domingo, 13 de março de 2011

Cinzas.

Cinzas.

A quarta feira que nos lembra de que somos mortais.
A fantasia esta pronta, o bloco sai á rua e a alegria é geral.
Nada menos propicio para este momento, do que pensar no fim de todas as coisas. Porém é isso que representa o dia em que chamamos de quarta feira de cinzas.
Os cristãos usam esta data para lembrarem-se da mortalidade da própria mortalidade.
Neste sonho chamado vida, raras vezes paramos para pensar neste assunto.
Alguns o temem, outros o evitam, no entanto este é o apogeu final de toda criatura vivente, ou seja, nascemos para morrer.
Esse dia serve para pensarmos em nós.
Como usamos nosso tempo?
Quais os sonhos que ainda não realizamos?
Quais são as coisas importantes em nossas vidas?
É inevitável pensar no fim das coisas, sem antes pensar em nossa situação atual.
É inevitável não nos perguntamos o que o amanhã guarda.
As cinzas que marcam a testa dos cristãos representa seu renascimento, seu arrependimento perante seus pecados.
É claro que nossas vidas são mais que datas marcadas em um calendário, no entanto esse sentimento em nosso mundo globalizado e cheio de suas próprias tecnologias se torna cada vez mais distante de nosso tempo.
Acredito que o respeito por certas datas e tradições, não envolve apenas crença e respeito.
Envolve educação, ética e personalidade.
Deixando todo o simbolismo religioso de lado, podemos ver isso sob um prisma mais humano.
Pois não podemos sentar á mesa e nos esbaldar enquanto sabemos que existem irmãos nossos morrendo de fome.
Esse arrependimento que as religiões nos pedem, talvez não envolvam apenas nossos pecados, mas também nossa conduta enquanto criaturas deste planeta.
Nossa maneira e comprometimento para com o nosso próximo.
“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”.
Essa mensagem simples deixada pelo mestre nos indica a direção.
Porém as diferenças se encarregam de deixar longe de cada um de nós, a concretização de algo que em primeiro momento soa como frase de efeito.
Caso Jesus Cristo, fosse um politico moderno, poderíamos dizer que ele estava fazendo um discurso tentando angariar votos.
Poderíamos dizer que essa filosofia de perdoar setenta vezes setenta e algo que beira o absurdo.
Poderíamos dizer que dividir o pouco que temos, com aqueles que não têm nada é algo altruísta e utópico.
Mas jamais poderemos dizer que nunca paramos para pensar no fim de tudo.
Não estou falando de profetas de plantão, que proclamam o fim do mundo para logo mais.
Não falo de paraísos na terra, ou salvação eterna.
Não falo de paraíso, purgatório ou inferno, afinal isso já foi bem explicado por Dante.
Falo de uma centelha Divina que brilha em cada um de nós.
Falo de nossa capacidade de olhar além de nossos próprios muros.
Cinzas!
Reflexão.
Falo sobre alguém do seu lado, que com certeza deseja mais amor, mais atenção.
Falo sobre as coisas que nos cercam, mas que só reconhecemos seu verdadeiro valor, quando as perdemos.
Cinzas!
Doação.
Podemos ter religiões diferentes, cores, status, preferencias e trilhar caminhos opostos, mas jamais podemos nos deixar embrutecer pela falta de amor, compaixão e fraternidade entre filhos do mesmo Pai.
Aprendemos mal com o passado, vivemos erroneamente o presente e cometemos a audácia de desejarmos conhecer ou adivinhar o futuro, mas não podemos cometer a estupidez de não enxergar o obvio. Precisamos uns dos outros.
Somos responsáveis pela família que construímos, pelo planeta em que vivemos e pelas mazelas que fazemos.
A quarta feira de cinzas, nos diz que absolutamente nada é eterno.
E quem sou eu e você, enquanto esse sopro de vida dura?
Em que momento nossas mãos se unem com o mesmo proposito?
O que podemos ensinar um a o outro?
“Onde estiverem reunidos em meu nome, lá estarei eu no meio deles”.
Escrevo esta reflexão, pois acredito em um novo alvorecer.
Acredito no homem mais humano.
Talvez fosse isso que Nietzsche pregava, quando disse que o homem existe para se superar – Para ser um Super-Homem.
As lapidações da vida, e das mudanças nos fazem enxergar que a vida é puro fogo.
Precisamos correr como noivos atrasados para o dia do matrimonio.
Precisamos viver com esta chama queimando dentro de nós. Precisamos aproveitar este calor enquanto é tempo.
Pois quando o fogo se esvai, tudo o que resta são...
...Cinzas.

Dedico este texto para Rosa Biazoto.
Amiga.
Leitora, e esposa de um grande amigo e irmão.


P.J. S

Um comentário:

Fran disse...

Oi querido, linda mensagem. Que a chama da vida permaneça acesa em todos nós. Obrigada por compartilhar seus textos. Boa semana pra você... Bjs