quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Não se pode agradar a todos... Que bom.

Não se pode agradar a todos... Que bom.

É quase natural a nossa decepção, quando vemos que de alguma maneira não conseguimos agradar a todos. Mas será que isso é realmente necessário?
Quantas vezes nos pegamos pensando em como fazer mais e melhor.
Precisamos fazer mais e melhor no emprego, afinal temos contas a serem pagas, filhos para serem criados e prazos a serem cumpridos.
Falando em filhos, quem nunca se sentiu culpado (a), por não ter mais tempo para eles?
Precisamos fazer melhor em nossas relações, afinal os relacionamentos hoje são quase de plástico, a imagem daquele casal de velhinhos simpáticos andando de mãos dadas depois de décadas de casamento, está mais em nosso imaginário do que na vida real, a prova disso é que quando vemos esta cena, ficamos de queixo caído como se aquela cena fosse surreal.
Precisamos fazer o melhor em nossas amizades, afinal os amigos da noite, das bebidas e da curtição estarão sempre por ai, mas os amigos das horas difíceis, os amigos que passam horas ao lado da cama de alguém doente ou se prontificam sempre a ajudar, seja com uma palavra, ou seja, ouvindo em silencio estes não fazem parte da lista do IBAMA, mas também estão em extinção.
Precisamos fazer sempre o melhor pelos outros, afinal nunca se sabe o que vão pensar de você.
Precisamos fazer o melhor por quem amamos, afinal se o relacionamento acabar, a culpa pode ser toda sua.
Precisamos manter guardados á sete chaves nossos segredos, afinal você pode ser condenado antes mesmo de ter tempo para se defender.
Precisamos fazer todos sorrirem, precisamos fazer com que todos notem a nossa presença, precisamos ter barriga tanquinho e pernas bem torneadas.
Precisamos estar antenados, frequentar lugares de gente bonita. (Eu nunca soube o que isso realmente significa, deve ser um lugar onde é proibida a entrada de gente feia).
Precisamos dizer que somos agitados, gostamos de aprender e não sabemos ficar parados, pois é isso que querem ouvir de você em uma entrevista de emprego. Talvez a robotização das empresas esteja robotizando também os seres humanos. Ou seja, precisamos de maquinas que trabalhem mais e de cabeças que pensem menos.
Precisamos agradar os sogros, os colegas de trabalho, os amigos e precisamos ser educados com o pessoal da cal Center, mesmo sem a mínima vontade de adquirir os produtos que nos oferecem.
A pergunta é por quê?
Porque tamanha necessidade de agradar em todas as instâncias?
Será uma maneira de ser aceito?
Será uma maneira de ser útil?
Nossos avós plantavam colhiam, fumavam seu cigarro de palha e eram felizes.
As mulheres davam a luz em casa, os moleques comiam terra e nadavam nos rios, e todos cresceram fortes e saudáveis.
Alguns homens e mulheres daquela época na maioria dos casos não sabiam assinar o próprio nome, mas sabiam exatamente o significado da palavra ética.
Nos dias atuais os problemas familiares, são resolvidos em programas de auditório e transmitidos em cadeia nacional.
O que aconteceu com aquele: Conversando agente se entende?
O que aconteceu com nosso espaço, nossa privacidade e com nossa liberdade de errar?
As pessoas estão com medo de dizer eu não sei, afinal vivemos no mundo do imediato, o prazer deve ser imediato, você precisa ser alguém de sucesso. Volto a questionar aquilo que já questionei em outras ocasiões – Qual é esse tal sucesso?
Lá fora as pessoas estão se engalfinhando, os funcionários da Foxconn, fabricantes do IPhone estão se jogando pela janela, a quantidade de profissionais afastados por estres aumenta a cada dia e nunca ouve tantas mortes causadas por ataques do coração como neste inicio de século.
Ser apenas bom, quando se pode ser excelente é sinônimo de preguiça, no entanto a autodestruição que cometemos para nos adaptarmos as cobranças do mundo e do outro é o que chamo de burrice motivacional.
Pois tudo gira em torno de ser melhor, comer melhor, viver melhor, ler um livro para fazer amigos e ler outro para descobrir o segredo da vida prospera ouvir a musica da moda, ter o carro do ultimo modelo e ser descolado.
O problema desse bem estar e dessa felicidade que se vende em livrarias, nos anúncios do horário nobre e estará em breve nas padarias e melhores lojas do ramo, é que elas são placebos de farinha que resolvem o problema de maneira temporária.
Quando se descobre que a roupa não ficou boa porque seu corpo não é como o do manequim da loja, quando se descobre que para se alimentar melhor podemos procurar a horta do seu Zé da esquina, quando o próximo capitulo da novela das oito já não é tão sedutor, quando temos uma religião, mas saímos de nossos templos de oração mais vazios do que entramos ou quando simplesmente procuramos sentido nas coisas á nossa volta e não encontramos, acredite o calendário Maia pode estar certo, e o planeta pode sim entrar em colapso a qualquer momento.
Mas pode ser que você não acredite em profecias.
Tudo bem, afinal os mais não te conheciam.
Mas o que você fará se o seu mundo entrar em colapso?
O que fará se não for o destaque da vez? E se você não conseguir o emprego dos sonhos?
Como você vai reagir quando descobrir que seu relacionamento é uma farsa que está á deriva?
Qual o comprimido que você vai tomar, quando descobrir que deu atenção demais às cobranças e esqueceu-se de você mesmo?
Talvez você se olhe no espelho hoje e não se ache bonito ou bonita o suficiente.
Esconda seus pneuzinhos, tenha medo de assumir seus medos, deixe que os outros cuidem de sua autoestima, preocupe-se sempre com aquilo que pensam ou dizem á seu respeito, escute sempre os conselhos dos sábios que vivem a sua volta e sabem exatamente como você deve viver a sua vida, deixe seus sonhos para depois afinal alguém disse que eles não valem a pena e são apenas sonhos e devaneios e descubra finalmente, que tudo que você precisa vivendo assim é do telefone de um excelente analista.
As cobranças fazem parte do trabalho e da vida, isso é fato, mas não se venda barato, não compre qualquer verdade absoluta na esquina.
Tome cuidado com péssimos amigos, comerciais que vendem felicidade fácil, políticos que prometem a salvação do mundo, ambientalistas que não plantam árvores e maconha, pois todas essas drogas fazem mal para seu cérebro.
Esta é a melhor noticia que você poderia receber hoje.
Acredite, não estará no New York Times, não estará na Folha de São Paulo e a Organização Mundial de Saúde não soltará nenhuma nota esclarecendo o assunto, a ciência talvez não de embasamento á esta descoberta, mas ela é verdadeira.
Não se pode agradar a todos e isso é bom.
Antes de cometer o ato suicida de querer agradar a todos se pergunte se tudo e todos estão agradando você.
Seja responsável, seja aplicado (a), lute pelos seus sonhos, seja feliz á sua maneira e lembre-se o homem mais feliz do reino, não pode ajudar o rei dando a ele sua camisa.
Por quê?
Porque ele era o homem mais feliz do reino, mas simplesmente não tinha camisa.

P.J.S

2 comentários:

Fran disse...

Oi, querido... lindo texto. As vezes temos que ser egoistas e pensar mais em nós mesmos, pois os outros fazem muito pouco por nós. Bjs

claudia miris disse...

Bom dia querido ...
que bom que realmente não precisamos e podemos agradar á todos,as vezes nem mesmo aqueles que mais nos amam ... saber disso é um alívio a alma.
seus textos são lindos, voce é iluminado !!!!!!!!!
um grande abraço.