quarta-feira, 10 de abril de 2013

Quando for o momento você estará lá?


Quando for o momento você estará lá?

Você tem medo do escuro?
Eu tenho medo de não estar lá.
Você tem medo de se apaixonar rapidamente?
Eu tenho mesmo é medo de não estar lá.
Você tem medo do que vão dizer, e daquilo que vão pensar?
Mas acredite, eu morro de medo mesmo e de não estar lá.
Tenho medo de não poder dizer eu te amo novamente.
Tenho medo de não viver o bastante, para celebrar minha vida e me arrepender das besteiras que fiz.
Para que tanto medo de viver, se o medo já faz sofrer?
Tenho medo de não chegar a tempo para meu casamento, tenho medo que o vinho acabe e a musica não toque.
Tenho medo de não dançar o suficiente.
Tenho medo de não dizer quantos foda-se eu quiser, tenho medo de não ter raiva e indignação suficiente ao ponto de suportar tudo de maneira tão passiva que seja uma quase não vida.
Quero estar lá, talvez doa, talvez não aconteça, mas desejo estar lá para ver um show de coisa alguma.
Quero estar lá totalmente ocupado, ou fazendo nada.
O medo é bom, protege, aguça os sentidos e mantem a mente alerta, mas só o medo não faz vida.
Vida é feita de farinha de trigo com ovos, fermento e um tempo de forno, tenho medo de que meu bolo não fique pronto.

Um ano + uma ruga = A desespero.
Um ano + um amor fracassado = A ninguém me ama.

Tenho medo mesmo, é de pessoas que pensam assim. Veja que as rugas não podem ser evitadas, podem no máximo ser retardadas e as pessoas se retardam e se esticam tanto que também acabam retardadas.
Você nunca verá alguém que morre de amores pelas galinhas, porém elas seguem pondo seus ovos, jamais escreveram um poema ou canção sobre as heroicas vacas, mas elas não cessam de dar leite.
Tenho medo de não estar lá, me sinto ansioso pela próxima chuva, pelo próximo beijo, um pedaço de goiabada com queijo e sussurrar em seu ouvido o quanto te desejo.
Não posso esperar sentado enquanto até mesmo o tempo anda, o vento sopra, a planta cresce e as ondas quebram.
Não consigo me concentrar sem musica, o vinho é minha desculpa e tenho um caso com a madrugada.
Não tenho um pinguim em minha geladeira, mas isso não faz falta, poucos sabem que os avós usavam os pinguins em geladeira como um código secreto para coisas boas escondidas ali dentro.
Eu sei – Você vai dizer que o pinguim representava apenas o frio, e é verdade, mas deixe-me fantasiar um pouco, pois como você eu não estava lá.
Não estamos lá, quando aqueles que nos são caros se vão.
Tenho medo de não alcançar sua mão, tenho medo de me despedir sem um beijo.
Tenho medo de não estar na próxima guerra, sei que é insensato, mas gostaria de erguer uma bandeira branca e dizer: - Venham amigos, temos cervejas e um bom papo, deixemos essa guerra para os homens que estão dentro de gabinetes nos dizendo como devemos morrer.
Não tenho medo de ter medo, apenas tenho medo de não ter medo do medo certo.
Tenho medo de não estar lá, porque sei que a respiração se encurta, os olhos se fecham a vida murcha, a pele perde a cor e o medo se vai.
O medo se vai porque medo é algo consciente e inconsciente. E o consciente e inconsciente são impossíveis se você não esta lá. E acredite você não estará.
Você tem medo de cair?
Então não ande.
Tem medo de errar?
Então não tente.
Tem medo de amar?
Então não exista.
Tem medo de não estar lá?
Então corra, pois o tempo não para meu caro, declare-se, permita-se, assuma-se, descubra-se e pare de imitar a manada, pois o que temos de único é inigualável.
A grande aventura, a grande descoberta é que ninguém é igual a ninguém, agora me diga esse tal de Deus não é mesmo porreta?

P. J. 

Um comentário:

Micaella disse...

Eu tenho medo mesmo é de que um dia você pare de escrever, seus textos servem de expiração, te conheço como poucas pessoas conhecem, e seu o ser humano maravilhoso que você é.
Beijos meu anjo.