domingo, 4 de setembro de 2011

Quando setembro chegar...

Quando setembro chegar...

Quando setembro chegar, poderemos comemorar um pouco mais.
Setembro é apenas mais um mês criado para preencher o nosso calendário, assim como criamos coisas para preencher a nossa vida, porém setembro é o mês dos acontecimentos que marcam novas trajetórias.
Quando setembro chegar, teremos a ilusão de que somos mais independentes. Em setembro lembramo-nos de que não vivemos em um bairro, uma cidade ou mesmo um estado, nós vivemos em uma Pátria.
Quando setembro chegar, aprenderemos finalmente a cantar o hino de nossa pátria, pois setembro também é seu mês.
Quando setembro chegar, cobraremos dos nossos governantes uma educação de qualidade para nossas crianças e nossos jovens, afinal este é o mês da alfabetização. Alfabetização que jamais foi levada a sério em nosso país.
Em setembro poderemos nos expressar sem medo de sermos repreendidos, poderemos falar aquilo que pensamos, sem medo de sofrer represálias, pois em um setembro esquecido no tempo foi fundado o primeiro jornal de nosso país.
Quando setembro chegar, seremos mais compreensíveis, afinal este é o mês da compreensão mundial.
Quando setembro chegar, faremos as mesmas perguntas sobre os homens que governam este país, afinal setembro é o mês do teatro, e não á como se negar que as (Autoridades) que definem os rumos desta nação possuem o dom da decoração de texto, pois o discurso é sempre o mesmo, o que muda, são as falcatruas que são cada vez maiores e descaradas.
Quando setembro chegar, as pessoas portadoras de necessidades especiais serão tratadas como merecem, existirá mais rampas de acesso, existirá mais respeito e mais vagas de estacionamento para elas, porém se nada disso acontecer, devemos pelo menos respeita-las um pouco mais, não porque este é o mês delas, não por piedade ou pena, e sim porque conheço dezenas destas pessoas que dão um verdadeiro banho de caráter, força de vontade e determinação em muitos (Normais).
Quando setembro chegar, teremos mais flores, pois a senhora primavera vem enfeitar o mundo com suas cores e seus odores.
Quando setembro chegar, poderemos abraçar nossos irmãos, afinal somos todos (Livres). Uma das coisas que me marcou na época de escola, foi justamente esta liberdade. Apenas no ano de 1871, quando o século vinte um batia as portas do mundo, foi elaborada e votada a lei do ventre livre.
A lei do ventre livre é mais um desses absurdos que só acontecem no Brasil, que por sinal foi o último país a abolir a escravidão.
A lei dizia, que toda criança filha de escravos ao nascer era livre. Quando setembro chegar, devemos nos lembrar de que nossa liberdade jamais poderá ser conquistada através de um documento, um pedaço de papel. Devemos lembrar-nos também de que essa escravidão apenas se modernizou.
Ela não tem mais cor, ou navios negreiros. A escravidão agora é caseira, enrolhada, dissimulada e enrustida.
Quando setembro chegar, os idosos serão mais respeitados, as cores serão mais vivas e aquilo que você é, valerá mais do que aquilo que você tem.
Quando setembro chegar, vamos nos embebedar com um bom vinho e ouvir músicas antigas. Vamos sorrir sem saber por qual motivo e nos empolgar apenas pelo fato de estarmos vivos.
Quando setembro chegar o amor será de verdade, não haverá tantas dificuldades e tantos interesses escondidos por trás deste sentimento.
Quando setembro chegar, estaremos contando os dias para o final de mais um ano. Veja você como são as coisas, desejamos comemorar o fim de algo, quando na verdade nós mesmos não começamos coisa alguma.
Quando setembro chegar, viveremos novos momentos e teremos novos sonhos.
Se setembro chegar, e com ele metade do mundo mudar, apenas nos restará sonhar.
Sonhar que todos os dias...
...São eternos setembros.

P. J. S.

Um comentário:

Micaella disse...

Quando setembro chegar, espero que como você escreveu, possamos (Inventar menos) para preencher nossas vidas.
Apesar de morar fora sou brasileira com orgulho, mas espero que todo brasileiro seja mais brasileiro, pois conheço alguns compatriotas que sabem e conhecem mais sobre os países vizinhos, americanos e europeus, do que de nosso, belo e rico Brasil.
Como diz Eduardo Bueno, povo que não conhece sua historia esta condenado a repeti-la.
Beijos, meu escritor favorito.