terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Das pequenas loucuras diárias


Ele olhou novamente para o erro na tela do computador “seu e-mail não pode ser enviado agora. Por favor, tente mais tarde”.
Ele para, olha por alguns segundos e pensa se isso é um sinal de sorte ou azar. Lera em alguns livros no passado que os sinais são uma linguagem oculta que nos aponta o caminho certo a seguir, no momento certo. Talvez algum sinal aqui esteja dizendo que o e-mail não deve ser enviado. Não é o momento ou a hora certa de acontecer. 
“Mas e se for apenas um erro estúpido da internet?”. E ele tenta mais uma vez. 
Erro novamente. 
“Devo tentar mais?”.
Ele se lembra de um vídeo que viu onde uma moça, muito mais nova que ele, e que conquistou muitas coisas diz que devemos insistir em nossos objetivos, caso contrário, nunca conseguiremos nada. 
A seta do mouse desliza pelo monitor com a mesma incerteza da mão que o guia. “Enviar” disse o clique.
O monitor não aliviou: “Serviço temporariamente indisponível. Por favor, tente mais tarde.”.
Será um sinal? Devo desistir agora e não tentar mais hoje? Essa semana? Talvez no mês que vem?
Isso pode ser uma oportunidade de reavaliar o texto. Quem sabe mudar a abordagem. Pela milésima vez ele coloca-se no lugar do destinatário. Imagina sua reação ao ler a mensagem. Quais serão seus pensamentos? Qual será sua resposta? Terá uma resposta?
Talvez ele não esteja em um bom dia e os sinais estejam dizendo para que a mensagem seja encaminhada outro dia. 
Será a melhor decisão?
O sentimento de covardia é tão grande quando a ideia de desistir sorri realizada! 
“Arriscarei uma vez mais” ele pensa.
“Enviar” repete o clique na tela.
“Sua mensagem foi enviada com sucesso”.
Vitória!
Será?

Ele fica observando a tela do computador. “Talvez tivesse sido melhor esperar” pondera. A incerteza lhe dá boas vindas, tal como uma lembrança ruim. “Acho que não. A hora era agora. A hora sempre é agora!” repete para si mesmo como se invocasse o mantra de um desses livros de autoajuda. 

Convencido de que agiu certo, convicto de que o passo foi esse, ele resolve checar sua caixa de entrada antes de desligar o computador.
Uma mensagem acaba de chegar.
Ele clica e lê “Sua mensagem não pode ser entregue. A caixa de entrada do destinatário está cheia”.

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