Vi-me certa manhã, envolvido em uma discussão sobre Deus. Eu até entendo que por vezes temos que guardar silêncio, mas também é verdade que em tantas outras ocasiões, nossa opinião deve ter voz! Se essa era uma ocasião para se calar, ou opinar, eu ainda não consegui saber, mas acho que passei uma visão quase exata da forma que vejo Deus.
A coisa foi mais ou menos assim:
Após uma longa explanação de um colega sobre anjos e demônios, que mais me pareceu trechos do roteiro do filme O Exorcista, a “palavra revelada” – assim chamada pelo seu autor – foi encerrada com a seguinte frase: “Deus então escreveu a bíblia!”
Meu comentário a seguir gerou toda a polêmica ao qual me vi envolvido nos últimos dias. Mas o que posso fazer? É assim que Deus aparece em meus sonhos.
E a conversa se desenrolou comigo dizendo o seguinte:
“O Deus, todo poderoso, do qual você acabou de nos falar, criador de tudo e de todos, onipotente e onipresente, escreveu um livro? Não sei bem se concordo com isso. Isso faz, aos meu olhos, Deus parecer pequeno.
O Deus em que eu acredito não escreve livrinhos, ele escreve poesia nas flores e nas árvores. Escreve sua música na voz dos pássaros, no silêncio do vento, escreve sobre sabedoria nas estelas e sobre beleza nos animais. Dá-nos textos completos sobre compaixão e alegria nos sorrisos, e revela tudo sobre inocência nos olhos de uma criança.
O Deus em que acredito escreve sobre fé na honra, e sobre irmandade na lealdade. Podemos ainda ler suas palavras sobre oportunidades no nascer do Sol.”
Então, dito isso, o meu amigo, após um segundo de silêncio, disse de forma irritada e nervosa que eu havia entendido errado. O que ele realmente queria dizer era que Deus não havia escrito com suas próprias mãos a bíblia, mas inspirou o homem a escrevê-la.
Mais uma vez não pude concordar inteiramente com meu agora inquieto amigo.
Disse a ele que eu não podia – e não posso - acreditar que Deus inspiraria o homem a escrever. Não! Ele inspira o homem a amar, a sonhar, a buscar, a servir seu coração e vencer seu medo.
Não sei! Talvez eu seja mesmo aquilo que meu amigo disse que sou após eu acabar de falar. Mas, em minha opinião, o Deus de que falam por aí é muito sem graça. Prefiro o Deus em que acredito. É mais apaixonante!
Como dizia o poeta: “Recuso-me a acreditar em um Deus que não dance!”.
L. Damasio

3 comentários:
Excelente texto meu caro...
Me expresso da seguinte forma... O Deus em que tenho fé, ele escreve, inspira o homem a escrever e também a amar... resumindo...
Pegue essas três diferentes descrições, realize a soma e pronto... Esse é o meu Deus..
Parabéns pelo blog.. vou voltar sempre..
Saddam
O Deus em que acredito também dança, e me dá forças diárias para enfrentar as batalhas da vida!
Nietzsche estava certo, assim como acredito na mesma coisa que você. Um Deus é absoluto se não é personificado em características humanas, nós é que insistimos em limitar Deus e assim, dar enfase e credibilidade as nossas loucuras, sandices, egoísmos e orgulho. Um Deus que dança, é a onda que cria e recria o universo. Amar a um Deus impessoal nos permite observar o próximo como parte de um todo, e como somos parte do todo, o outro é parte do que sou, mas principalmente do que juntos podemos ser. Adorei o blog. E o post. Parabés."
Marco
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