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Ha-ha |
Em casa, após o serviço, assistia “Os Simpsons” e criava coragem para fazer as tarefas domésticas para depois colocar a leitura em dia, quando o telefone tocou.
Olhei para a tela e não reconheci o número. Pensei em não atender, mas lá pela décima ‘vibrada’ deslizei o dedo pela faixa verde.
- Alô!
- Alô. Senhor Lucas?
- Sim, sou eu.
- Aqui é a (nome censurado), eu falo da (nome da empresa censurado). Está podendo falar?
- Sim, posso falar.
- O motivo do meu contato é que temos uma vaga aqui e acreditamos que se enquadra no perfil do senhor. Teria interesse em participar de uma entrevista?
Silêncio.
- Senhor Lucas?
- Desculpe, mas poderia dizer como encontraram meu perfil? Eu não estou distribuindo currículos. Não me lembro de ter algum relacionamento com vocês.
- É que nós acompanhamos o senhor pelas redes sociais!
Silêncio (seguido do pensamento “veeeeexe, espero que não seja no Twitter!”).
- Sim. E qual é o resultado do meu perfil?
- Senhor?
- A vaga. Para qual vaga vocês acham que eu me encaixo?
- Ah sim. Seria uma vaga para Encantador de Clientes.
- Fazer o que com clientes?
- Como?
- Qual o nome da vaga?
- Encantador de Clientes!
Silêncio.
- O senhor tem interesse?
- O que, exatamente, faz um encantador de clientes?
- Trabalha com clientes.
- Sim, mas fazendo o que especificamente?
- Encantando.
Silêncio.
- Senhor Lucas?
- Sim. Desculpe, estou pensando.
- Há interesse?
- Em que?
- No processo seletivo.
- Desculpe, não sei se posso.
- Haa!?
- É que imaginei agora eu andando por uma estrada, tocando uma flauta e um monte de clientes sorrindo e dançando seguindo minha música.
- Oi? (acompanha o riso nervoso).
- O pagamento seria em dinheiro mesmo ou em feijões mágicos?
Silêncio.
Mais silêncio.
- O senhor não teria interesse?
- Acho que não, nunca aprendi a tocar flauta.
- Ok então. Agradeço pela atenção.
A linha do outro lado fica muda com um clique. Olhei para a televisão bem a tempo de ver o personagem Nelson apontar e fazer o seu característico “Ha-ha”.
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