tratados que citam isso por aqui, mas sinceramente esses papéis não funcionam.
Você poderia colocar as pessoas que desperdiçam comida de castigo, pois enquanto alguns desperdiçam existem milhares que simplesmente não possuem o que comer.
Sabe pai, existem pessoas grandes por aqui que são iguais a crianças que tem irmãos menores, pois tudo de errado que fazem é sempre culpa de alguém.
Tudo aquilo que o senhor criou e nos deu gratuitamente, virou motivo de disputa.
A madeira, o petróleo, a agua, dizem que em alguns anos alguns recursos chegarão ao fim, e essa terra que sempre nos sustentou e proveu alimento ficará escassa.
Os especialistas, os cientistas, os estudiosos e até mesmo quem não entende do assunto diz que a culpa é nossa.
Homens de nações importantes se reúnem em locais importantes, para decidirem coisas importantes á anos, mas parece que essa tática não esta funcionando Pai.
Pelo que eu ouço falar parece que as ideias e as decisões nunca agradam a todos, e sendo assim quase nada de realmente importante é resolvido.
Sabe Pai, nossas crianças estão abandonadas, algumas jamais conheceram ou conhecerão o significado de ser criança. Muitas são maltratadas, violentadas, abandonadas ou possuem suas vidas interrompidas pela violência.
Em alguns casos Pai, essa violência parte daqueles que deveriam proteger e amar essas crianças.
Existem muitas pessoas solitárias aqui também, pessoas que se suicidam, pessoas que gastam seu tempo com criticas e ofensas, mas não ajudam a construir nada novo.
Não vou alongar essa carta mais que o necessário, pois sei que você deve estar a par disso tudo.
Aqui em baixo temos o habito de dizer que tudo faz parte de teus planos Pai.
Já me peguei pensando nisso algumas vezes, me pergunto se as coisas não são exatamente assim, porque o senhor confia que possamos reverter isso e consertar as coisas.
Talvez o senhor acredite que possamos nos amar, sem deixar margem para diferenças e conflitos tolos, talvez esse enfim seja o caminho do homem. Destruir, desamar e radicalizar, para só então aprender a construir, amar e pacificar.
Pai, se não for possível nos criar novamente eu vou entender.
Se tudo fizer parte do seu plano, eu quero fazer parte dele também.
Se o senhor me deu tudo, e me disser que é minha responsabilidade cuidar de tudo que me foi dado, e mudar o mundo a minha volta da maneira que puder juro que vou tentar.
Tentarei porque, se o senhor não puder nos criar novamente, vou entender que somos nós que devemos nos recriar, repensar, refazer para então da estaca zero, reaprender a viver.
Senhor dê-nos forças durante o dia todo até as sombras encompridarem.
A noite chegar, a agitação do mundo parar.
A febre da vida cessar, e o nosso trabalho acabar.
Então, com sua bondade, dê-nos abrigo, o sagrado descanso e paz, enfim. Amém.

“Goodnight, you princes of Maine… you kings of New England.”

P. J. S.