Confiança.
Essa palavra cara, e em extinção nos dias de hoje
perdeu sua humanidade, lembro-me de pessoas de outrora que afirmavam que
confiança era uma cadernetinha na venda da esquina, onde se comprava tudo
fiado.
Lembro-me da confiança que era transmitida através
de um aperto de mão firme um olhar direto.
Mas e agora? O que é confiança? O que ela significa?
Confiar como? Confiar em quem?
Como diria Chico Anysio, o mundo moderno é um
mundinho merda?
Você não terá escolhas numa sala de cirurgia, é
preciso confiar totalmente no médico que fará o procedimento.
Será preciso confiar plenamente em seu advogado,
caso contrário à relação cliente advogado não funcionará.
Confiamos em nossos mestres, afinal aqueles que
levam o conhecimento até as salas de aula o fazem praticamente de maneira
heroica, em um país onde futebol e carnaval estão em primeiro lugar.
Confiamos em nossos pais quando somos crianças. Quando
um pai abre seus braços e diz pula, a criança não pensa duas vezes, apenas abre
um sorriso e se joga. Ela se joga, pois sabe que nada de mal lhe acontecerá,
sabe que aquele pai herói ou aquela mãe heroína estará por perto quando ela
precisar.
Essa confiança sublime ou imposta por condições
adversas é corriqueira em nosso dia a dia, mas o que dizer da confiança
gratuita?
Aquela que entregamos a amigos, familiares e
relacionamentos?
Não é preciso entrevistar uma centena de pessoas
para se chegar a uma impressão geral do quadro. Observaremos que de cada dez
pessoas, pelo menos oito acham difícil confiar nos dias de hoje.
O que aconteceu? Onde essa confiança foi parar?
A verdade é que as pessoas traem, mentem, enganam, dissimulam
ou escondem algo o tempo todo.
Os motivos são os mais variáveis possíveis, existe
até a expressão chula e descabida de que mentimos para proteger o outro. A pergunta
é – E quem protegera o outro de nós?
Mentir, trair, enganar, trapacear, puxar o tapete,
falar pelas costas ou simplesmente fingir uma falsa simpatia, é algo que corre
na veia humana.
Como pobres animais que somos, crescemos aprendendo
a fingir dor para ganhar atenção, fazemos manhã dês de cedo pra ganhar colo.
Jamais quebramos nada, pois aprendemos que o “Não
fui eu” pode nos proteger de surras e de castigos.
Temos interesses distintos sobre os outros, quando
alguém diz que conheceu um fulano ou beltrano, não perguntamos sobre a pessoa,
sua gentileza, se é uma pessoa sociável ou mesmo seus ideais de vida.
Perguntamos onde ela mora no que trabalha e o que
possui. Perguntamos isso, como se para a confiança isso realmente fosse
importante.
Perguntamos como cegos que não querem ver que nossos
piores bandidos usam ternos e gravatas e passam suas férias no exterior.
Perguntamos por que nos comparamos, temos o desejo
secreto de saber se aquele alguém tem mais ou menos do que nós, pois é baseado
no que se tem que sua cota de respeito aumenta ou diminui.
Dizem que se pode conviver décadas ao lado de alguém
e mesmo assim ser surpreendido (a), por uma traição, uma mentira ou mesmo
coisas ocultas que não sabíamos sobre ela.
Confiança virou artigo de luxo, custa caro e sua manutenção
é periódica.
Ao conquistar respeito e confiança de alguém tenha
cuidado sobre o que fará.
Confiança não se ganha duas vezes, respeito não é
direito, mas sim merecimento.
Entre mortos e feridos, traidores e traídos,
mentirosos e vitimas, vitimas dos outros e de si mesmas, entre enganadores em
enganados a roda gira e os papeis se invertem.
Daremos um sorriso, faremos uma reverencia, talvez
não suportemos, mas aturemos aquilo, ou aquela situação, pois em primeiro lugar
estão os bons modos, a moral e os bons costumes.
Existem perguntas sem respostas, e resposta para as
quais ainda não inventaram a pergunta.
Nesse mundo homo sapiens, de pessoas gente boas que
vão e vem – Você vai confiar em quem?
P. J.
2 comentários:
Dizem que confiança não se ganha, mas sim se conquista.
Você com certeza elevou o padrão deste ditado.
Faço minha, suas palavras, confiança custa caro e precisa de manutenção periódica.
Abraços meu anjo.
A confiança, assim como a fé, acredito que seja um exercício diário. Pra quem têm e pra quem oferece.
Suas palavras sempre me inspiram. Meu amigo, meu irmão. Meu mestre!
Abraço.
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