Certo dia aconteceu uma pequena reunião.
O proposito era traçar planos e metas para o futuro.
Os animais se reuniram logo ao por do sol, e se
puseram a debater.
Desculpem-me, esqueci-me de mencionar que o texto
era sobre animais, porém qualquer semelhança com o mundo dos humanos não é mera
coincidência.
Uma coruja com dois doutorados fez uma abertura
dinâmica, com frases cheias de efeito e uma retorica impecável.
Logo em seguida foi dada a palavra ao papagaio, que
por sua vez fez todo tipo de reclamação a cerca da situação.
A preguiça dormia tranquilamente e impassível.
Os macacos faziam o que era típico de sua espécie,
pulavam, gesticulavam, faziam macaquices e quando ninguém estava olhando
atiravam cocô.
O tucano lançou mão de seus óculos, limpou a
garganta e se preparou para tomar a palavra.
O G20 dos bichos era um troço organizado e os
trabalhos aconteciam de maneira ordeira, o maior problema, no entanto eram
justamente os problemas, pois eram sempre os mesmos.
O tatu queria mais espaço e liberdade para cavar
suas tocas.
As tartarugas achavam que o mundo globalizado e a
tecnologia iam a passos rápidos demais.
O bicho preguiça pedia a paz mundial, afinal não era
possível se dormir com aquele barulho.
As onças pintadas lutavam pelo direito de se pintarem
de preto e se transformarem em panteras.
Os papagaios prometiam um protesto que fecharia a
Avenida Paulista, pelo direito de serem respeitadas como araras.
O cachorro do mato, não pode deixar de escapar o
comentário que deixou todos perplexos. Ele disse que nos últimos anos levava
uma vida de cachorro.
O leão que era o rei de tudo resolveu que deveria
ser elaborada uma lista com metas claras. Depois que a tal lista estivesse
pronta, todos deveriam colaborar com o FMB –(Fundo Monetário dos Bichos).
Uma anta do mato pediu a palavra, e alegou com
argumentos fortes que o uso de tal verba deveria ter como prioridade, os bichos
mais pobres e aqueles que estivessem na parte de baixo da pirâmide da cadeia
alimentar.
A anta foi aplaudida de pé depois de dizer o óbvio.
O canário que era um bicho emergente, falou sobre
sua preocupação de que a crise respingasse em outras florestas.
Um barulho foi ouvido e todos se voltaram para ver o
que acontecia.
Na entrada a águia e o burro se aproximavam ambos
conversavam descontraidamente sem tomar conhecimento dos olhares desdenhosos.
Os olhares tinham motivo, afinal o burro e a águia
chegavam sempre atrasados.
A águia foi logo se explicando.
- Me desculpem, mas todos sabem que o pico onde
construí meu ninho fica a léguas de altura e todas as montanhas menores do vale
foram desapropriadas para o assentamento dos sem ninhos.
Em seguida foi à vez do burro.
- Bom eu não moro tão longe assim, mas sempre me
perco no caminho. Na verdade não entendo o porquê todos os anos o local de
reuniões muda. Isso complica sobremaneira meu deslocamento.
A coruja pediu silêncio para que pudessem prosseguir
com a reunião.
Alguém perguntou pelo mico leão dourado. O senhor
tamanduá explicou que dada à situação da família do mico que desaparecia a cada
dia, o mico havia reduzido suas saídas da arvore a no máximo reuniões de
condomínio.
A reunião prosseguiu.
Houve um debate sobre a situação dos bichos
aquáticos, que desejavam uma floresta só para seu povo, o que segundo aquele
conselho era um absurdo, já que eles habitavam as aguas.
Outro debate acalorado foi sobre as religiões e suas
praticas sociais.
Houve troca de acusações quando os macacos foram
acusados pela girafa, de estarem colhendo cocos enriquecidos com urânio.
Os macacos se defenderam dizendo que os cocos eram
para fins pacíficos.
A comunidade das lagartixas do Facebook começou a
enviar mensagens de protesto, pois sempre eram confundidas com lagartos e para
elas isso era homofobia.
O hipopótamo se prontificou a contar sua historia e
explicar os danos psicológicos causados pelo bullyng.
A águia e o burro, apenas observavam.
Naquela noite, a reunião ainda contaria com a
presença ilustre do elefante.
As hienas por sua vez, eram contra a presença dos elefantes
naquele conselho, pois diziam que os elefantes não tinham o direito de enfiar a
tromba nos assuntos da floresta.
E assim a reunião prosseguiu por alguns dias.
Você deve estar interessado nos resultados imagino.
Eu explico: Como toda e qualquer reunião que existe
apenas para que cada um cuide de seus próprios interesses e as pedras de seu
sapato, essa também não deu em nada.
Quando o assunto principal do discurso são as nossas
dores, nossas dificuldades e aquilo que não temos ou não realizamos, o
resultado será sempre o mesmo improdutividade.
Podemos enxergar armas de destruição em massa,
podemos discordar do resto do mundo porque o resto do mundo não vive e não
pensa da mesma maneira que nós.
Podemos usar o engodo da liberdade e democracia.
Podemos invadir países e matar ditadores em nome da paz.
Podemos abandonar estes países sem ditadores, sem educação, sem planejamento
politico e com milhares de civis mortos.
Podemos e devemos assistir de camarote o fanatismo
religioso e o terrorismo fazer sua parte, nesta hora eu diria que é o momento
ideal para nos preocuparmos com o que pode ‘Respingar’ no resto do mundo.
Quando os “Bichos” não vivem com seus direitos
básicos garantidos e respeitados pelos tratados assinados nas reuniões de
cúpula, ou mesmo não possuem acesso aos itens mais básicos de sobrevivência
como comida, educação, liberdade de vida de pensamento e culto, cultura e
direitos humanos que os incentivem a viver como humanos direitos acreditem, não
tem G20 que de jeito nem acordo que se sustente.
Aproveito o fim deste texto para pedir desculpas aos
bichos, e deixar claro meu profundo respeito e apresso por todas as espécies.
Um comentário:
Parabéns amigo.... infelizmente nos identificamos sim.... bjos
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