Soa
estranho, quando dizemos que existem pessoas vivendo de esmolas emocionais.
Uso
o termo esmolas emocionais, por se tratar exatamente disso.
Restos
de atenção, restos de carinho e caso sobre às vezes recebem algumas migalhas de
preocupação.
Talvez
isso ocorra com muitas pessoas e em muitos relacionamentos, porém não é esse
nosso foco aqui. Nosso foco é o resto, porém o resto bom.
Aprenda
de maneira urgente a viver de restos, pois anos após anos é isso que sobrará de
sua vida.
Você
teve infância?
Caso
a resposta seja positiva que bom, pois é dos banhos de riacho, do jogo de
bolinha de gude, das figurinhas, das brincadeiras na rua, do seu primeiro beijo
jogando salada mista, das puladas de cerca para roubar fruta que você se
lembrará, pois quem viveu esta fase boa da vida viveu, quem não viveu está
trancado em um condomínio com medo de sequestro relâmpago.
Lembra-se
das musicas que ouvíamos nos anos 90?
Lembra-se
dos passinhos de dança coreografado em garagens?
Os
cinemas não possuíam tecnologia 3D, mas francamente agente estava mais
interessado em pegar na mão daquela menina linda, ou se possível passar a mão
pelo seu ombro.
Telefone
era coisa pra rico, chamei meus amigos de gordo, cabeçudo e eles me chamaram de
orelhudo, mas ninguém precisou de terapia por conta disso.
Quando
os professores (as) ou diretores (as) entravam na sala, agente levantava pra
dar bom dia.
A
maior rebeldia do mundo era rasgar a calça com gilete e mascar chiclete fazendo
bolas.
A
biomedicina não havia mapeado o DNA humano, mas não existiam jovens de vinte
poucos anos morrendo em baladas, tomando ecstasy, ou meninas indo ao baile funk
sem calcinha.
Musica
pra fazer sucesso tinha que ter conteúdo, se a musica não era boa não tinha thu
tha tha, there re the the, nem ai se eu te pego que desse jeito.
Antes
que me mandem pra forca, nada contra o universo sertanejo universitário que
domina as rádios e festas de peão, apenas não considero isso musica de
qualidade, o que é apenas opinião e problema meu.
Defendo-me
aqui, porque existiu uma época em que sua opinião, era apenas a sua opinião. Em
pleno século XXI, sua opinião, religião, opção sexual ou time de futebol, pode
ser o motivo da sua morte.
Já
amou alguém com intensidade? Entregou-se a esse amor de forma incondicional?
Passou
noites em claro, planejando um próximo encontro? Alguém já te fez tanta falta
que chegou a doer?
Se
a resposta é não, tem algo errado com sua vida, e provavelmente não tenha mais
cura, pois hoje não se ama – Se pega.
Alguns
homens tratam mulheres como se fosse peça de uma casa de carnes, saem na noite
pra pegar, levar para o abatedouro e dar uns malhos, e acredite algumas
mulheres chama esses homens de cachorros, mas algumas dizem isso durante o dia
e a noite adotam mais um cachorro em seu canil.
Mulheres
um conselho de um homem que adora sua espécie, vocês estão perdendo a graça.
Exijam
serem conquistadas, exijam um mínimo padrão de qualidade.
Lembram-se
dos bailinhos, dos olhares, da conquista? Isso era fundamental, e acreditem era
gostoso, romântico e tudo mais.
Hoje
a conquista é feita com vodca e energético.
Sou
totalmente a favor do amor livre, sou a favor da escolha, mas sou contra a
banalização em que se tornou o ser humano, imagino que alguns filósofos que
falaram sobre isso há séculos tenham acertado – O ser humano esta virando
coisa, quase um objeto.
Matar
é banal, colocar filhos no mundo é banal, espancar mulheres é banal, humilhar
pessoas por conta de suas diferenças ou deficiências é banal, adolescentes bêbados
ou matando pessoas ao volante são banais, relacionamentos relâmpagos são
banais, algumas situações me parecem àqueles produtos que são vendidos com o
seguinte argumento – Experimente por alguns dias, caso não fique satisfeito
devolvemos seu dinheiro.
Quando
os anos passam, o que ficam são as sobras, pois essas sim são importantes.
Os
filhos crescem, e ficam as sobras das lembranças de um tempo bom.
As
pessoas envelhecem, e as sobras da vida que viveram, será sua principal
companhia.
Os
amigos se afastam o que é natural. O que fica são as lembranças e as sobras das
boas amizades.
O
lado bom de tudo isso, é que álbuns de fotografia também envelhecem, mas as
fotos hoje são digitais, ou até em 3D.
Viver
nunca foi pecado, experimentar a vida sempre foi essencial. A diferença do
ontem para o hoje talvez esteja na pressa, na rapidez e na pouca importância que
damos a coisas muito importantes.
Amo,
mas não tenho paciência ou não aceito as diferenças é igual a largo.
Tenho
sonhos e desejo, mas tentei apenas uma vez e não consegui, é igual a desisto e
vou reclamar da vida.
As
coisas não deram certo, é igual a vou procurar o culpado.
O
ontem não pode ser vivido ou mudado, pois já passou, o amanhã é algo
desconhecido que não aceita nem mesmo seus planos infalíveis.
Só
nos resta o hoje com algumas sobras de ontem que levaremos por uma vida inteira,
sejam de coisas boas ou de arrependimentos amargos.
Guarde
sempre algumas sobras para mais tarde.
P.
J. S.
Nenhum comentário:
Postar um comentário