Ter um sonho é a capacidade do ser humano reconhecer um rastro divino dentro de sua própria existência. É em meio a sombrias brumas que cobrem o seu dia a dia, sentir Deus caminhar sobre águas calmas na alma, com a certeza que a qualquer momento o coração que pulsa pela vida do corpo e do espírito possa sussurrar “então, que a luz se faça!”.
Devagar, ao tempo de cada indivíduo, a vida revela o segredo do despertar, e sentimos como se um anjo pousasse leve a mão sobre a sua, e mostrasse o leito de um caminho que: ou se quer ousávamos observar, ou a muito nos abandonamos sentados a sua margem, questionando os céus pelas pedras que encontramos.
A vida de fato acontece quando entendemos a essência do “verbo” no papel do mundo e da existência, pois o verbo é a ação. A vida é um verbo! Ou merece ser vivida como tal. Em movimento, em ação, que leva a uma realização, que celebra um acontecimento.
E assim a vida, ou o verbo, acontece!
Escrever é a forma que encontrei de “acontecer”. É como se um anjo dentro do meu coração se comunicasse com outro anjo na ponta dos meus dedos, e as palavras vão formando sorrisos, lágrimas, espanto, reflexão e talvez, quem sabe, até mesmo o amor. Amor pela qual, este pobre diabo na terra tem tentado entender, a duras penas, por vezes confundindo-se com uma duvidosa noção de destino, ou então com as dúvidas que fazem a cabeça rodar em noites assim.
A vida talvez seja uma tragédia em dois atos. O primeiro quando nos damos conta de que realmente estamos vivos e somos um acontecimento divino adormecido, e o segundo quando entendemos que a vida segue apenas uma direção, em rota de colisão com o amor. Qualquer coisa que esteja fora destes dois atos é mero ensaio, e de fato não é pra valer.
Primavera de 2009.
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