segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Planos infalíveis... Ou quase.

Planos Infalíveis... Ou Quase.

Certo dia aconteceu uma pequena reunião.
O proposito de tal reunião era traçar planos e metas para o futuro.
Os animais se reuniram logo ao por do sol, e se puseram a debater.
Desculpem-me, esqueci-me de mencionar que o texto era sobre animais, porém qualquer semelhança com o mundo dos humanos não é mera coincidência.
Uma coruja com dois doutorados e um MBA, fez uma abertura dinâmica, com frases cheias de efeito e uma retorica impecável.
Logo em seguida foi dada a palavra ao papagaio, que por sua vez fez todo tipo de reclamação a cerca da situação.
A preguiça dormia tranquilamente e impassível.
Os macacos faziam o que era típico de sua espécie, pulavam, gesticulavam e faziam macaquices.
O tucano lançou mão de seus óculos, limpou a garganta e se preparou para tomar a palavra.
O G20 dos bichos era um troço organizado e os trabalhos aconteciam de maneira ordeira, o maior problema, no entanto eram justamente os problemas, pois eram sempre os mesmos.
O tatu queria mais espaço e liberdade para cavar seus buracos.
As tartarugas achavam que o mundo globalizado e a tecnologia, iam a passos rápidos demais.
O bicho preguiça pedia a paz mundial, afinal não era possível se dormir com aquele barulho.
As onças pintadas queriam fazer uma passeata pelo direito de se pintarem de preto e se transformarem em panteras.
Os papagaios prometiam um protesto que fecharia a Avenida Paulista, pelo direito de serem respeitadas como araras.
O cachorro do mato, não pode deixar de escapar o comentário que deixou todos perplexos. Ele disse, que nos últimos anos levava uma vida de cachorro.
O leão que era o rei de tudo resolveu que deveria ser elaborada uma lista com metas claras. Depois que a tal lista estivesse pronta, todos deveriam colaborar com o FMB –.
(Fundo Monetário dos Bichos).
Uma anta do mato pediu a palavra, e alegou com argumentos fortes que o uso de tal verba deveria ter como prioridade, os bichos mais pobres e aqueles que estivessem na parte de baixo da pirâmide da cadeia alimentar.
A anta foi aplaudida de pé.
O canário que era um bicho emergente, falou sobre sua preocupação de que a crise respingasse em outras florestas.
Observação do escritor - ‘O fato mais interessante da politica internacional é esse: Os países lutam pelas alianças, pelo comercio livre que nunca existiu, pelo apoio mútuo, porém quando pinta a crise se fala em coisas respingando como se o país em crise estivesse sujo. ’-
Um barulho foi ouvido e todos se voltaram para ver o que acontecia.
Na entrada a águia e o burro se aproximavam ambos conversavam descontraidamente sem tomar conhecimento dos olhares desdenhosos.
Os olhares tinham motivo, afinal o burro e a águia chegavam sempre atrasados.
A águia foi logo se explicando.
- Me desculpem, mas todos sabem que o pico onde construí meu ninho fica a léguas de altura e todas as montanhas menores do vale foram desapropriadas para o assentamento dos sem ninhos.
Em seguida foi à vez do burro.
- Bom eu não moro tão longe assim, mas sempre me perco no caminho. Na verdade não entendo o porquê todos os anos o local de reuniões muda. Isso complica sobremaneira meu cérebro.
A coruja pediu silêncio para que pudessem prosseguir com a reunião.
Alguém perguntou pelo mico leão dourado. O senhor tamanduá explicou que dada a situação da família do mico que desaparecia a cada dia, o mico havia reduzido suas saídas da arvore a no máximo reuniões de condomínio.
A reunião prosseguiu.
Houve um debate sobre a situação dos bichos aquáticos, que desejavam uma floresta só para seu povo, o que segundo aquele conselho era um absurdo, já que eles habitavam as aguas.
Outro debate acalorado foi sobre as religiões e suas praticas sociais.
Houve troca de acusações quando os macacos foram acusados pela girafa, de estarem colhendo cocos enriquecidos com urânio.
Os macacos se defenderam dizendo que os cocos eram para fins pacíficos.
A comunidade das lagartixas do facebook começou a enviar mensagens de protesto, pois sempre eram confundidas com lagartos e para elas isso era homofobia.
O hipopótamo se prontificou a contar sua historia e explicar os danos psicológicos causados pelo bullyng.
A águia e o burro, apenas observavam.
Naquela noite, a reunião ainda contaria com a presença ilustre do elefante.
As hienas por sua vez, eram contra a presença dos elefantes naquele conselho, elas diziam que os elefantes não tinham o direito de enfiar a tromba nos assuntos da floresta.
E assim a reunião prosseguiu por alguns dias.
Você deve estar interessado nos resultados imagino.
Eu explico: Como toda e qualquer reunião que existe apenas para que cada um cuide de seus próprios interesses e as pedras de seu sapato, essa também não deu em nada.
Quando o assunto principal do discurso são as nossas dores, nossas dificuldades e aquilo que não temos ou não realizamos, o resultado será sempre o mesmo improdutividade.
Podemos enxergar armas de destruição em massa, podemos discordar do resto do mundo porque o resto do mundo não vive e não pensa da mesma maneira que nós.
Podemos usar o engodo da liberdade e democracia.
Podemos invadir países e matar ditadores em nome da paz. Podemos abandonar estes países sem ditadores, sem educação, sem planejamento politico e com milhares de civis mortos.
Podemos e devemos assistir de camarote o fanatismo religioso e o terrorismo fazer sua parte, nesta hora eu diria que é o momento ideal para nos preocuparmos com o que pode ‘Respingar’ no resto do mundo.
Quando os seres humanos não vivem com seus direitos básicos garantidos e respeitados pelos tratados assinados nas reuniões de cúpula, ou mesmo não possuem acesso aos itens mais básicos de sobrevivência como comida, educação, liberdade de vida de pensamento e culto, cultura e direitos humanos que os incentivem a viver como humanos direitos acreditem, não tem G20 que de jeito nem acordo que se sustente.
Aproveito o fim deste texto para pedir desculpas aos bichos, e deixar claro meu profundo respeito e apresso por todas as espécies.

P. J. S.

Um comentário:

Micaella disse...

Você é digno de aplausos.
Sua visão de mundo e sociedade é algo a se respeitar, talvez seja porque você está um pouco além, hahahaha
As vezes me sinto como a águia e o burro, prefiro observar calada a estupidez humana, sei que também cometo as minhas, mas esse tipo de chacoalhada é fundamental para observamos melhor o mundo onde vivemos e prestarmos mais atenção nos sujeitos que traçam o rumo das coisas por aqui.
Participar de verdade daquilo que é de nosso interesse é tudo, afinal reclamar de como o mundo esta e do rumo que as coisas tomaram é muito fácil.
Concordo plenamente quando fala de coisas respingando, pois nosso comportamento é o de indiferença, até o momento que certas coisas respinguem no nosso quintal ou em nossas cabeças.
Beijo.