Uma outra visão sobre as mídias sociais
Olá. Como vai você?
Creio que os leitores do Cia das Palavras já devam conhecer esta introdução. Sim, pois trata-se de um dos jargões mais conhecidos no mundo virtual brasileiro na atualidade. Trata-se da saudação de PC Siqueira, uma figura nacionalmente famosa que promove reflexões e bate-papo através do youtube.
Achei interessante começar por ela, e criar a ambientação deste meu texto, que na opinião de alguns, poderá se classificado como azedo. Bom, mas com gosto de limão ou não, o fato é que passei a ter uma visão desconfiada das famosas, idolatradas e ardentemente apaixonantes mídias sociais.
Em primeiro lugar, sim, sou um comunicólogo formado e atuante na área, e como tal, sei da importância fundamental que as mídias sociais representam no mundo da comunicação enquanto negócio e velocidade de informação, oportunidade de contemplar interesses e outras práticas de marketing. Tão importante a ponto de gerar a atualização do conceito de “comunicação integrada” dos profissionais da mensagem para o termo “Transmídia”.
O termo define nada mais e nada menos do que a possibilidade de se oferecer diversas plataformas de comunicação para se acessar um mesmo conteúdo (comunicação integrada, de qualquer forma!)
E na posição de comunicólogo este fenômeno é uma oportunidade tão carnuda e suculenta para elaborar estratégias e buscar resultados, que o pensamento (impensável) de não utilizá-las pode ser o decreto fatal de sua desnutrição profissional.
O que estou querendo dizer até aqui, é que as mídias sociais representam a evolução na forma o no formato em que as pessoas se relacionam entre si, manifestam suas idéias, seus interesses, seus sonhos, desejos, suas frustrações, sua raiva, etc.
E é desta pequena conclusão declarada no parágrafo anterior, que percebi algo muito interessante, e de certa forma bizarro, acontecendo na sociedade.
Antes de qualquer coisa, até mesmo antes de ser comunicólogo, sou um ser humano. Anotado tão obvia e cretina observação, vamos parar e observar a “evolução” promovida pelas mídias Sociais:
1 – As pessoas estão deixando de lado o relacionamento pessoal. Sim, porque a partir do momento em que passamos a utilizar uma mídia social como forma de manifestação padrão, pensamos estar tornando pública nossas idéias, porém, o que a acontece é o afastamento de um relacionamento direto e pessoal.
2 – As pessoas fazem amigos que nunca conheceram pessoalmente, e muito menos sentaram-se juntos em uma mesa de bar para tomar uma cerveja (ou um refrigerante se a religião não permitir), e o pior, muitas das vezes, este amigo virtual é o melhor amigo da pessoa. (Porra!)
3- As mídias sociais, raramente refletem o real pensamento ou intenção da pessoa. Covardes se tornam valentões, feios tornam-se bonitos, leigos tornam-se intelectuais. Então eu me pergunto, o que adianta você buscar um relacionamento (pseudo) social, se você não é você mesmo? É uma farsa!
4- As pessoas estão criando muros, e definindo seu horizonte através dos termos “Username” “Password”. A coisa humana, a coisa da sociedade enquanto uma organização ORGANICA está ficando de lado
5- E o pior de tudo: As pessoas TÊM CONSCIÊNCIA de que isso está acontecendo, porém dizem que nada podem fazer contra isso. É o futuro.
Que futuro é esse. As crianças não brincam mais de esconde-esconde, bola na rua, de andar de bicicleta, de criar mundos imaginários no quintal, onde uma caixa de papelão é uma nave espacial e seu cachorro um alienígena desconhecido que fala uma língua universal. Não!
E eu não sou tão velho assim. Essas coisas aconteciam quando eu tinha 15 anos. (tá, há 11 anos atrás, mas mesmo assim!).
Esperando minha irmã na porta da escola, acompanhei o seguinte diálogo entre dois garotos:
- O que vai fazer hoje?
- To afim de ficar no MSN e twitter. Vamos, aí a gente passa a tarde “trocando idéias”.
- Opa, chegando em casa, to lá então?
Parece um diálogo inocente, mas ao meu ver, isso é o nascimento de uma nova cultura social. A cultura da incomunicação, ou seja, as pessoas se comunicam, mas desconfiguram totalmente a essência da raiz da palavra comunicação, que significa fazer algo em comum, com outras pessoas. Você digitando em um computador em casa, promove uma comunicação descartável e irrelevante. A informação ganhou velocidade? Sim, isso é fato indiscutível, porém, a sociedade está se mutilando e perdendo sua voz.
Essa é a sociedade digital. Um lugar onde você se relaciona com outras pessoas de forma solitária, onde cada frase sua “postada” (sim, porque não dialogamos mais, nós postamos) gera aquele sentimento desesperador de esperança onde pensamos “será que alguém vai nos responder?”.
Admiro a evolução digital quanto ao favorecimento da comunicação enquanto consulta, enquanto pesquisa, enquanto troca de informações rápidas. O termo e seu uso como relacionamento social, na minha opinião, é um erro gravíssimo por parte das pessoas, e dos comunicólogos também.
Um comentário:
Oi, Lucas, tudo bem? Tenho saudades das reuniões dos amigos, das tardes com a familia... infelizmente estão acabando e as pessoas não fazem nada por isso. Lindo texto, Bjs
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