Em 20 de janeiro de 2010, escrevi um texto para o Cia das Palavras sobre o processo de renovação das coisas, associando as transformações que nos levam a evoluir à força maior do amor, insinuando que sua presença permeia a tudo e a todos.
Como ainda acredito naquelas palavras, ao ponto de pensar em renovação todos os dias, e como estamos próximos do final de ano, onde, tradicionalmente há o espírito de renovação e promessas como pauta da próxima temporada de nossas vidas, eis aqui que faço uma releitura daquele texto, extraindo a mesma ideia, mas em um formato renovado.
Como ainda acredito naquelas palavras, ao ponto de pensar em renovação todos os dias, e como estamos próximos do final de ano, onde, tradicionalmente há o espírito de renovação e promessas como pauta da próxima temporada de nossas vidas, eis aqui que faço uma releitura daquele texto, extraindo a mesma ideia, mas em um formato renovado.
Renovação
Precisamos falar na renovação.
O dia a dia esconde, além da rotina dos afazeres insignificantes, porém necessários, das conversas de elevadores e das reuniões chatas, oportunidades para recriarmos um novo caminho e fazermos renascer esperanças e sonhos há muito adormecidos ou deixados de lado por conta do tempo (ou da falta dele). Temos pelo menos um momento no dia onde é possível repensar como fazemos as coisas e quais são as nossas prioridades, e essa reflexão pode ser o propulsor de coisas interessantes.
A definição do que realmente é importante para nós e valioso no mecanismo da vida pode ondular conforme o momento pela qual passamos. Mas há ao menos uma pauta que nos acompanha desde que nos conhecemos por gente, imutável e latejante. É o esforço para transformar essa ideia em prática que devemos renovar.
Como eu dizia, precisamos falar em renovação.
É importante que a cada passeio que fizermos nos preocuparmos em conhecer ao menos uma rua diferente. A novidade inspira a renovação. Mas é fundamental entender que, para isso, é preciso se dispor ao passeio. Ande. E observe os sorrisos que brotam como molduras de olhares esperançosos em meio à multidão. Sei que é mais fácil notar a falta do sorriso no rosto distante e fechado das pessoas. Eu sei. Mas se nos esforçarmos creio que teremos a sorte de contemplar esse momento raro e bonito, que quando encontrar os seus olhos, parecerá questionar “E agora? O que vem?”.
Precisamos falar em renovação.
Já pensou se ao renovarmos os nossos conceitos, conseguíssemos fundir a ideia de bom e mal em uma só? Quem sabe possamos criar novas palavras, menos opressivas e menos julgadoras para definir aquilo que nem sequer Deus ousou classificar. Mas claro que isso dependerá do quanto teremos de conhecimento sobre nós mesmos.
Não acho mais que uma simples oração baste para saciar o desejo por um mundo melhor e mais justo. A ação, em benefício de uma ideia forte, tem mais possibilidade de alcançar algo do que manter meus joelhos gastos no chão, e minha cabeça baixa ao silêncio de uma catedral. Usemos nossa conversa com Deus para agradecer e nossas faculdades mentais e físicas para construirmos aquilo que queremos. Deus não se ofenderia com isso não! Sem ação não se constrói nada.
Precisamos falar em renovação.
E quando falarmos com Deus não há necessidade do medo da informalidade. Ele é como um Pai sabe? Cortemos os rodeios ou cerimônias estapafúrdias que o deixam cinzento e petrificado em um altar onde não possamos tocá-lo com a alma. Esse Deus que está para além das nuvens não me serve muito, afinal, ele está muito longe para ter uma conversa de pai para filho. Quero que o Deus de lá de longe seja transformado no Deus aqui de pertinho, e que possamos conversar com ele em uma tarde de domingo qualquer sobre o amor.
Ah sim o amor!
Precisamos nos renovar. E que nessa renovação as pessoas não achem mais que é besteira falar de amor nas esquinas, nas mesas de bar, no banquinho da praça, ou em qualquer outro lugar. Afinal, se voltarmos às nossas origens, não importa qual religião seja, teremos esta revelação: Tudo veio do amor.
O Amor constrói tudo. Há alguns que dizem que o amor também destrói. Concordo! Mas se nos dispusermos a olhar, sem hipocrisias para aquilo que o amor destruiu, veremos que o que sobrou foi um terreno perfeitamente preparado para uma nova construção. Para a renovação.
E nós precisamos falar em renovação.
E daqui até o último dia de nossas vidas, transformar todas as ações em partitura musical, incluindo-as no grande espetáculo da melodia divina. Que o propósito de tudo seja o amor. Que ele se apodere de todos, e que os invejosos, descrentes, ciumentos, covardes e fracos jamais tenham poder para exorcizar o violento fogo do amor que nos toma para si.
Que tudo seja paz, na renovação, mas sem perder o movimento de estar combatendo com a vida.
Que a paz não seja confundida com monotonia e tédio e que o combate não seja transformado em destruição.
Temos que falar em renovação no dia a dia, para que se tornem possíveis todas às formas de se dizer “Eu te amo”.
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